Sobre Direitos animais…

-Tornou-se politicamente correcto, moda até, defender os direitos dos animais. Muitos, para não dizer toda a sociedade, protestam contra o abandono de animais domésticos, provavelmente até mesmo aqueles que o praticam, encontrando é claro, uma qualquer justificação para explicar o seu próprio caso. Algumas associações promovem acções mediáticas contra a utilização de peles na indústria de vestuário, touradas ou criação e abate para utilização na indústria farmacêutica ou cosmética. [Read more…]

Rangel e os Animais:

Recentemente, um elemento do Aventar, no nosso fórum privado, falou-nos da dor sentida pela morte, nesse dia, do seu gato. Todos partilhamos com ele a nossa solidariedade.

Ao longo da minha vida tive a felicidade de a partilhar com animais, inúmeros gatos e outros tantos cães sem esquecer a galinha Anastácia, criada com muito carinho pela minha irmã o que motivou inúmeras piadas e sessões fantásticas de gozo, até a minha irmã atingir o ponto de caramelo, eheheheh.

Quando a minha filha nasceu já por cá andava o nosso gato e duas cadelas. Nem imaginam a forma como o gato e as cadelas foram (e são) fundamentais na educação da minha Mafalda. Só quem nunca teve o privilégio de viver com animais é que não sabe duas coisas absolutamente fundamentais: a importância destes na nossa vida e a necessidade imperiosa de lhes reconhecer direitos.

Quando estudei direito tive um professor que se pelava sempre que se abordava o tema dos direitos dos animais. “Os animais são coisas, meus caros”, afirmava ele do alto da sua douta ignorância. Uma vez respondi-lhe à letra, o que me valeu uma profunda inimizade: “Animais somos todos, Professor”.

Ao ler no Facebook esta entrevista de Paulo Rangel, fiquei sem pinga de sangue.

[Read more…]

A «tradição» das touradas (Memória descritiva)

No 2º volume dos « Cadernos de Lanzarote», José Saramago reproduz um artigo que publicou na revista Cambio 16. Transcrevo dois trechos:

«O touro entra na praça. Entra sempre, creio. Este veio em alegre correria, como se, vendo aberta uma porta para a luz, para o sol, acreditasse que o devolviam à liberdade. Animal tonto, ingénuo, ignorante também, inocência irremediável, não sabe que não sairá vivo deste anel infernal que aplaudirá, gritará, assobiará durante duas horas, sem descanso. O touro atravessa a correr a praça, olha os “tendidos” sem perceber o que acontece ali, volta para trás, interroga os ares, enfim arranca na direcção de um vulto que lhe acena com um capote, em dois segundos acha-se do outro lado, era uma ilusão, julgava investir contra algo sólido que merecia a sua força, e não era mais do que uma nuvem. Em verdade, que mundo vê o touro?» (…)

«O touro vai morrer. Dele se espera que tenha força suficiente, brandura, suavidade, para merecer o título de nobre. Que invista com lealdade, que obedeça ao jogo do matador, que renuncie à brutalidade, que saia da vida tão puro como nela entrou, tão puro como viveu, casto de espírito como o está de corpo, pois virgem irá morrer. Terei medo pelo toureiro quando ele se expuser sem defesa diante das armas da besta. Só mais tarde perceberei que o touro, a partir de um certo momento, embora continue vivo, já não existe, entrou num sonho que é só seu, entre a vida e a morte».

Quando José Saramago leu o texto a sua mulher, Pilar, disse – «Não podes compreender…” Tinha razão» diz o escritor»Não compreendo, não posso». É sempre o que os defensores das touradas, quando vêem que os seus «argumentos» não são aceites, dizem. Quem acha que as touradas são um espectáculo degradante e advoga a sua proibição imediata «não compreende». Porque, dão a entender, para compreender uma coisa tão poética, tão tradicional, é preciso ter uma sensibilidade especial. [Read more…]

Pior que todas as touradas

 

 

Será o espectáculo popular com que umas centenas de animais se deliciarão esta noite em Medinaceli, um município de Soria no reino de Castela e Leão.

As bestas lançarão fogo aos cornos de um touro indefeso, terminando por soltá-lo entre fogueiras e outras chamas, para seu gaúdio de pobres seres sem inteligência.

Eu sei que os animais são inimputáveis. Mas estes deviam ser enjaulados por uns bons tempos, ou talvez convertidos ao reino vegetal, ao menos não incomodavam, e daí, bestas destas viravam no mínimo em silvas bem espinhosas.