Adélia Pires
O meu avô João era o ídolo dos meus quatro anos.
Fazia magia com um relógio de bolso e com ramos de oliveira. Com essa magia encontrava água e nasciam poços.
Como era cantoneiro, plantava árvores ao longo das estradas e muitos anos depois da sua partida elas ainda lá estão.
Monumentos à sua memória.
Pedaços do tempo da sua vida.
Pedaços de mim porque as amo em memória dele.
Quando tinha tempo, amanhava um Chão, onde uma macieira esperava pacientemente até Setembro para dar à luz umas maçãs rosadas, que o meu avô guardava numa cesta e ficavam libertar perfume na frescura silenciosa da loja.
No quintal da casa fez um jardim de canteiros, onde antes da Primavera se anunciar, combatia os trevos de jardim, plantava bolbos de narcisos e túlipas, ajeitava os arbustos dos jasmins, aparava as “rapaziadas”, arranjava sombra para as hortenses, semeava amores-perfeitos e plantava açucenas. [Read more…]
Comentários Recentes