Incêndios: o que tu podes fazer?

Aqui há anos – tantos que nem os sete dias da box me valem – havia uma piada entre os estudantes da Academia. A ideia era simples. Num primeiro momento, quando a malta se cruzava com Engenheiros, dizia:

– Os engenheiros são nossos amigos.

Ao que se seguia uma música:

– Vamos fazer amigos entre os animais, que amigos destes não são demais na vida … lá … lá…

Desculpem lá a franqueza, mas é sempre disto que me lembro quando vejo  a paixão sazonal que os tugas e as tugas sentem pelos nossos bombeiros e pela floresta do nosso país. E, apetece-me gritar bem alto, vão todos para …, mas acho que o momento é o que é e já que aqui estamos, vamos ao debate.

Perante um problema desta dimensão, a frase feita do Presidente faz todo o sentido: o que podemos, cada um de Nós, fazer para ajudar a resolver isto?

Do ponto de vista da Escola, creio que a questão se pode colocar a dois níveis:

  • na formação dos mais novos,
  • na dinamização de projectos de intervenção local.

Há uns anos atrás, no tempo em que a Escola era um espaço de formação integral e onde os alunos eram o centro de todas as iniciativas, havia um conjunto de áreas curriculares não disciplinares que eram muito importantes na abordagem a questões mais amplas e nem sempre presentes nos programas das disciplinas. Estudo Acompanhado, mas fundamentalmente a Área de Projecto e a Formação Cívica eram espaços onde as temáticas da cidadania se cruzavam com os conteúdos disciplinares e que, em imensos momentos, permitiram a criação concreta de projectos de intervenção junto das comunidades escolares.

Claro que coisas geniais como o Clube de Ciências do meu tempo ou a Marcha Juvenil de Montanha ( Alexandre, Boa sorte para a tua reforma, obrigado por TUDO!),  não precisaram de formalismos curriculares para existirem, mas, nos dias que correm, a organização escolar precisa, como de pão para a boca, de catalisadores de mudança. alexandreE, por isso, penso que a Escola poderá ter um papel muito importante no movimento nacional que terá de acontecer.

Dirão, os menos optimistas, que a Escola não se pode substituir à família e à sociedade em geral, que à Escola compete ensinar e que a Educação deveria vir de casa. Pois, mas todos sabemos que a sociedade deixou de exigir educação à família. A comunidade local também deixou de o fazer. A minha proposta é simples: devolvam à Escola a Área de Projeto, o Estudo Acompanhado e a Formação Cívica.

Pelo futuro de TODOS Nós.

 

 

Comments

  1. Ana Moreno says:

    Boa!!! Sem saber nada de políticas de educação, subscrevo totalmente!

  2. anónimo says:

    Ouvi, algures na televisão, que “o exército não está preparado para ajudar a apagar fogos”.
    Pois não, porque o exército que os portugueses suportam, deixou de servir para defender os portugueses, seja de eventuais invasores, seja de catástrofes naturais.
    O exército de agora só serve
    1
    para lutar nas batalhas que a NATO anda a “atear” por esse mundo fora, na defesa dos interesses e da estratégia dos EUA.
    2
    para recolher os refugiados das batalhas da NATO, que em desespero invadem a Europa, e que se afogam no Mediterrâneo aos milhares.

    A seguir à Revolução dos Cravos, assistimos à participação do Exército em inúmeras obras, para as quais dispunha de equipamentos, maquinaria, mão de obra qualificada, conhecimento, e capacidade plena, nomeadamente no apoio às autarquias locais.
    Não sei se participaram na limpeza das matas e dos respectivos acessos e corta fogos. Mas certamente que estavam habilitados para tal.
    Como é que o exército perdeu essas capacidades?
    Como é o exército perdeu a capacidade de ajudar Portugal, e de defender os portugueses?

    Alguma coisa está muito errada.
    Tivemos 40 anos de Paz.
    Todos os anos, nesta guerra contra os fogos e os incendiários, o exército não sai dos quartéis.
    Pagamos cada vez mais para ter um exército.
    Para quê?

  3. Ana A. says:

    É muito engraçado quando se diz: “…que a Escola não se pode substituir à família e à sociedade em geral…”!

    Mas afinal, não é suposto que os membros das “famílias” tenham tido formação nas diversas áreas do saber, na Escola?! Então e a Cidadania aprende-se onde? É por geração espontânea?!

    Já lá dizia o meu pai: “Quem não tem, não pode dar!”

    • Também subscrevo.

    • anónimo says:

      A cidadania pode aprender-se na escola, pode aprender-se com a experiência ancestral ou familiar, ou pode aprender-se por experiência própria:
      1
      Quando os representantes do estado são comprovadamente aldrabões e criminosos, reincidentes e impunes;
      2
      Quando os partidos políticos são associações de criminosos, dedicados ao roubo dos cidadãos e do bem publico, e são financiadas e apoiadas pelo capital dos maiores criminosos nacionais;
      3
      Quando na AR as leis são fabricadas e corrompidas por criminosos;
      4
      Quando o estado é gerido por criminosos e todos os dias nos rouba e nos trata como animais, como escravos, como inimigos, como estrangeiros sem direitos, e ao mesmo tempo fecha os olhos aos crimes dos ricos e poderosos;
      5
      Quando a justiça não existe, porque está ao serviço dos ricos e poderosos, contra os cidadãos inocentes, e indefesos;
      6
      Quando os trabalhadores, criadores da riqueza nacional, são obrigados a suportar os prejuízos, os roubos, e a usura, dos criminosos inimigos da sociedade e do estado;
      7
      Quando os media fazem a lavagem e a propaganda do terrorismo capitalista, sem contraditório;
      8
      Quando os Presidentes da Republica condecoram os criminosos, e os convidam para o Conselho de Estado;
      9
      Quando os valores da cidadania nos são negados em tudo, todos os dias;
      10
      então a cidadania deixa de ser levada a sério, e deixa de ter valor para o cidadão.

      • Ana A. says:

        Quando…; quando… quando, e sempre que “…os valores da cidadania nos são negados em tudo, todos os dias;”
        pois então, é a hora de a cidadania deixar de ser apenas um conceito e transformá-la em acção! As revoluções podem e devem ser actos de cidadania! E a única revolução que vale a pena fazer é a nossa própria mudança de postura frente aos problemas humanos: acção!

  4. João Paulo,

    Tenho muitas reservas em subscrever esta sua opinião.

    Área Escola, Projectos, Cidadanias…..trazem-me à memória frases batidas.

    A Escola já tem em todas as áreas disciplinares escolares informação suficiente dada aos alunos.

    Passemos à acção com formação dada a jovens adultos por quem percebe disto.

    Se dizem que os jovens e jovens adultos t^em tantas férias escolares, que tal darem-lhes formação prática e pagarem-lhes de acordo?

    Se as forças armadas não estão
    preparadas a não ser para missões na Nato e para almirantes e contra-almirantes e comandantes e outras altas patentes se sentarem na mesa rectangular e brincarem aos mapas com bandeirinhas, enquanto esperam pela reforma e vão servindo de comentadores na CS,….penso que falar ainda mais na responsabilidade da escola é não fazer qualquer diferença….a não ser a ainda maior implementação da “Escola e tempo inteiro”.

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