Quem Salva Quem?

Um filme de Leslie Frank e Herdolor Lorenz

O filme “Quem salva quem?” mostra como os resgates levados a cabo em vários países europeus na sequência da crise financeira despoletada em 2008, mais não foram do que uma estratégia neo-liberal para levar a cabo uma tremenda redistribuição de baixo para cima e um ataque ao estado social. Ninguém formulou esta realidade melhor que Mario Draghi, ex-vice-presidente do Goldmannn Sachs, actual presidente do BCE e que dirige a economia europeia:

“O modelo social europeu passou à história. A salvação do Euro custará muito dinheiro. Isso significa que teremos de abandonar o modelo social europeu”.


Quem Salva Quem?

A transformação da dívida privada em dívida pública foi urdida e apresentada como “resgate”; mas, na realidade, não foram os cidadãos gregos, espanhóis ou portugueses que beneficiaram desses resgates, mas sim os bancos que especularam em operações de alto risco. Antes da crise, os mais ricos do mundo possuíam o triplo do PIB mundial anual. Após 7 anos de crise, possuem o quádruplo. Entretanto, os contribuintes e a maioria da sociedade é obrigada a assumir os riscos e custos milionários. Assim, a crise tornou os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.

Focando o exemplo da Grécia, “Quem salva quem?” revela como os pacotes de resgate apenas salvaram os credores, isto é, os bancos, os fundos de investimento e as seguradoras. Quando em 2011, o chefe do governo grego Papandreu exigiu um referendo sobre este problema foi deposto pelo Conselho Europeu numa espécie de golpe de estado, tendo sido substituído por um alegado tecnocrata, Lukas Papademos. Exactamente a pessoa que, com o Goldmann Sachs, havia trazido a Grécia para a zona Euro, através de manipulação. O seu trabalho passou agora a ser o de aplicar as condições associadas à concessão do crédito: destruição dos serviços de saúde, seguros e pensões, desregulação das leis laborais, privatização dos activos públicos, etc.

O filme recua ao início destes desenvolvimentos quando, após 70 anos de relativa estabilidade, o mundo da finança foi desregulado. Esta nova liberdade foi de imediato usada pela alta finança para desenvolver uma panóplia de derivados de crédito que domina hoje a economia e conduziu à crise que teve início em 2008.

Revelando alternativas de resposta, o filme mostra ainda o caso da Islândia, onde, ao invés de se proceder à salvação dos capitais internacionais, a redistribuição ocorreu de cima para baixo.

Comments

  1. Afonso Valverde says:

    Por isso, os povos devem ser prudentes na contratação de dívida (empréstimos) porque a posição do devedor na negociação é sempre uma posição de menor poder.
    Como a nossa História revela temos de ser mais cuidadosos nos contratos e nos acordos com outros povos.
    Para nos libertarmos desta teia usurpadora devemos equacionar sair do euro e desta EU.

    • anónimo says:

      Os povos?
      O Mário Soares, o Balsemão, o Cavaco, o Durão, o Passos Coelho, a Maria Luís Albuquerque, o Relvas, os Governadores do Banco de Portugal, o Sócrates, o Constâncio, essa canalha representa o povo português?
      Foi o povo português que decidiu aderir à UE e ao Euro?
      Ou isto foi uma invasão, seguida de ocupação e saqueio, permitido pelos Migueis de Vasconcelos, que nos escravizaram e nos entregaram ao invasor?
      A história o dirá, se sobrar alguém que se recorde e que a registe.

      • Afonso Valverde says:

        íSr. anónimo, compreendo o que diz. A entidade “Povo (s)” é difícil de definir, porque é abstrata como muitos conceitos. MAs a realidade a que a palavra se refere não é assim tão estranha para Nós, Povo Português, conjunto de todos os portugueses a residir em Portugal ou no estrangeiro.
        Quem nomeou, não tem com certeza a boas graças de milhares de Nós, mas foram eleitos maioritariamente para encabeçarem governos ou são instituições do Estado Português. Então de qualquer forma escolhemos.
        Para evitar ser confrontado com piores escolhas não voto há algum tempo em partidos que já governaram. Voto noutros partidos-deputados. Bem esta democracia precisava de mudar de regime sem dúvida.

        • anónimo says:

          Lembro-me que na adesão à UE, e na assinatura dos tratados europeus, houve quem se preocupasse com o povo e com o país; houve quem avisasse as omissões, as indefinições, os erros, os compromissos de lesa pátria, a perda de independência e de soberania, a falta de estudo e de discussão, a falta de informação e de democracia, o salto para o precipício com os olhos fechados.
          Mas esse individuo foi brutalmente calado, porque era comunista, era acusado de ser inimigo da Europa, e estava a estragar a festa dos porcos.
          Agora que o embuste está a desmoronar-se, era bom recordar e homenagear esse patriota e amigo do povo.
          Mas pelo contrário. Este fim de semana fizeram duas festas de homenagem aos principais responsáveis pelo salto para o precipício.
          Canalhas.

          • Quero relembrar que em França houve referendo sobre o tratado de Maastricht e que o povo francês votou NON, mas modificaram algumas linhas …repassaram isso diante dos deputados e ficou aceite…a força ! Por todo o lado somos dirigidos por forças que desrespeitam os cidadãos. A Europa, tornou-se uma farsa… trágica. como sair disto…não sei.

  2. Quando eu for 1º Ministro... says:

    É só colocar os olhos nos ingleses.
    Nunca foram parvos no que toca a pagar para outros aquilo que podem guardar no cofre.

    Portanto, é só dizer aos “facholas” da Europa Adeus até ao meu nunca mais cá volto…

  3. Thief says:

    O deutsche bank já avisou que precisa de mais 200 mil milhões, em breve a fatura vai chegar e, desconfio que será sobre algum país do sul.

  4. Querem salvar o Euro á nossa custa… vão para o inferno… e larguemos o euro, seguimos osIngleses

  5. Eles sabem muito bem o que estão a fazer, porque já o Sábio Solon,orgulho da Grecia Antiga 600 AC dizia, que as dívidas dos estados eram impagaveis !!! Hoje os ricos vivem com os 97% do dinheiro virtual, que são as dividas mundiais !!! Só 3% da riqueza tem cobertura real,o resto são dívidas , que a finança mundial troca e vende entre todo o sistema financeiro !!! O Sr Dragui era o presidente do Goldmann Sachs e vai ser substituido pelo nosso Durão Barroso para continuar a gerir estes 97% das dívidas mundiais que estão no sistema bancário, e são a única riqueza da maior parte dos ricos do mundo inteiro !!!

  6. j.v. says:

    Desculpem o preciosismo: diz-se espoletar…

  7. Engraçado!!! Com todos estes “SÁBIOS” que aqui exprimem as suas “brilhantes” opiniões de treinadores de bancada, e que até agora não fizeram nada para ajudar o País em que vivem, onde têm eles estado. Chamam nomes a todos os políticos, insultam toda a gente, metem tudo no mesmo saco, mas nunca alguém os viu ou ouviu a fazer fosse o que fosse. É tão fácil apontar o dedo aos outros: Esquecem que cada vez que apontam um dedo a outros, ficam os outros quatro a apontar para si próprios. Por mim já vou ficando farto de todas estas “carpideiras” que só sabem rosnar o tempo todo mas de quem nada de bom há a esperar.

    • Felizmente há sempre uns “silvas”, muito trabalhadores, sempre a labutar em prol do país em que vive. Bem haja.

  8. Parece-me evidente que os apelos à saída fazem cada vez mais sentido, até porque as políticas de “convergência” já acabaram há muito e o que sobrou foi a política da divergência a acentuar-se todos os dias. O preço a pagar por pertencermos ao clube alemão é e será cada vez mais alto. Logo, breve chegará o dia em que é mais barato sair do que ficar.
    Mas a saída nunca poderá ser um acto unilateral. Dada a pequenez e subsdiariedade da nossa economia, só teremos hipótese se integrarmos uma frente de países periféricos com semelhantes problemas e economias mais ou menos parecidas. A simples criação dessa frente bastaria para colocar em sentido os donos da Europa e obrigá-los a “dialogar”.
    Não esbanjámos……..Não pagamos!!!!!!!!!

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