Em defesa do sindicalismo

 

Sou insuspeito de qualquer simpatia por Joe Biden. Estou entre os que entendem que o imperialismo não muda a sua natureza em função dos EUA serem liderados pelo Partido Democrata ou pelo Partido Republicano, mas já não seria mau que por cá esta mensagem fosse clara e assumida por quem tem poder político. Quando temos um patronato que se acha acima da lei, que de forma sistemática e em diferentes sectores condiciona de forma inaceitável a liberdade de associação e acção sindical, é urgente a defesa do sindicalismo e a consciencialização de que, sem as organizações colectivas dos trabalhadores, o regresso às catacumbas do tempo onde os direitos laborais eram uma utopia vai ser difícil de evitar. Organizados, mesmo em contextos adversos, os trabalhadores têm tudo para defender os direitos que ainda têm e avançar para novas conquistas. Divididos e desprovidos de sindicatos ficam sujeitos à impunidade de patrões e governos, expostos a todo o tipo de tropelias sem armas de autodefesa, numa espécie de ditadura do patronato com as vítimas a digladiarem-se umas contra as outras numa espiral de infinita precariedade e desumanização. Se devemos à luta organizada dos trabalhadores muitas das conquistas que hoje temos como direitos naturais, é do mais elementar bom senso defender a inviolabilidade da luta organizada dos trabalhadores.

Comments

  1. luis barreiro says:

    De ano para ano o número de empresas diminui, Portugal é o país da União Europeia com as leis laborais com mais direitos para os trabalhadores.
    A resposta para cada vez mais a diminuição do número de empresas privadas em Portugal: mais direitos, por isso países como a Suécia, Noruega, Inglaterra, Suíça ou Dinamarca não têm salário mínimo nem indemnizações (ou 2 semanas de salário), e aqui lutámos para ainda mais direitos.
    Enquanto não formos todos funcionários públicos esta luta nunca acaba.

    • Paulo Marques says:

      De ano para ano, o estado retira mais dinheiro da economia para fazer parte a obrigações institucionais de moeda estrangeira. Retirar a mínima distribuição do lado privado não resolvia o assunto.

      • Filipe Bastos says:

        Isso é verdade, mas que tem isso a ver com o que escreveu luis barreiro? Soa a alhos com bugalhos.

        Um problema, na legislação laboral e no resto, é o Estado tratar (só na lei, claro) as empresas por igual; e como v. deve saber, igualdade e equidade são coisas distintas.

        A mercearia da esquina não é e nunca será a Sonae ou a Jerónimo Martins. Os mamões devem ter muito mais obrigações; e uma pequena empresa não pode ficar refém de regras laborais que amiúde a esmagam.

        O empresário tuga típico pode ser uma bela trampa, mas o funcionário tuga típico não lhe fica muito atrás. Em cada dez, com sorte, talvez aproveite um ou dois. Mas para o Estado todos são eternos coitadinhos a proteger.

        Os sindicatos foram muito importantes, mas hoje são meros lobbies de grupos já privilegiados em relação à maioria. Os que pior estão nem têm sindicato; e os sindicalistas mediáticos são chulos justamente desprezados.

        • Paulo Marques says:

          E que sentido faz o estado andar a sustentar empresas que não são viáveis, cobrando as que se arriscam a seguir o mesmo caminho? Ou, como diz a história, cobrando a quem trabalha?
          Olhe, lá fora dizem que trabalhamos muito. Já era altura de parar com argumentos neoliberais.

        • Filipe Bastos says:

          Olhe, lá fora dizem que trabalhamos muito.

          Sim, em países “como deve de ser”: é como o tuga típico os vê. Com salários três, quatro, cinco vezes maiores, e sabendo-se hóspedes num país que não está para aturar queixosos ou calões, esses empregos sim, já são dignos do seu empenho e dedicação.

          Mas em Portugal? Era o que faltava. Mínimo esforço e o ‘patrão’ já vai com sorte. Quer o patrão seja o Belmiro ou a mercearia do Ti Zé. Nenhum desses funcionários quer melhorar isto; só querem ir para países ricos onde já têm a papinha feita e bons salários.

          Claro que há casos e casos. Não meto no mesmo saco, por exemplo, as infames fábricas do norte: são gente, sobretudo mulheres, que trabalha muito e ganha pouco.

          Mas muitos outros casos que conheço não são assim. E são esses, sempre ou quase sempre, os mais queixosos.

          • Paulo Marques says:

            Já pôs. Se calhar devíamos continuar a precarizar mais o emprego até a moral, perdão, a productividade melhorar, independentemente dos efeitos na emigração. Tem funcionado bem, por toda a eurolândia, de resto.

      • JgMenos says:

        Este artista virou macroeconomista de largo espectro!!!!

        O saque fiscal justificado pelos subsídios europeus…

        Um génio!

        • POIS! says:

          Pois tenho a impressão que…

          O génio que V. Exa. atribui ao Paulo, afinal, está a fazer-lhe, pelo Menos, uma certa falta…

        • Paulo Marques says:

          Que subsídios? Já fez as contas? Sai quase tanto como o que o que entra, e o défice comercial arrasa o resto.
          O saque fiscal, como bem sabe, é para ter a certeza que sai que chegue para os mercantilistas do norte.

    • João Paz says:

      Luis Barreiros
      Todos os paises que menciona no seu triste comentário têm indices de adesão aos sindicatos extremamente mais altos que em Portugal. Nem vale a pena falar-lhe da VERDADE HISTÓRICA de que foi SEMPRE nos períodos de maior luta de quem trabalha que houve maior desenvolvimento económico e social. Que a instituição da Democracia (coisa pouca para si já se vê) foi motivada e instiga pelas heroicas lutas dos operários.
      Mas pregar aos peixes de pouco ou nada vale.