Quo vadis, União Europeia?

Sempre fui um europeísta convicto. Acredito numa Europa de nações com parte da sua soberania partilhada, celebro os seus feitos e virtudes, que (ainda) superam as suas falhas e limitações, reconheço a necessidade de a reformar, mas, devo dizê-lo, a minha convicção já conheceu melhores dias.

Não que me tenha deixado infectar pelo vírus da conspiração reptiliana do globalismo, que me merece a mesma reacção que as 40 virgens que aguardam os terroristas islâmicos no céu deles – eles que acreditem no que quiserem, desde que não chateiem e ou rebentem com os outros – mas os factos são o que são e eles aí estão para testar a minha fé no projecto europeu.

Primeiro foi a resposta à crise financeira do final da década passada. A receita da austeridade autoritária foi um desastre, trouxe ao de cima o egoísmo e a ausência de uma verdadeira solidariedade entre os membros, e deixou a nu a incapacidade que muitos Estados têm de aceitar que estamos nisto juntos, no exacto mesmo barco, mais não almejando que poder beneficiar de uma moeda única, nefasta para as economias dos países mais frágeis, e de um mercado interno sem barreiras, para pessoas, mercadorias e, sobretudo, capitais. Sobretudo capitais.

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Ditadura sanitária selectiva

No início de Fevereiro, um homem foi multado em 200€, por estar a consumir um pacote de gomas, à porta de uma dessas pseudo-lojas de máquinas de vending que se vêm cada vez mais por aí. Como ele, centenas de outros portugueses foram sujeitos à aplicação das leis em vigor, sempre aprovadas com uma confortável maioria parlamentar, que resultaram em multas, detenções e confusões.

Um mês depois, cerca de 3 mil (so they say) negacionistas e activistas contra o uso de máscara e confinamento juntaram-se no Rossio, para protestar contra as medidas de combate à pandemia, sem máscara ou respeito pelas normas de distanciamento social, colocando em risco a saúde de milhares de pessoas e a recuperação económica, sob o olhar atento da PSP, que não conseguiu ser tão valente como o foi com o degustador de gomas e tantos outros portugueses. Uma gritante dualidade de critérios e pelo menos meio milhão de euros em multas por cobrar.

E lá andavam eles, revoltadissimos, com cartazes da ditadura e mais não sei o quê, sem que meia bastonada ou coima lhes fosse aplicada. Quando isto passar, seria importante que as farmacêuticas se dedicassem ao desenvolvimento de uma vacina contra a falta de noção. Fica a dica.

Os cifrões, ai os cifrões…

“Ao contrário do que foi dito, o ministro Matos Fernandes e o secretário de Estado João Galamba não começaram a ser investigados pelo DCIAP na sequência de uma denúncia anónima.

Os dois governantes já eram alvo de suspeitas de corrupção e tráfico de influências desde 2019, altura em que abriram caminho a uma concessão de lítio em Montalegre, um caso que foi revelado em primeira mão pelo Sexta às 9.”

“Como julgo que já toda a gente percebeu, o personagem que, entre nós, responde actualmente pela alcunha de ministro do Ambiente não é homem para essa função.”

“esta semana, a propósito da iminente aprovação de um projecto de construção turística no Mouchão do Lombo do Tejo, pondo em risco a preservação ambiental do estuário do Tejo, um grupo de 11 reputados especialistas no assunto, todos com responsabilidades passadas nessa área, vieram acusar o actual ministro de “envergonhar a sua missão, em pleno século XXI, num país da União Europeia”

“É Matos Fernandes no seu melhor, no seu habitual: há sempre um serviço que atrapalha, um departamento que complica, uma lei que não é clara, um parecer que não esclarece, um grão de areia que o deixa de mãos atadas, na impossibilidade funcional de ser outra coisa que não inútil.”

Hoje, fico-me pelas citações.