Que pestanas se abrem
sobre a luz
filtrada de pinheiros
para vigiarem os meus gestos?
EG

Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
Que pestanas se abrem
sobre a luz
filtrada de pinheiros
para vigiarem os meus gestos?
EG
Efectivamente, no Egipto.
Informação relevante: ‘egípcio‘ é relativo ou pertencente ao/natural ou habitante do ‘Egipto’ e, em português europeu, como escrevi em 2009 (p. 60), a grafia ‘Egito’ existe, sim, mas para o Gonçalves.
Mais considerações serão tecidas e outras informações serão prestadas quando houver a tal “discussão mais focada sobre as matérias mais controversas”.
Exactamente, as matérias mais controversas.
Sim, o Egito e o Egipto. Efectivamente: o Egito e o Egipto. Exactamente.
NOTÍCIAS DO BLOQUEIO
Aproveito a tua neutralidade,
o teu rosto oval, a tua beleza clara,
para enviar notícias do bloqueio
aos que no continente esperam ansiosos.
Tu lhes dirás do coração o que sofremos
nos dias que embranquecem os cabelos…
tu lhes dirás a comoção e as palavras
que prendemos – contrabando – aos teus cabelos. [Read more…]
Ouvimos o belo poema de Daniel Filipe, «A Invenção do Amor», muito bem dito por João Manuel Alves e seguido por uma canção de Pedro Abrunhosa inspirada no poema. Daniel Filipe é um poeta, nascido em Cabo Verde, mas que faz parte da história da Literatura Portuguesa do século XX – no entanto, não vamos com isso criar um problema com os nossos irmãos cabo-verdianos – digamos que ele pertence aos dois países – a Cabo Verde porque lá nasceu, a Portugal porque aqui viveu, sofreu, amou e escreveu a sua poesia maravilhosa.
Além dos livros que nos deixou, foi um activista cultural e político. No final da década de 50, trabalhou na delegação do Porto do jornal lisboeta Diário Ilustrado. Cordial, amistoso, grande contador de histórias, depressa se relacionou com um grupo de escritores antifascistas como ele – Egito Gonçalves, Papiniano Carlos, Luís Veiga Leitão e outros. Com este grupo ajudou a criar as «Notícias do Bloqueio», título de um poema de Egito Gonçalves e de uma série de nove «fascículos de poesia», publicados no Porto entre 1957 e 1961. A PIDE prendeu-o porque animação cultural para aquela gente significava «agitação social» (talvez não o tenham prendido só pela sua actividade cultural; mas também). Foi, segundo consta, barbaramente torturado. Morreu em Lisboa com 39 anos.
O escritor e jornalista Eduardo Guerra Carneiro, um amigo que desde o dia um de Janeiro de 2004 já não está entre nós, deu como título a um seu livro de poemas «Isto Anda Tudo Ligado». E este título, como disse Jorge Listopad, numa nota publicada na «Colóquio-Letras», que aparentemente é um «slogan banal», quase um lugar-comum, tem sido centenas de vezes utilizado, por escritores, jornalistas, por músicos (como o Sérgio Godinho) e não só. Creio que muitos que o utilizam já nem o relacionam com o grande poeta e a maravilhosa pessoa que foi o Guerra Carneiro. Não é o meu caso. Fui amigo e companheiro de luta do autor destas palavras. Evoco a conhecida frase «Isto anda tudo ligado» homenageando a memória do Eduardo.
Nesta fotografia, tirada em Novembro de 1962, em Coimbra, da esquerda para a direita podemos ver o Egito Gonçalves, eu, o Eduardo e o António Cabral, ainda sacerdote católico na altura. O Eduardo, de perfil, parece ausente, alheado, coisa que lhe acontecia com frequência. Talvez estivesse preocupado com a eventual presença nas proximidades de algum agente da PIDE.
Fomos ali reunir-nos por questões políticas e culturais – a expansão do Centro de Cultura Ibero-Americana, que pretendíamos alargar editando um boletim periódico multilingue (nos idiomas da Península a que juntaríamos resumos em francês e inglês). Mas voltemos ao Guerra Carneiro e ao seu livro.
Não era em globalização, na famosa globalização de que hoje tanto se fala, que o Eduardo pensava quando, em 1970, publicou o livro por acaso numa colecção da Ulmeiro onde também publiquei uma colectânea de poemas. Era na dimensão dialéctica do Universo na qual, de facto, tudo se relaciona e interage. Música, literatura, desporto, política, vida quotidiana, são fragmentos indissociáveis de uma mesma realidade que por comodidade e hábito de classificar, dividimos em compartimentos.
*
Fui passar esse fim do ano a Vilamoura (onde só consigo ir sem ser no Verão) e, no dia três de Janeiro, um sábado, estava na esplanada do Paulo China a ler o Expresso quando me saltou aos olhos o nome do Eduardo numa pequena notícia – Fora encontrado morto na madrugada do dia um num pátio subjacente ao seu terceiro andar. Presumivelmente suicidara-se, adiantava a notícia. Às primeira horas do novo ano. Quando regressei a Lisboa, logo telefonei a um amigo comum, o José Quitério. Sim, confirmou, o Eduardo suicidara-se. Poucos dias antes ao telefone tinha dito ao Quitério isso mesmo, que estava farto, que a vida não lhe interessava. O Zé pensou que fosse apenas um dia mau e que aquilo passasse. Não passou.
A última vez que estive com ele, pouco tempo antes, almoçámos juntos num restaurante perto do meu escritório. Trouxera-me alguns dos seus livros que eu não tinha ainda lido e combinámos que iria colaborar num projecto editorial da empresa. Estava bem disposto, recordámos os velhos tempos de Vila Real, do Setentrião, do António Cabral e do Ascenso Gomes. Mas acabou por não fazer o tal trabalho – foi-me telefonando e adiando. Até àquele dia.
As coisas não lhe tinham nunca corrido bem. Interrompera os estudos universitários por lhe parecer inútil o curso que frequentava. Profissionalmente, jornalista, um bom jornalista, diga-se, tinha de fazer muita coisa de que não gostava. Na vida privada, casamentos falhados, o refúgio no alcoolismo e, sobretudo, o suicídio inexplicável da sua filha, a Catarina, destruiu a sua capacidade de resistência, provocaram-lhe o cansaço da vida que confidenciou ao Quitério. A soma de tudo isto resultou numa rápida viagem de três andares até ao cimento do pátio.
Quando estas coisas acontecem, ficamos sempre com uma sensação de culpa, com a ideia que poderíamos tê-las evitado conversando, acompanhando, ajudando. Porque, no fundo, quando estas coisas acontecem, todos temos, de facto, culpa por ajudarmos a manter um mundo em que tudo anda ligado, mas no qual não sabemos conservar entre nós pessoas como o Eduardo que, depois de desaparecerem, verificamos tanta falta nos fazerem.
C’est vraiment trop injuste… — Calimero *** Não pretendo meter foice em seara alheia, pois há abundante literatura acerca do fenómeno de não se aceitar um resultado negativo, na perspectiva de, obviamente (o obviamente é, por definição, indiscutível), sermos os maiores e, logo, se perdemos, como somos os maiores, é claro que fomos prejudicados por algum […]
Como escreve Natalie B. Compton, “um urso fez uma pausa para uma extensa sessão fotográfica“. Onde? Em Boulder, CO, nos Estados Unidos da América.
N.B.:
A música
00:00 intermezzo (charlie spivak) 04:28 charmaine (mantovani) 08:35 melody of love (wayne king) 11:46 auld lang syne (guy lombardo) 15:15 body and soul (coleman hawkins) 18:54 poinciana ‘song of the tree’ (david rose) 22:48 do you believe in dreams (francis craig) 26:56 twilight time (three suns) 30:31 intermezzo aka ‘souvenir de vienne’ (wayne king) 34:39 orchids in the moonlight (enric madriguera) 39:12 warsaw concerto (freddy martin/jack fina) 43:24 deep in my heart dear (troubadours) 48:00 dancing in the dark (artie shaw) [Continuar a ler]
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
Discordo. Os *aspetos nunca são positivos.
Quem foram os 1,7% de militantes Cheganos que não votaram no querido líder André Ventura e quando é que devem ser empurrados de um penhasco?
Hoje, por causa de umas pipocas, lembrei-me das melhores da minha vida (com manteiga), comidas em Show Low, AZ, no regresso de Fort Apache. Entre Show Low e Holbrook, há uma terra chamada Snowflake.
agora fazei o favor de ler o artigo do Henrique Burnay, no Expresso. Totalmente grátis.
li por aí que uma liberal acusou a IL de ter uma espécie de familygate na estrutura do partido. Estou chocado (NOT).
e até o sniper que queria abater o Marcelo foi apanhado. As forças de segurança funcionam, os juízes é que não querem prender larápios. Investigue-se.
Sabem quem é, no tal Conselho Estratégico Nacional do PSD (uma invenção do Rui Rio e que o Montenegro foi atrás) o responsável pela área da Cultura ? Por aqui vi tudo. Além do CV que está aqui, é comentador de bola num programa da CMTV.
Há um provérbio turco que reza assim “Se meteres um palhaço num palácio ele não se transforma num príncipe, mas o palácio transforma-se num circo”.
Parabéns Dr. Luís Montenegro!
Exército Americano estima que o plano climático custar-lhes-á mais de 6,8 mil milhões USD em 5 anos. Só podem estar doidos, a gastarem dinheiro em algo que não existe.
Ariana Cosme e Rui Trindade escrevem, hoje, dia da manifestação dos professores em Lisboa: «Está na hora de se reconhecer que este Governo e este ministro são, afinal, os melhores interlocutores que os professores e os seus sindicatos poderiam ter.»
diz o Der Terrorist.
Isto não é a Ribeira. E o <i> de Fontainhas não leva acento. É como o <i> de ladainha, rainha, grainha, etc. Siga.
“As autoridades *diz que sim”. Se as autoridades *diz que sim, estou mais descansado. Menos bola, menos precipitação, menos espectáculo, menos propaganda (“está a ser reposta a normalidade”…) e mais rigor, sff.
Nos últimos dias enquanto funcionário público, o CEO da Iniciativa Liberal cumpriu a promessa de tornar os liberais mais “populares”: agora chama-se Quim.
conduzido pelo Daniel Oliveira. O artigo no Expresso é aberto e merece ser lido.
o Presidente da República promulga o OE2023. Mas faz mal. Faz muito mal.
Em entrevista a Piers Morgan que sairá amanhã, Pedro Nuno Santos critica o seu anterior clube e diz que o cozinheiro do PS ainda é o mesmo do tempo do engenheiro Sócrates.
Se a renúncia ao cargo na TAP nos custou meio milhão, nem imagino a factura que virá com a demissão do governo. Que tal criar um imposto para acautelar o próximo job?
Andam para aí a dizer que Alexandra Reis recebeu uma indemnização milionária, mas a verdade é que mal chega para oferecer um Rolls ao marido.
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