As benesses

Chocam-me estas benesses que certos cargos podem proporcionar, em particular cargos pagos pelo erário público. Estes especificamente porque, frequentemente, há decisões que são tomadas que têm impacto no dinheiro dos outros. E já se sabe, se não sai do bolso, não se sente.

Os políticos têm o dever de ter sensibilidade para esta questão e, sendo cargos de nomeação, os cuidados precisam de ser redobrados. Por isso, todos os que aceitaram prendas, que mais não são do que pequenos subornos, que tenham a dignidade de se demitirem. Ou que sejam demitidos, se não tiverem essa elevação.

Não importa se a benesse influencia ou não alguma decisão. Certamente que algumas influenciarão, caso contrário estaríamos perante um exercício de atribuir prémios de simpatia. A política, hoje em dia, é uma profissão, como qualquer outra, até tem formação de quadros e “universidades”, mesmo que durando apenas uns dias no Verão, assim se vê a qualidade dos graduados, portanto, porque é que hão-de ter estes profissionais pagamentos por baixo da mesa? Até porque os políticos, estes mesmos que aceitam prendas daqueles que procuram ganhar concursos, trataram de ilegalizar para as outras profissões, e bem, os esquemas das benesses por baixo da mesa.

Ah!, não me venham tretas partidárias. Não me recordo de um governo que não tenha tido casos desta natureza. Há, isso sim, hipócritas que apontam o dedo, esquecendo os três dedos que ficam a apontar para si mesmos.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Jorge, tudo o que afirma é verdade.Mas deixe-me que lhe diga. A nossa desorganização endémica é o maior responsável pela corrupção neste país. Sei disto por experiência de vida.
    Não sei se ela é politicamente orientada, eu queria acreditar que não, mas já tenho dúvidas.
    Nós somos um país desorganizado em quase tudo. Até nas filas de trânsito. Seja no sector público, seja no privado. Só que no sector público lidamos com o dinheiro de todos, o que torna tudo mais grave.
    Fazem-se cativações em Ministérios e Direções Gerais, até Outubro, de determinado ano económico, e depois gasta-se à pressa até Dezembro desse ano. É óbvio que primeiro a aparecer, a dizer que faz a tarefa, a empreitada, o fornecimento, para o qual se concursou à pressa, vai beneficiar com isso, prejudicando uma sã concorrência. Gera-se aí uma janela de oportunidade para um acto de corrupção.
    Por outro lado, muitas vezes, os decisores políticos levam uma eternidade a agir. “Não fazem, nem saem de cima”, para não usar o vernáculo. É lógico que depois dão a oportunidade a que se estabeleça uma luta entre os vários interessados em determinada decisão com impacto económico, formando-se lobies. Isso não é concorrência.
    Temos técnicos qualificados que não fazem na repartição, porque não têm meios, e depois vão fazer nos gabinetes privados, onde por vezes os meios ainda são mais escassos, ganhando por fora.
    Sou do tempo em que o Estado estabelecia limites mínimos, em termos de custos, para aquisição de bens e serviços, ou na execução de empreitadas de obras públicas, evitando assim o “salve-se quem puder”. Hoje é uma selva, com claro prejuízo para o utente.
    O Estado gosta de ser enganado. É o que temos!

    • Os portugueses não são conhecidos por serem bons a planear. Mais, o conceito de desenrasca, se que a nação por vezes se orgulha, é a antítese do planeamento. Mas isto aqui retratado é outra coisa. Quando ouço falar destes casos vem-me sempre à memória um caso, passado em dois mil e picos, em que um ministro alemão se demitiu por ter usado para fins pessoais as minhas dos voos oficiais. Aqui seria impensável algo semelhante acontecer. Primeiro porque os portugueses achariam exagerado haver uma demissão por um caso destes. E depois porque os nossos políticos, eles próprios, acham natural ter estas benesses.

      • Rui Naldinho says:

        Presumo que se refere às “milhas”. Aqueles bónus dados pelas companhias aéreas, por um passageiro frequente atingir um somatório considerável de viagens nessa frota.

  2. JgMenos says:

    Manter quadros qualificados custa muito dinheiro.
    A qualificação necessária não é nunca e só a da chegada, é a que continuadamente é feita e para isso é preciso meios.
    Se são os fornecedores ou candidatos a fornecedores a proporciona-la tanto melhor, e não raro só eles têm os meios.
    Em final só um corrupto se deixa corromper, quer viaje ou não.

    Dizia o Salazar que as leis e as regras da administração pública têm que ser tão bem feitas que nem os ministros consigam fazer favores aos amigos. Para isso tinha uma Câmara Corporativa e não os escritórios de amigalhaços a zelar por leis e regulamentos.

    Esse puritanismo acerca das viagens é uma cena estúpida; bastaria que se lhes exigisse um relatório – detalhado data/hora – à chegada e não andar a ocupar o Ministério Público.

    • Ninguém está a defender baixa remuneração para os cargos em causa. Até porque as benesses não fazem parte do salário. Em causa está, isso sim, aceitar ou não prendas.

      • JgMenos says:

        Uma viagem à Huawei ou `à Oracle é uma prenda?

        • Se realizada fora do âmbito da actividade profissional, é.

          • JgMenos says:

            Muito vago.
            O caso pode ser avaliado em concreto pelas informações existentes pelo menos quanto à Huawei.
            Coragem!

        • Rui Naldinho says:

          “Se a viagem à “Huawei” ou à “Oracle” for feita por um personagem Laranja, é um investimento a curto, médio ou longo prazo. Depende sempre da perspectiva da comunicação social e dos opinadores de referência.
          Se essa mesma viagem for feita por um personagem, Rosa, ou Vermrlho e Amarelo, é pura corrupção.”
          O problema da corrupção neste país, começa também por aí.
          Enquanto pensarmos que esse ADN é exclusivo do PS e não do PSD e do CDS, e falo só nestes, porque foram aqueles que até hoje tiveram no Poder, vamos continuar a bater com a cabeça na parede mais vezes.

  3. Para diminuir a corrupção temos de diminuir a “influência” do Estado na economia. Só dessa forma esvaziaremos o poder dos políticos , enquanto ao mesmo tempo teríamos políticos mais focados nas reais funções do Estado como sejam : garantir a liberdade do individuo, a ordem, a justiça, a Defesa , Protecção Civil etc.
    Mas em Portugal apesar de todos dizermos mal dos políticos, sempre que alguém põe um papel para o chão bradamos por mais Estado. Assim o politico, no nosso pais, julga-se absolutamente imprescindível. E todo esse poder, como é típico sobe-lhe à cabeça, juntando-lhe as pressões dos grupos de interesse que vai desde o os mundos da Finança, Empresarial e Função Publica temos o cenário óptimo para o desastre tanto no âmbito económico como moral . O resultado está aí. O que nos vai valendo é a nossa localização geográfica.

    Rui Silva

    • joão lopes says:

      um estado policial…estes idiotas uteis da direita passam a vida a fazer favores á esquerda(ah,ah,ah,ah)

    • Conheço essa teoria. Mas a realidade não a consubstancia. Por exemplo, a Alemanha tem um Estado forte e a corrupção é baixa. A diferença está na atitude das pessoas, individual e colectivamente. Quanto a esse suposta santidade trazida pela ausência do Estado na economia, é de ver o que aconteceu a Cimpor e à PT. Ou ao que se passa nos states, o ex-líbris da iniciativa privada, com a corrupção a ganhar o nome mais bonito de lobbying.

      • O aumento da intervenção do Estado na economia nos EUA é galopante, razão suficiente para explicar a sua decadência cada vez mais notória.

        Rui Silva

        • Aumento da intervenção do Estado na economia nos EUA? Refere-se a quê exactamente? Suponho que seja ao facto de os EUA irem para a guerra para depois irem lá as empresas americanas reconstruirem. Ou vai dizer-me que é o Obamacare? LOL

          • Não é de uma forma geral, ou seja por todo o lado que consegue meter-se. Este caminho é conseguido principalmente pelo Lobbing e pelo ambiente intelectual marxista que tem vindo crescer desde os anos 60.

            Rui Silva

        • ZE LOPES says:

          Pois. É a chamada Ditadura do Trumptariado!

      • doorstep says:

        “A Alemanha tem um Estado forte e a corrupção é baixa.”

        A corrupção é baixa??? Por isso nunca venderam os artistas dos submarinos…

        Essa história da baixa intensidade da corrupção dos nórdicos não passa disso mesmo: uma história.

        Quem lá tenha vivido sabe que a grande barreira ao conhecimento no exterior das corrupções dessa malta é sobretudo linguística: se repararem, aqui não chegam relatos sobre nada de nada que se passe nesses países. Vantagem que eles aproveitam para se assumirem como paladinos das boas práticas.

        • E não houve julgamento na Alemanha, ao contrário de cá? Vivi na Alemanha e vejo que é diferente. A justiça funciona, por exemplo. E isso faz toda a diferença. Já as pessoas, são o que são no ambiente que vivem.

          • doorstep says:

            Houve julgamento… dos artistas deles. E houve também segredo impenetravel em relação aos nossos artistas, ou seja: as mais valias ficaram do lado de lá…

    • JgMenos says:

      Faltam aí algumas funções mas no essencial está certo.
      Pôr a fazer negócios de milhões uns bardamerdas que não tinham passado de fazer compras no supermercado da vilória de origem, só pode correr mal.

      • Não pretendi ser exaustivo nas funções do Estado, mas sendo mais genérico diria que o Estado apenas devia interferir no fornecimento dos “bens públicos”.

        Rui SIlva

      • “Pôr a fazer negócios de milhões uns bardamerdas que não tinham passado de fazer compras no supermercado da vilória de origem, só pode correr mal.”

        E a solução é…. acreditar que, no privado esses negócios, não serão feitos por uns ” bardamerdas que não tinham passado de fazer compras no supermercado da vilória de origem”.

        Obviamente que esta concepção do comentador assenta em diversos erros. Em primeiro lugar, passa uma esponja sobre o facto de as empresas terem como fim a obtenção do lucro e o Estado tem como objectivo a defesa da sociedade. Só este facto leva a pensar que tipo de intervenção devemos aceitar tanto ao nível estatal como empresarial.

        Em segundo lugar, se as decisões do Estado são erradas, a solução não passá-las para uma empresa. Nada garante que as decisões passem a ser correctas. Veja-se o que aconteceu à PT, a qual, de mau negócio em mau negócio, conseguiu chegar à auto-destruição, apesar do interesse accionista ter sido salvaguardado. Ou a EDP, que não passou a praticar melhores preços só porque passou para privados. Se as decisões são erradas, então é preciso que deixem de ser, o que passa por responsabilização individual, como em qualquer empresa, e por justiça que funcione.

        Já o escrevi várias vezes e repito mais uma. O partido que apresentar um programa de efectiva reformulação do nosso sistema judicial terá, independentemente da cor, o meu voto. Estamos, simplesmente, no aspecto mais fundamental da nossa sociedade – e que não funciona.

        • O partido que terá o seu voto será aquele que prometer fazer uma sociedade na qual você acredita.
          Mas como a sociedade na qual você acredita não coincide com a minha liberdade, eu serei “aniquilado” e você ficará contente pois você está na posse da “verdade” . Você acha que com a verdade não se brinca, ai daquele que se meter na frente daquilo que você acredita como verdade.
          Agora diga que não, pois é uma pessoa boa que quer é o bem para todos, mas não se esqueça que as maiores atrocidade cometidas foram em prol da “verdade” do “da sociedade ideal”, da sociedade igualitária . E as atrocidades foram contra aqueles que se oponham à Sociedade perfeita sem defeitos.

          Rui SIlva

          • O partido que terá o seu voto será aquele que prometer fazer uma sociedade na qual você acredita.
            Mas como a sociedade na qual você acredita não coincide com a minha liberdade, eu serei “aniquilado” e você ficará contente pois você está na posse da “verdade” . Você acha que com a verdade não se brinca, ai daquele que se meter na frente daquilo que você acredita como verdade.
            Agora diga que não, pois é uma pessoa boa que quer é o bem para todos, mas não se esqueça que as maiores atrocidade cometidas foram em prol da “verdade” do “da sociedade ideal”, da sociedade igualitária . E as atrocidades foram contra aqueles que se oponham à Sociedade perfeita sem defeitos.

            Eu falo em Justiça e você sai-se com este chorrilho. Não vou perder tempo a comentar disparates.

          • E assim vai aprendendo a conhecer-se.

            Rui silva

    • doorstep says:

      É um erro considerar que o paradigma da corrupção só contém corruptores/privados e corruptos/publicos.

      Nos países com reputação de “menos corruptos” (v.g. Alemanha, Holanda, Suécia…), a corrupção endémica mais importante tem como actores corruptores/privados e corruptos/privados. Este fenómeno é magistralmente ilustrado em Portugal pelas golpadas internas nos bancos, em que detentores competência financeira significativa se fazem com “clientes” para sacarem tanto quanto podem… e repartirem. Actualmente, esta cena é o que está a dar nas vendas ao desbarato dos imóveis que os bancos adjudicam nas execuções de créditos mal parados.

      • A corrupção do sector privado é isso mesmo – privada.
        O dinheiro envolvido não é do contribuinte, constituem casos de policia, tal como um roube de uma carteira. Nem sei se é correcto falar em corrupção no sector privado!
        Mas supondo que realmente existe a chamada corrupção no sector privado , ela é da responsabilidade dos prejudicados. No sector público os prejudicados (contribuinte) não tem qualquer acção no processo, excepto para pagar a “conta”.Isto é que distingue a questão.

        Rui Silva

      • O caso dos bancos que bem cita, é a confirmação perfeita do que acabei de dizer. A interferência/Entrelaçamento do Estado na economia
        é tão grande neste sector que as ditas “golpadas” acabam sempre por ser pagas pelo contribuinte.

        Rui Silva

        • doorstep says:

          Rui Silva!!! Quem “salvou” os bancos? Não foram os contribuintes??? Em Portugal, em Espanha, na Grécia, NA ALEMANHA (sim, na Alemanha!), no Reino Unido, na Bélgica, no Luxemburgo, em Chipre, na Holanda, etc, etc…

          Vá lá, a excepção que confirma a regra: a Islândia. Ou seja, onde não foram salvos. Mas os contribuintes também lá deixaram pele e osso…

          • Você leu o que escrevi ??? Eu digo isso mesmo !!!
            O contribuinte pagou e pagará todas as falencias de bancos.
            E a causa é a “ligação/interferência/participação” do Estado na Economia. O Estado interfere na economia tomando medidas anti-capitalistas, levando a que os contribuintes paguem os desmandos do sistema” Estado/Economia pseudo-privada”.

            Rui SIlva

        • doorstep says:

          Discordo que tal facto se deva à interferência/entrosamento do estado na economia. A moléstia é transversal, não tem correlação com esses factores. E a razão parece-me residir nos previlégios de amoedação e intermediação financeira conferidos aos bancos e quejandas associações de benfeitores, que lhes garantem mel a correr a jorros (verdadeiro ou virtual…), e que portanto hão-de sempre ter a chusma dos hipoglicémicos debaixo das saias, a postos para lamberem as gotas que escorrem… e garantirem as contrapartidas.

          • Vamos por lá um bocadinho de lógica na discussão:

            “os previlégios de amoedação e intermediação financeira conferidos aos bancos e quejandas associações de benfeitores”

            É a interferência/entrosamento do estado na economia !

            A que é que você precisa mais para chamar de interferência ?

            Rui Silva

          • doorstep says:

            Obrigadíssimo, agora entendi:

            “O Estado interfere na economia tomando medidas anti-capitalistas,”
            “e os capitalistas para se vingarem subornam o estado,” (acrescento eu)
            “levando a que os contribuintes paguem os desmandos do sistema”.

            Afinal a solução é óbvia: o estado toma medidas pró-capitalistas, os capitalistas agradecem embevecidos… e os contribuintes ficam isentos de pagar desmandos do “sistema”, por inutilidade superveniente da lide – perdão, dos desmandos.

            Si non è vero, è molto ben trovato!

          • Evidentemente que uma medida tomada pelo Estado que interfere na economia é por definição uma medida anti-capitalista. Se você não percebe isto não é possível passar daqui.
            Os capitalistas que estão em posição cimeira , se puderem buscam protecção do Estado para não terem de competir com os que buscam uma oportunidade para entrarem no mercado ( fenómeno que se dá pelo nome de concorrência).
            O Estado que precisa de dinheiro para alimentar os seus “vícios” , logo a forma mais fácil de ter acesso a dinheiro fácil é proteger estes capitalistas, tomando medidas que dificultam a concorrência . Por esse “serviço” os capitalistas estão dispostos a pagar bem.
            Por isto é que o Estado não deveria ter a opção de interferir na economia.
            Este processo é invariavelmente apresentado como :

            Proteger o cidadão
            Ajudar os pobrezinhos.

            Rui SIlva

          • doorstep says:

            E eu acrescentaria: elucidar os néscios.

            A propósito de néscios (como eu): tem alguma sugestão sobre a forma de retirar ao estado a “opção de interferir na economia” – além da óbvia, que é ser o próprio estado a impedir-se, o que (para mim), acaba por não ser assim tão óbvio?

            É que, pelo que explica, o estado não está para aí virado e os capitalistas buscam a protecção do dito cujo “para entrarem no mercado” e, depois de lá estarem, o engatarem para tomar medidas que dificultem a concorrência.

            Ou seja: junta-se o apetite à vontade de petiscar, o que dá sempre enleios difíceis de desemaranhar (rima involuntária).

            Talvez eu não tenha entendido bem, mas sou levado a concluir que o Rui Silva propõe a via da aniquilação radical da concorrência, pois é a única actriz da farsa que os capitalistas abominam e em relação à qual o estado é indiferente.

            Proposta interessante e altamente challenging, que merece ser minuciosamente dissecada!

            Bom jantar!

          • No primeiro paragrafo do seu comentário detecto alguma concordância com o meu ponto de vista, mas parece-me que você pensa que isso é impossível, ou seja subsiste na sua cabeça algo que nos é ensinado na escola ( ao serviço da ideologia : Homem sem Estado que lhe trata da vida desde o berço até ao caixão não é possível).
            Mas o que se verifica é que as sociedades com maior sucesso são aquelas em que as pessoas são responsabilizados pela sua vida. Nos países onde foi levada mais longe o Estado que todo fazia pelo cidadão, o resultado não foi famoso.
            Persiste então a dúvida que para si parece intransponível.
            Veja que há muitos anos atrás também se supunha que o Estado se confundia com a religião. Ambos eram indissociáveis. Mas eram como me parece ser hoje em dia aceite.

            A resposta genérica será que o Estado apenas deve fornecer “Bens Públicos” , procure na net que há boa documentação sobre o assunto. Evidentemente que existem excepções. Mas nesses casos o Estado apenas deve substituir a iniciativa privada até que “o problema” esteja resolvido, retirando-se logo que possível.
            Percebo a sua dúvida de como fazer isso, uma vez que os representantes temporários do Estado nunca irão promover medidas que lhes limite o próprio poder. Aliás os representantes do Estado lutam pelo aumento do Poder e como se sabe o Poder corrompe.
            A solução passa por uma boa Constituição, que não defina modelos económicas por exemplo. Que garanta os direitos negativos, e o direito natural. Que se preocupe em ser o garante do conflito de interesses entre os cidadãos que sempre há de existir.
            Mas para isso faltam-nos elites capazes, coisa que por cá existe pouco, e os que existem são aniquilados pelos grupos de interesse. Veja que a nossa constituição foi elaborada num ambiente altamente influenciado pelo marxismo, o que levou ao resultado que se tem visto.
            Bom muito mais havia a dizer mas isto são apenas comentários num blog, onde não é possível explanar muito…

            Rui Silva

          • doorstep says:

            Vamos então consertar a Constituição congregando os 2/3 de deputados para aí virados, e exterminar – sem biolência! – os “grupos de interesses”.

            Suponho que se refira à maçonaria e quejandas agremiações interesseiras v.g. “rotários”, “kiwanis”, “compromisso portugal” “universidades de verão”, “prelazia da santa cruz e da obra do TP”, “carbonária” (ou o que dela reste) e as “firmas de advogados”, que Paulo Morais afirma serem “as verdadeiras sociedades secretas em Portugal” (correio da manhã, 22/08/2015), etc, etc, etc.

            Vasto e ambicioso programa!

          • A lista que apresenta está muito, mas muito incompleta.
            No entanto deveria começar-se por algum dado. E evidentemente que a “saída”deve ser aos poucos, para evitar a “Biolência” e a revolução ( que como o nome indica – uma volta = 360º – é mudar e ficar tudo na mesma, deixando pelo caminho um rasto de morte e destruição) .
            Para começar o Estado devia deixar de fornecer todo aquilo que não é um “bem público”, passando todas essas actividades para o sector privado. Desta forma o Partido do Estado (Função Pública) perdia a massa critica que tem hoje e que permite que o Estado garanta o Poder(ganhe eleições) através de “benesses” atribuídas a este sector.
            Isto seria o inicio do progresso económico e social do pais. As pessoas quando escolhessem um governo seria na base da qualidade das politicas que promete e não baseado nas promessas que faz ao seu grupo especifico de interesse( Lobby).
            Veja p.e. o caso da educação. Se a educação estivesse aberta à iniciativa privada o Estado podia dedicar-se apenas a garantir um nível mínimo de qualidade e não teria de tomar medidas politicas lesivas para todos os portugueses só para garantir os votos dos funcionários do sector ensino. Ficava sem milhões de euros para distribuir por construtores civis que como já discutimos estão prontos a “muito” para ganharem os concursos públicos para a miríade de obras a fazer. Ademais o sector editorial teria de se adaptar à concorrência que naturalmente iria surgir. Veja o escândalo que deveria ser para qualquer pessoas que tenha mais de 1 neurónio funcional os material e livros de um aluno do secundário custar 390€ em média !!!
            Qualquer aluno que frequente uma universidade em Portugal não gasta esse valor , e ninguém acha isto estranho !

            Isto é só um exemplo que pode ser repetido até à exaustão até abranger mais de 50% da economia nacional, 50% não é coisa pouca…Isto é um imenso poder concentrado nas mãos dos políticos , não acha ?

            Rui SIlva

          • doorstep says:

            Acho, e sem reservas.

            Vejo que que mergulhou até ao âmago do seu Von Mises e do seu Hayek. Mas, qual Diógenes, procuro quem me revele a forma de lá chegar – refiro-me à “redução” do poder dos políticos.

            Só há uma coisa que não entendo bem: mas então a educação não está aberta à iniciativa privada???

          • Meu caro, por alguma razão existem países que evoluem e outros não. Faltam-nos “elites” ! Facto amplamente demonstrado pelo nível de abstenção ( ir votar em quem ?).
            Acha que é com políticos da dimensão de António Costa, José Sócrates, Marcelo Rebelo de Sousa, Manuela Ferreira Leite, Francisco Louçã, Marques Mendes, Catarina Martins , Jerónimo de Sousa etc, que vamos lá ?
            Mas no fundo a culpa é nossa enquanto Povo que trocamos os nossos votos pelos nossos interesses imediatos e pequeninos . Veja que em 2009 com o pais já praticamente falido o PS garantiu a vitória com um aumento de 2,9% à função pública!
            Uma primeira medida que podia marcar o inicio da viragem seria limitar a despesa publica constitucionalmente a um valor indexado ao crescimento económico ( algo que faz todo o sentido mas sempre rejeitado pelos partidos de esquerda como se isto fosse algo ideológico). Esta medida por si só, já colocaria um grande travão os desgoverno.
            A Democracia só funciona com contrapesos que limitem o poder. O poder do voto só está na mão do eleitor no dia das eleições , depois passa de imediato para o politico…

            A sector da educação está aberta à iniciativa privada apenas do lado da oferta, mas não do lado da procura .O que quer dizer que à como não esteja. O mercado está impedido de funcionar, e o resultado é que a educação de melhor qualidade só está ao alcance dos mais ricos. Sem intervenção estatal a qualidade da educação subiria e o preço desceria, e chegaria aos de menores recursos, contribuindo assim para uma maior mobilidade social. A educação está ao serviço dos educadores em vez de estar ao serviço dos educandos. Mas não é só este o problema, já pensou no poder de doutrinação que está concentrado nas mãos dos políticos com o controlo da estatal da educação?

            Rui Silva

          • doorstep says:

            Os políticos que refere, no meu modesto entender, são perfeitamente respeitáveis. Cumprimento-o por não ter mencionado nenhuns/mas infrequentáveis, apesar da actualidade mediática de alguns/mas.

            Sucede que constituem uma amostra significativa dos políticos que a faixa mediana dos portugueses quer, pode e manda subir a cargos electivos, e com quem estabelece sem dificuldade relações de contentes/descontentes/assim-assim. Aliás o único do grupo que tem a mania que sabe tudo e nunca se engana (chamam-lhe “alcoviteira”), nunca arranjou forma de ser eleito, nem para presidente de junta de freguesia: apesar disso é muito tuga, sempre em bicos de pés, a assumir ares doutorais sem saber sequer para que serve o omeprazol (que decerto toma…) mas receitando-o a toda a gente que cruza, e… vá lá, com algum pender para esquemas & artimanhas, como aquela da venda de serviços de saúde aos mutilados de guerra líbios “que não estivessem muito escalavrados”, “para garantirem facturação recorrente”. Quer mais português do que isto? Decerto não quererá, se estiver do lado – respeitabilíssimo também – dos que advogam o exercício do governo pelos de fora. Não servindo a história para aferir senão das probabilidades do presente, convirá que cada vez que tal sucedeu acabámos por ter que correr com eles de má maneira, por ladrões, assassinos, enfim: infrequentáveis.

            Essa cena das “elites”, além de intelectualmente ilusória, é tremendamente arriscada: quem acaba sempre por “nomear” as “elites” são os que delas esperam vantagens, e eu prefiro que no poleiro esteja gente comum, sujeita a enxaquecas e dores de barriga, e que não se arme para me lixar, ou mesmo até só para me dar a volta.

            Sabe que mais? Como escreveu o keynes, “no fim estaremos todos mortos”. E desse destino ninguém escapa – nem as “elites”.

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