Rádio Renascença, 25 de Abril de 1974, 00H21

Já não havia volta a dar. E ainda bem.

Homenagem à mulher portuguesa

Acabo de chegar a casa ainda comovido com o belo expectáculo a que assisti no Coliseu, promovido pela Associação 25 de Abril e a RTP1.

Pelo palco passaram artistas que todos conhecemos, da Maria do Amparo à Maria de Medeiros, do Vitorino ao Fernando Tordo, da Simone ao Carlos do Carmo, os jovens do Chapitô (a Tété deu-me um cravo…) os cantares de Montemor-o-Novo no feminino, Bernardo Sasseti, Carlos Mendes ,Carlos Alberto Moniz, Helena Vieira, José Mário Branco, Lena d’Água, João Pedro Pais, Mafalda Veiga, Manuel Freire, Luisa Basto, Luisa Amaro, Maria Viana, Odete Santos e que me desculpem os que me faltam…

Recordaram-se mulheres corajosas como Maria Lamas, Maria de Lurdes Pintassilgo,  Izabel Aboim Inglês, as três Marias e tantas outras que estiveram na frente na luta contra o pesadelo facista. Os avanços que as mulheres foram obtendo na sua luta pela igualdade, a primeira vez que votaram, logo na Constituinte, que deixaram de ser propriedade do pai ou do marido.

A mulher que logo no dia 25 de Abril vendia cravos na Baixa de Lisboa e se lembrou de os “plantar” no cano das espingardas dos soldados, a duas cadeiras de mim, chorava digna do seu gesto nobre e que ficou para a posteridade.

Estiveram lá os capitães de Abril e o povo de Lisboa e com excepção de um deputado que tambem é capitão de Abril, não estava lá um único político no activo,( a não ser que os não conheça…) embora Mário Soares e Maria Barroso tivessem dito presente.

Abracei o Vasco Lourenço e o Otelo ! 25 de Abril, sempre !