Hoje é dia da mulher e como são todas umas complicadas, decidi dedicar umas palavras a uma mulher com um nome igualmente complicado. Da mesma forma que eu tive de ir copiar o nome da Sviatlana, todos deveríamos copiar a coragem e a força desta pessoa.
A Sviatlana é a verdadeira presidente eleita pelo povo bielorrusso, mas continua a ser oposição. É assim que acontece em ditaduras. A Sviatlana é a voz da resistência popular contra um ditador e merece toda a nossa atenção.
Não gosto muito deste dia. Aliás, eu nem gosto daqueles que apenas se lembram de mim no meu aniversário, como seria se fosse no dia em que se celebra o meu género… Nenhuma pessoa é menos por ser mulher ou por qualquer outra característica natural. Por isso, devemos combater o preconceito, mas parece-me errado tratar grupos sociais como um todo, para o bem e para o mal. As mulheres pertencem a um género, não é a um sindicato. Quem vê desigualdade estrutural hoje, verá sempre. Aliás, um dia, o dia da mulher será polémico celebrar-se, porque é um dia de privilegiados. Registem aí. Alguém defenderá isto.
Não por se tratar de uma mulher, mas gosto de exemplos de coragem como o da Sviatlana. Tenho pena que no meu país tenha sido convidada a visitar um museu dirigido por uma militante de um partido que é o único que não a reconhece como Presidente. Tenho pena que em Portugal as discussões de quem quer uma suposta igualdade gire à volta de características de linguagem ou escolhas livres, enquanto uma mulher anda a lutar pela liberdade de um país inteiro.
Pensemos, neste dia, em todas aquelas pessoas que ainda se vêem dependentes de um papel de género. Que não podem tomar escolhas livres independentemente do género que são. E infelizmente, são muitas. Neste aspeto, temos a sorte de vivermos na nossa sociedade.
Não quero igualdade de género, quero liberdade de género. Aliás, liberdade. Basta. Depois cada um sabe o que faz com a sua.
Não quero igualdade de género, quero liberdade de género. Aliás, liberdade. Basta. Depois cada um sabe o que faz com a sua.
Bom final, Francisco.
Há realmente muita gente sem escolha, mas a maioria não vive em ditaduras. Muitos vivem se calhar na sua rua, no seu prédio. Vivem até em países ricos, supostamente cheios de liberdade, a começar pelos EUA, onde toda a vida é condicionada pelo que se tem.
Ou melhor, pelo que não se tem: dinheiro. Sem dinheiro não têm acesso a saúde, educação, uma casa decente, boa comida, ocasionais férias, coisas básicas. E sobretudo não podem escolher. Não podem mudar de emprego, de cidade, de vida. Não têm esse luxo.
A larga maioria do planeta vive assim, Francisco: presa a uma vida pobre, sofrida e fútil, a um ramerame de trabalho entorpecedor e alienante que lhes vai corroendo o corpo e, diria o meu pai, a ‘ialma’. São livres, mas não são livres; é uma ilusão de liberdade.
Pois estou admirado.
Com o Sr. Figueiredo. Por estar a apoiar organizações que causam desordens na Bielorrússia.
Tem toda a razão, mas é a maneira do capitalismo transformar um dia de luta e de greve num dia de rosas e bombons.
Toda? Toda não. A liberdade de género acaba onde começa o assédio e as ameaças, e, a menos que queira um polícia em cada esquina e em cada app, o mais eficiente é mesmo mudar a mentalidade através da educação.
A Sviatlana é a verdadeira presidente eleita pelo povo bielorrusso
Isto faz lembrar os EUA a decretarem que o verdadeiro presidente da Venezuela era Juan Guaidó.
Sviatlana não é presidente de coisa nenhuma, nem verdadeiramente foi eleita para o ser. Quando houver eleições livres e justas na Bielorrússia, logo se verá quem será eleito. Por enquanto, ainda não houve.
O presidente é aquele que é, quer gostemos dele, quer não.