A Síria está cheia de filhos-da-puta. Grandes filhos-da-puta, médios filhos-da-puta e pequenos filhos-da-puta. E está cheia de vítimas. Algumas vítimas são filhas-da-puta, outras não. Está, também, cheia de inocentes.
Os inocentes têm sido bombardeados, gaseados, espoliados, condenados, assassinados e abandonados pelos filhos-da-puta de todos os tipos. Os que escaparam estão refugiados e são ostracizados.
Perante isto, o que se vê por aí são as velhas reacções simplistas e maniqueístas.
Não importa saber qual foi o filho-da-puta que fez ou apoiou o quê. Importa é saber se se está com os americanos ou com os russos. O resto, sírios ou os curdos, o que lhes acontece ou não, conta pouco para a questão.
Bom, mesmo bom, é fazer funcionar o dualismo rasteirinho: ou estás do lado dos americanos e chamam-te imperialista, fascista, neo-liberal, etc., ou dos russos e chamam-te comunista, estalinista, esquerdalho e afins. Fora isso que se lixem uns aos outros que, mais dia menos dia, começa a estar bom para ir à praia.
Caro A. Pedro Correia.
Está tudo certo, mas parece-me que o problema de fundo é outro.
Se está à procura de filhos da puta que muito contribuiram para este estado de coisas, terá que recuar aos tempos do fim da Iª e da IIª Guerras mundiais quando os “iluminados” políticos ocidentais decretaram fronteiras a régua e esquadro, esquecendo-se que há, no terreno, uma coisa chamada etnias.
Os verdadeiros filhos da puta estão aí. Uma ingerência em culturas – não discuto a qualidade dos conceitos – que as pessoas preferem por de lado em função de interesses económicos.
Mas como esses filhos da puta já morreram, vamos aos vivos. Quer mesmo nomes? Acho que não vale a pena maçá-lo.
O drama da Síria envolve-se nesta trama toda, a que se junta o petróleo e o gás, coisa que faz as potências salivarem como o cãozinho do Pavlov quando o nome é pronunciado.
Depois aparecem as acusações e as tomadas de posição maniqueístas. Mas isso, caro Pedro Correia é a forma, não é o fundo.
Não tenho ideia como se pode resolver isto, excepto pela via diplomática. Mas já foi feita tanta merda por tantos filhos da puta que o povo, esse, tem mesmo que sofrer, até porque as ditas potências são como o cão e não largam o osso.
Mas há mais filhos da puta, os actuais e que não inclui apenas o Assad. Há mesmo um português, imagine só…
Pessoalmente, não ponho as mão no fogo por ninguém neste conflito, chegados ao ponto a que chegámos. Não haverá outra via que não a diplomacia. Provavelmente, novos estados, novas fronteiras enfim, deixá-los na liberdade que a cultura deles definiu e tentando fazê-los percorrer o caminho que um dia a Europa percorreu com sucesso. Requer muitas e muitas gerações e formação, em vez de mísseis e tanques.
Trump, May, Macron e Guterres, na sua cultura verdadeiramente da idade da pedra, resolvem os assuntos com mísseis … em vez de se proceder a uma investigação que é anunciada, mas parece não interessar.
Temo que isto, acabe como acabou a invasão do Iraque: um dia, um Blair qualquer virá às câmaras de TV chorar baba e ranho por ter mentido. Com toda a sinceridade, é o que me está a parecer. Tal como o caso do Skripal, onde se fala muito e não se prova nada.
Na minha óptica, são todos uns filhos da puta e não há uns melhores que outros. Agora o que acontece é que uns têm muito mais apoiantes que outros. O que me parece é que chegamos ao vale tudo, na política e no jornalismo. É aqui que estão os filhos da puta.
E veja: eu só estou interessado em saber qual a verdade, porque os antecedentes que geraram tudo isto têm praticamente 100 anos.
Para terminar: se há maniqueísmo, ele só surge, porque os maniqueístas o provocaram. É o princípio da acção-reacção, que é universal.
Cumprimentos.
O que aqui temos, Ernesto Ribeiro, é uma complexa mistura de quase tudo: questões étnicas, nacionalistas, religiosas, geoestratégicas, disputa de riquezas, etc. Os actores envolvidos, entre países, povos e organizações armadas são tantos que qualquer listagem se arrisca a ser incompleta.
Ernesto Ribeiro, felicito o seu comentário a tão complexa questão evidentemente com esses contornos que tão bem aponta.
E, como diz, uma questão muito complexa que nunca se resolverá com armas. Sem diplomacia e tempo, nunca a região será pacificada. Obviamente que Trump nunca entenderá isso, por razões culturais. Teresa May e Macron têm hoje imensas dificuldades no plano interno e portanto, têm que tentar distrair as pessoas. Mas como sempre disse, são essas mesmas pessoas que terão de pensar nas próximas eleições em quem votar, pois se May e Macron lá estão, é porque foram eleitos.
Uma coisa é clara: o equilíbrio, tal como A. Pedro Correia afirma é algo muito ténue. Todos nós conhecemos o que se passou no Iraque e na Líbia, quando o tal equilíbrio – goste-se ou não dele – foi quebrado e as repercussões que tivemos e teremos na Europa.
E os americanos, sempre bem distantes.
Nesta fase enquanto o tempo e a diplomacia se não juntam, teremos, na minha óptica de escolher um mal menor.
Cumprimentos.