Pedro Santana Lopes e a arte de ser aplaudido por uma plateia de indivíduos que acaba de fazer de parvos

Fotografias: Luis Barra@Expresso

Santana Lopes oficializou-se este fim-de-semana como o candidato da continuidade do regime vigente no PSD. Com uma plateia repleta de passistas, leais discípulos de Marco António Costa, barões autárquicos e uma senhora histérica que poderá ter acidentalmente consumido o LSD do neto antes de sair de casa, Pedro Santana Lopes fez o que se esperava de um recém-convertido ao nacional-ressabiadismo: atacou Rui Rio, atacou António Costa, atacou o acordo de incidência parlamentar entre os partidos de esquerda e fez a necessária vénia ao radicalismo além-Troika, referindo-se ao período mais negro do seu partido como “salvação nacional”.

Passando o expectável à frente, que Santana Lopes já foi derrotado internamente vezes demais para se poder dar ao luxo de dispensar apoios, mesmo os mais fanáticos, a apresentação do candidato em Santarém trouxe consigo um detalhe revelador, que nos diz muito sobre o alinhamento com as práticas do regime passista, sobre até onde Santana está disposto a ir e sobre a facilidade com que se manipulam militantes por aquelas bandas. Isto para não falar nos sapos que a horda passista, na fila da frente, está disposta a engolir.

Disse então Santana, sedento por mostrar que vale mais que Rio, que “Quando o partido precisa de mim, regra geral, estou presente. Não estou presente só quando eu preciso do partido”, o que é curioso se considerarmos que ainda recentemente o partido precisou dele para as Autárquicas, em resultado das quais o PSD de Passos se desmoronou, e Santana, que era a primeira escolha para Lisboa, não disse presente. E a desculpa de estar comprometido com o projecto na Santa Casa da Misericórdia, como é óbvio, já não cola. Se tal justificação fosse mais do que uma desculpa esfarrapada de ocasião, Santana não teria agora abandonado as funções de provedor para se lançar na luta pela liderança do seu partido. Portanto foi mais ao contrário: Santana só deu o ar da sua graça agora que precisa do partido para atingir os seus objectivos pessoais, não na hora de maior sufoco, quando o partido precisou de uma candidatura sólida para câmara da capital.

O acima descrito é tão óbvio que só o mais alheado ou paranóico militante não percebe. Tal declaração chega a ser, a meu ver, um insulto para todos os militantes que sofreram com a derrota eleitoral, em particular os social-democratas lisboetas, que, tendo actividade cerebral, sabem que Santana não só lhes falhou como os enrolou meses a fio, ao invés de se demarcar imediatamente dos rumores que, desde cedo, o apontavam como a escolha do partido, que não pôde contar com ele quando mais precisou.

Perante a encenação, a guarda pretoriana do passismo, que assistia na fila da frente, não se inibiu de aplaudir efusivamente, mesmo quando Santana pedia que o país não se limitasse às folhas de Excel ou dissertava sobre a herança social-democrata que ajudaram a destruir. Afinal de contas, Santana Lopes está a saber rodear-se deles, em todas as frentes da luta eleitoral que se avizinha, porque a cadeia de comando continua a ser dos discípulos de Passos. Mas daqui resulta uma excelente notícia, que a meu ver não pode ser ignorada, e que demonstra claramente que o passismo está mesmo moribundo: o melhor que conseguiram, neste processo de não-renovação, foi sexagenário Pedro Santana Lopes, que não vai muito tempo deixou o líder espiritual pendurado em Lisboa. Pode ser que esteja para breve, o ponto final neste triste capítulo do partido de Francisco Sá Carneiro.

Comments

  1. Fernando says:

    Como eu gostava de ver estes canalhas inúteis a sofrer com as políticas pafiosas que aplicaram àqueles que não fazem parte da máfia, ou seja, a larga maioria da população!
    A hipocrisia imunda destes pafiosos é visceral!

  2. Ricardo Almeida says:

    Clubismo ao nível mais escretável. Sempre me perguntei que são os parolos que votam laranja nem que o seu líder os venda à primeira oportunidade, ou várias vezes sequer.
    Estes são aqueles 20% da linha de água ao qual o PSD nunca vai descer. Já o disse várias vezes e reforço, o PSD podia perfeitamente propor um babuíno analfabeto para secretário geral e mesmo assim garantia 1 milhão de votos. O mesmo vale para o PS já agora.
    Vale tudo e vende-se tudo só pela aquela vã esperança de dar uma voltinha às buzinadelas na rotunda do Marquês de vez em quando..

    • Rui Naldinho says:

      Concordo inteiramente consigo.

    • JgMenos says:

      Uma característica admiro na esquerdalhada : o ridículo não os atemoriza.

      • ZE LOPES says:

        E a prova disso é que anda aí um Jg Qualquercoisa que passa a vida a falar sobre mamas e cornos!

        • …e não tem um pingo de sentido de humor….tão limitado que é, ….coitaaaaaado !! só podia ser direitalho mesmo, e pafioso !

      • Ricardo Almeida says:

        😉

      • José Peralta says:

        Ó “menos” ”

        Estás a falar em causa própria ! O RIDÍCULO a ti, é que não te atemoriza…até fazes gala dele !

        E o do santana, e dos histéricos “órfãos do coelho” como “a idosa e histérica senhora que antes de ir para a palhaçada, terá usado os “fumos” do neto”, também não os atemorizam…

        Como andas há muito a meter os “coisos” na virilha, ficas-te pela tua repetida alusão à “esquerdalha” , porque não tens mais nada para dizer, como se no caso presente, ela fosse para aqui chamada !

        Mas tens aqui matéria que poderias comentar, como esta passagem do post de João Mendes :

        “Disse então Santana, sedento por mostrar que vale mais que Rio, que “Quando o partido precisa de mim, regra geral, estou presente. Não estou presente só quando eu preciso do partido”, o que é curioso se considerarmos que ainda recentemente o partido precisou dele para as Autárquicas, em resultado das quais o PSD de Passos se desmoronou, e Santana, que era a primeira escolha para Lisboa, não disse presente. E a desculpa de estar comprometido com o projecto na Santa Casa da Misericórdia, como é óbvio, já não cola. Se tal justificação fosse mais do que uma desculpa esfarrapada de ocasião, Santana não teria agora abandonado as funções de provedor para se lançar na luta pela liderança do seu partido. Portanto foi mais ao contrário: Santana só deu o ar da sua graça agora que precisa do partido para atingir os seus objectivos pessoais, não na hora de maior sufoco, quando o partido precisou de uma candidatura sólida para câmara da capital”.

        Então ó “menos” ! Ficas calado ? Não te sentes insultado, por o santana estar a fazer de ti mais um parvo paranóico ?

    • Nascimento says:

      Absolutamente.

  3. motta says:

    Um exemplo para a sociedade (civil, militar e assim-assim): É o chamado “perdedor nato”.

  4. Rui Naldinho says:

    A vida dá muitas voltas. E em política ainda dá muitas mais.
    Santana Lopes em tempos criticou Marcelo, dizendo que este nunca tinha ganho nada, em alusão à sua derrota para a Câmara Municipal de Lisboa, contra Jorge Sampaio, isto por Marcelo, como comentador televisivo desvalorizar o seu papel como Primeiro Ministro.
    Com ou sem razão, facto é que Marcelo hoje é Presidente. Um dos poucos cargos que se ganha de forma unipessoal.
    Ironia do destino seria dezoito anos depois, Pedro Santana Lopes tornar-se primeiro Ministro, eleito nas urnas.
    O impossível acontece. Cabe a António Costa ter juízo.

  5. José Peralta says:

    Rui Naldinho

    Salvo melhor opinião, creio que Santana (conhecido por santana “Flops” por causa dos seus repetidos insucessos, não foi primeiro-ministro eleito nas urnas mas, durante cinco meses em substituição de Durão Barroso, quando este “desertou” para a União Europeia !

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