O amianto é fixe!

Fotografia: Carolyn Kaster/Associated Press@El País

Dados indicam que, todos os anos, cerca de 15 mil americanos morrem devido a complicações de saúde causadas pelo contacto com amianto. Em Portugal, onde muitas escolas ainda conservam telhados feitos com esta fibra cancerígena, o jornal Público avançava, em 2014, que morriam cerca de 39 pessoas por ano.

Entretanto, na América estupidificada, o troglodita que governa defende que o amianto é 100% seguro e que os vários estudos clínicos feitos até hoje, que comprovam factualmente a perigosidade da substância, fazem parte de uma conspiração arquitectada pela mafia. Pena não haver por aí um grupo de mafiosos que o enfie numa jaula de amianto durante uns meses, para que o idiota perceba o quão seguro este material é.  [Read more…]

Os bandidos que ocupam o poder

Se um restaurante tem facas de cor errada, é alvo de atenção por parte da ASAE. Mas se há pessoas a morrer de cancro por causa de amianto no  edifício onde se trabalha, já o local não pode ser fechado por falta de verbas para mudanças. Que,  nos tempos de contenção que vivemos, as finanças têm que autorizar a despesa, diz o Secretário de Estado. Depois de ter havido verba para a Assembleia da República aumentar a sua própria despesa.

O Ministério do ambiente conhece o caso e sabe do amianto.  Há 19 casos de cancro confirmados em funcionários da Direção-Geral de Energia mas o Secretário de Estado disse que não se pode estabelecer uma relação causa-efeito.

Eu tenho uma ideia, sr. Secretário de Estado. Já que não há verbas e não havendo causa-efeito, vão estes trabalhadores para o seu gabinete e vai vossa excelência para o edifício com amianto. Com certeza que não tem nada a opor, pois não?

Parvoíces

Ferreira Fernandes, cronista do DN, tem algum talento para, a partir de minudências, não-assuntos e casos particulares, discorrer para o geral e para o exemplar. É um talento que possui, reconheço. O problema é que uma minudência, um não-assunto, parte das vezes não chega a dar assunto. Assim, Ferreira Fernandes derrapa, contorce-se, retorce-se e procura uma saída para transformar um campo estéril numa produção de sumo fresco natural, nem que para isso se muna de um exemplo passado na Patagónia em mil e troca o passo para chegar a uma generalização qualquer sobre Pequim. Parte das vezes não dá para espremer mais e a crónica termina de forma idiota.

Ferreira Fernandes não é parco em conselhos dirigidos a terceiros nas linhas ou nas entrelinhas dos seus textos. Eu, que sou mais poupado nos conselhos a outros, tenho um para Ferreira Fernandes: homem, poupe-se, isso de uma crónica diária anda a fazer-lhe mal, você não tem assunto para tanto. Olhe, escreva metade, ganhe metade, publique a cada dois dias e pode ser que arranje forma de concluir sem escrever parvoíces.

Macacos me mordam – esteja descansado, não vou perorar sobre nenhum macaco em particular, nem sobre a Patagónia – se percebo o que quer dizer ou onde quer chegar nas linhas finais da sua crónica de hoje. Mas lá que é uma grande parvoíce, isso é.