No Público de hoje, está esta nota, que faz parte da rubrica “Orçamento de 2018 explicado em dois minutos”.
Vejamos: primeiro, o Público diz-nos que os funcionários públicos “terão direito a ser colocados no correspondente patamar remuneratório”. Convém lembrar que os funcionários públicos, há vários anos, tiveram direito a congelamentos de carreiras e a cortes salariais. Na realidade, graças a engenharias várias, foi possível fazer com que os mesmos funcionários públicos ficassem mais longe do topo da carreira e passassem a ganhar menos.
Vamos lá a uma parábola: o menino Joãozinho comia, todos os dias, quatro batatas. Um dia, os pais passaram dar-lhe só duas batatas. Passados dez anos, os pais anunciaram ao menino que iria ser aumentado, porque passaria a comer três batatas por dia. Estranhamente, o senhor João (Senhor João? Pois, passaram dez anos!), protestou:
– Chamam aumento a uma reposição? E as batatas todas que eu não comi durante estes dez anos e que vocês andaram a meter ao bolso, que aquilo está cheio de moscas? Nem sequer voltei às quatro batatas… Aumento?! Vocês andam mas é a confundir a feira de Beja com o olho do cu, pá!
Os pais, ofendidos com a linguagem, embatucaram. Realmente, o senhor João deveria ter muito mais cuidado com a linguagem: é que passar a ganhar mais do que se ganhava é, evidentemente, um aumento. Até os jornais de referência, como o Público, dizem que sim.
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