Porquê RTP?

Ontem o Benfica jogou no seu estádio contra o Braga. Um bom jogo, disputado e sem grandes polémicas. Este foi o jogo que eu vi na RTP. Hoje, nas redes sociais e na concorrência da RTP, descobri que o canal público de televisão não me mostrou uma parte essencial do jogo. Censurou. Em directo e a cores.

Um jogador da equipa da casa, um veterano nestas coisas da bola, avançou para o fiscal de linha e agrediu-o. Sim, é uma agressão. Como outras do mesmo género que, infelizmente, se vê nos estádios de futebol em Portugal (e não só). E que, quando perante uma arbitragem que se dá ao respeito, termina na expulsão do jogador. Não foi o caso. O jogador Di Maria continuou impávido e sereno nas quatro linhas.

A RTP decidiu não mostrar o sucedido. Preferiu ignorar. A exemplo da equipa de arbitragem. Se esta não se dá ao respeito, a outra, a RTP, sempre tão lesta (e bem) a denunciar estas situações noutros estádios, preferiu não respeitar os seus telespectadores. São opções. Que dizem tudo. Que explicam muita coisa.

Alguns dirão que a Benfica TV, o Porto Canal ou a Sporting TV também o fazem. Não duvido. Só não são pagas pelo erário público. Só não são estações públicas de televisão. E não me venham com clubites, o que o Di Maria fez não é caso único. Nem será a última vez que vamos ver uma coisa destas. O que é caso único, que me lembre, é a censura da RTP. Porquê?

Lavrov na RTP: socorro, salvem-nos do putinismo!

Li por aí que entrevistar Sergey Lavrov é um acto de putinismo. A RTP já entrevistou Erdogan, Bashar al-Assad, Khadafi, José Eduardo dos Santos e outros personagens pouco recomendáveis durante a sua longa existência. E não me recordo de ter sido acusada de pactuar com qualquer um. Havia mais sanidade. Agora há menos noção. E hordas de virtuosos a salivar por mais censura. Tem tudo para correr bem.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana

Com o patrocínio da RTP.

No Linha da Frente transmitido ontem.

Exactamente.

É ou não é: gozar connosco?

Ligo a televisão na RTP e, sentados a uma mesa, num painel sobre o mundo laboral em Portugal, estão Carlos Oliveira, director executivo da Fundação José Neves, ligada à Farfetch (que tem estado nas parangonas por denúncias de abusos e assédios laborais e sexuais dentro da empresa), Estela Barbot, cujo apelido explica de onde vem e é presença assídua, desde 2019, no Bilderberg e, por último, Vieira da Silva, profícuo (só que não) antigo ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, antigo ministro da Economia, Inovação e Desenvolvimento e antigo ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Durante os cerca de dez minutos em que me mantive ligado, ouvi “menos Estado”, “baixar os impostos” e “privatizar”. Bastou-me para perceber qual a intenção do programa, como se o painel presente não tivesse sido, já, escolhido a dedo. Um pau-mandado do CEO da Farfetch, uma Barbot Bilderberg confidente de alguns chernes e um fracassado ex-ministro dos governos que mais liberalizaram a economia em Portugal. Para falar do mundo laboral, dois neo-liberais de berço e um neo-liberal adoptado por vias terceiras. Um espectáculo!

Depois de quase 3 décadas de privatizações em que o Estado rompeu com as suas responsabilidades e de borlas fiscais às empresas do PSI-20 que operam no país (as mesmas que distribuem milhões por accionistas, mas que colocam o dinheiro na Holanda), estas almas iluminadas de presunção acham que a melhor estratégia é fazer com que todos os portugueses comam ainda mais gelados com a testa. E, como se não bastasse, ainda conseguem dizer tudo isto sem se rirem, com uma lata descomunal de quem viveu, sempre, com o cu virado para o sistema solar inteiro.

O programa chama-se “É ou Não É?” e eu digo já que é. É, de facto, de uma falta de noção risível pôr os lobbies privados a render no canal público. Eu rio… e desligo a televisão.

A miserável qualidade da informação e a ganância em PT

Dá asco ou não dá, ouvir uma entrevista da RTP tão vazia que bem espremida se resume a 3 ou 4 novos dados em quase 11 minutos? De Galamba já sabemos que procura falar sem revelar nada de verdadeiramente importante da área que gere. Os cidadãos, quanto menos perceberem e souberem do assunto, melhor. Repetir qual papagaio as mesmas superficialidades chega a ser doloroso, mas não o rala. Por três vezes pensei que a entrevista tinha voltado ao princípio.

Da jornalista, que dizer? Em que mundo viverá?  Não havia uma perguntinha sobre o impacto ambiental da coisa? Nunca terá ouvido falar do impacto devastador na biodiversidade? Não havia uma perguntinha sobre protestos dos cidadãos? Não havia uma perguntinha sobre o fracking para obtenção do LNG que por ali vai adentrar? Não havia uma perguntinha sobre o tipo de contratos que vão ser feitos com a REN? Não havia uma perguntinha sobre os benefícios reais para o bem público?

Não há esperança. O reinado da ganância está de tal modo legitimado em PT, que a crise climática e a biodiversidade não passam de enteadas a enxotar. Interessa só e apenas o valor embusteiro do PIB e que se continue a consumir de modo a não haver amanhã.

Esta geração vai merecer o prémio histórico da Devastação. Mas até lá não lhes doa a eles a cabeça.

E é isto….

Jornal da tarde da rtp 1. O repórter passou o tempo todo da reportagem a dizer que não podia revelar o local onde estava por motivos de segurança. Nem a que distância estavam os combates…os colegas de Lisboa…acharam que deviam ser mais rigorosos….

Raquel Varela: Alexandre Guerreiro, és tu?

Li algures que existem pessoas que a certa altura decidem ser do contra por ser contra. Por muito desmiolada que possa ser a sua opinião e sendo elas pessoas não destituídas de inteligência. Dizem-me que é uma defesa. Um mecanismo natural do cérebro a defender-se de uma realidade que não querem ou não podem aceitar.

Eu sempre considerei a Raquel Varela uma pessoa sensata e dotada de inteligência. Mesmo não estando de acordo com imensas das suas opiniões. Mais, há meses fui um dos que escrevi que cheirava a perseguição toda aquela história das suas habilitações académicas e os “papers” supostamente repetidos. Por isso ainda estou incrédulo com as suas atitudes, mais do que as suas opiniões, no tocante à guerra na Ucrânia. O que leva Raquel Varela a parecer um Alexandre Guerreiro de saias nesta temática?

A última foi na passada sexta-feira, no programa na RTP em que participa, “O último apaga a luz”. De repente e com um ar até um pouco estranho, Raquel Varela começou a debitar que a bombardeada maternidade de Mariupol* tinha lá dentro o batalhão AZOV e que nem sequer estava a funcionar como tal. Bem, eu das “fontes russas” já tinha ouvido/lido que o ataque à maternidade tinha sido feito não pelos russos mas pelo tal batalhão AZOV. Mais tarde, como a coisa não pegou, veio uma nova versão, afinal tinham sido eles, russos, mas a maternidade já não funcionava como tal e era poiso do batalhão dos neo nazis do batalhão AZOV. Agora, confesso, não esperava ver uma Raquel Varela, transfigurada, em fúria e de cabeça quase perdida a debitar propaganda russa. Porquê? A que propósito?

Podia ter sido um caso isolado. Podia existir um qualquer erro de percepção solitário. Quem nunca? Só que não é. É uma narrativa constante de Raquel Varela no que toca à Guerra na Ucrânia e aos ucranianos. Alguns exemplos do que tem dito e escrito:

“É completamente incompreensível o cerco e a provocação que a NATO faz à Rússia através da Ucrânia” afirmou. Raios, a Ucrânia é que foi invadida. Será assim tão difícil de entender que essa narrativa não cola? Outra: “Zelensky provocou Putin com a adesão da Ucrânia à NATO”. Santo Deus, outra vez a história “a gaja até estava de mini saia”. E continua: “O que vem aí agora: A Ucrânia vai-se sentar à mesa das negociações e aceitar os termos da negociação que a Rússia vai impor” ou  “Isto que a Ucrânia fez é completamente suicida”.

Citando Luís Ribeiro, “Morreu a mãe e morreu o filho. E continua a haver gente a dizer “Sim, mas…”. “Mas a NATO. Mas os EUA. Mas o imperialismo. Mas o belicismo. Mas os nazis.” Expliquem todos esses “mas” ao bebé que morreu antes de viver”.

*The pregnant woman in the photo has died, according to the Associated Press. Her unborn child has also died. The woman was injured in the Russian attack on the maternity hospital in Mariupol on March 9. Photo: Evgeniy Maloletka via Instagram.

 

E se fosses fazer comparações ao c*ralho?

Entrevista na íntegra: https://youtu.be/fQBlLDywE3o

José Rodrigues dos Santos foi à rádio Observador comparar Auschwitz com os matadouros, onde se matam animais para consumo humano.

Para além de nunca se referir aos nazis como nazis, fazendo a vontade a Hitler e referindo-se aos nazis com o eufemismo de “nacional-socialistas”, o pivot do Telejornal da RTP decide fazer a comparação:

“Andamos sempre revoltados com o que os ‘nacional-socialistas’ fizeram na Alemanha, em Auschwitz, mas nunca nos revoltamos quando temos um matadouro a matar seres conscientes a cem metros de nossa casa (…)”.

Ou seja, para Rodrigues dos Santos, saciar a fome é, em última instância, comparável a pôr minorias étnicas, sexuais e religiosas em fornos de gás, com o intuito de eliminar os “impuros”. [Read more…]

Breve nota a sobre guerra ideológica em curso

Trouxe esta imagem do Facebook do Ricardo Paes Mamede, que nos propõe um exercício em que a sondagem da Universidade Católica para o Público/RTP surge como um espelho dos vários combates ideológicos em curso, pese embora a ausência de critérios ideológicos no centrão das negociatas, bem espelhada na legenda.

Destaque positivo para a queda do Chega, deixando claro que a extrema-direita começou finalmente a perder terreno, apesar do desfecho da Operação Marquês e da existência de Eduardo Cabrita, que Ventura já não consegue cavalgar com a destreza populista de outros tempos. A máscara anti-sistema caiu e já não há muito que a propaganda possa fazer por ele. Com tanta cabritice, haja uma boa notícia para animar a democracia.

Citações: A RTP que você paga e bem

O João Gonçalves no JN a explicar como a coisa funciona:

O dr. Paulo Portas esperou pela altura que mais lhe convinha para largar uma frase, outra, no “Expresso”. Se houvesse mexidas na RTP, então o CDS tinha de rever os termos do acordo de governação. Passos Coelho, que tinha mais com que se preocupar, deixou cair o assunto numa reunião melancólica em S. Bento, no Outono de 2012, aquando da apresentação de modelos alternativos de gestão. Gaspar fez orelhas moucas. E o regime ganhou. Miguel Poiares Maduro que, meses depois, sucedeu a Relvas, criou o Conselho Geral Independente da RTP. Filtrado pela composição circunstancial do Parlamento, o CGI passou a indicar a Administração da empresa. Foi assim que, 70 mil euros depois, pagos à consultora Boyden (onde Rio trabalhou), aparece Nicolau Santos para presidente do CA da RTP. Ainda presidente da Lusa, Nicolau nem por isso deixou de comentar nas televisões e na Antena1, de forma invariavelmente favorável ao PS e ao Governo. No grupo Impresa, chegou a promover um falso “alto funcionário da ONU” que incensou no ecrã e em prosa vária. A Oposição, a começar pelo PSD, vai deixar passar o simpático Nicolau, um homem para todas as estações.

Astrologia no tempo da RTP pela Verdade

A propósito da saída das redes sociais dos médicos pela verdade, em 2003 organizei uma petição com cerca de 40 investigadores, entre os quais o Prémio Nobel Georges Charpak, a Prof.ª Teresa Lago e o Prof. Rui Agostinho, que acompanhou queixas a vários órgãos de soberania e reguladores públicos contra a rúbrica de astrologia no Programa Praça da Alegria. Nesse ano, o serviço público de televisão pagava chorudamente a uma astróloga para desinformar os espetadores, que chegou ao ponto de descompor uma espetadora em direto alegando que esta não tinha nascido no dia que lhe tinha indicado, isto para justificar uma previsão anterior que não se tinha concretizado. O processo que se seguiu à queixa não foi nada fácil, com a agravante de ouvir as críticas de alguns dos meus pares porque achavam eles que se deveria ignorar os astrólogos, que só ganhavam força com a minha queixa, etc. Mais de um ano e meio depois da queixa a astróloga saiu mesmo da RTP, segundo o que foi dito saiu pelo seu próprio pé, sem que a própria RTP tivesse alguma vez justificado que serviço público providenciava essa rúbrica de astrologia ou tivesse formulado qualquer pedido desculpas aos espetadores.


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Santa Maria da Azia

Estava a precisar deste desconfinamento da sisudísse. Vamos lá ver como fica o stock de Kompensan após as 20h. O que não há-de ser problema numa vila com tal padroeira.

Ao cuidado do candidato Vitorino Silva

A RTP anuncia o debate com TODOS os candidatos. Todavia, o anúncio do debate com todos os candidatos só dá palco a seis candidatos e ao moderador. Os candidatos são sete.

Francamente, RTP, não havia necessidade.

Declaração de interesses: não apoio qualquer candidato.

Debates Presidenciais 2021: Marcelo toma um chá com Marisa, Ventura arrasta Ferreira para o lamaçal

Dois debates, de escassos 30 minutos.

No primeiro, onde reinou a educação e a cordialidade, Marcelo foi um elegante cavalheiro. Elogiou a adversária, tendo mesmo ido buscar a questão da luta pelo estatuto do cuidador informal – Marcelo, o hábil analista, fez, como se esperava, um bom trabalho de casa – elogiou o Bloco e até pediu ao moderador para deixar Marisa Matias concluir, quando Carlos Daniel queria passar a palavra ao presidente em funções. Gostava, sinceramente, de ver um Marcelo que não fosse a jogo com a eleição ganha. Assim é só chato. E, no meio do aborrecimento, onde ambos estiveram bem, parece-me, Marisa soube mostrar as garras, mas a teia de Marcelo ocupava já todo o estúdio.

No segundo, a antítese. À primeira pergunta, dirigida a João Ferreira por uma moderadora incapaz de segurar um André Ventura full-Trump mode, o líder do Chega demorou poucos segundos para começar a interromper ininterruptamente o adversário, com piadolas, risos histéricos e chavões. A escola CMTV de discussão futebolística hardcore. Foi um debate penoso. Ventura falava na sua vez e na vez de Ferreira, repetia a táctica Venezuela-URSS-Coreia do Norte (alguém o avise do bromance entre o seu ayatollah Trump e o seu amor norte-coreano, Kim) à exaustão, e tanto se esforçou que lá conseguiu, mais para o final, arrastar João Ferreira para o seu território: a lama. E conseguiu o que quis: caos e histeria. E a moderadora terminou o debate como começou: ausente. Um péssimo debate, excelente para perceber o manipulador populista que André Ventura é.

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A alt-right tuga, de lápis azul na mão

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A mesma direita que se insurge contra todos os protestos anti-racistas, que proclama o regresso do totalitarismo a cada estátua vandalizada, que exige a normalização e a aceitação do discurso de ódio, como se de liberdade de expressão se tratasse, que rasga as vestes porque a escola foi tomada de assalto por uma ideologia que não a sua, a única que pode aceitar e que inclui mulheres na cozinha e crucifixos na parede, e que arranca cabelos porque politicamente correcto e tal, mobilizou-se para cancelar uma série na RTP2 – Destemidas – porque, pelos vistos, é inaceitável que duas mulheres se beijem na televisão pública. Toureiros a torturar animais sim, guerras e mortos em directo também, mas ai de nós que duas mulheres se beijem! A menos que seja numa telenovela brasileira, na Anatomia de Grey ou num filme qualquer. [Read more…]

O fim-de-semana da RTP

No outro dia, a RTP enganou-nos, dizendo que a semana de calor estava a acabar.

Hoje, a RTP recuperou a forma ortográfica clara.

Todavia, pouco depois, sabe-se lá porquê, a RTP arrependeu-se.

Dizem por aí que está tudo bem.

É provável.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

Isto é normal?


O programa da tarde da RTP, agora mesmo, a transmitir em directo de um Lar, com os idosos todos amontoados.

A susceptibilidade e os espectadores

Em vez de se preocupar com a *suscetibilidade dos *espetadores,

convinha que a RTP prestasse mais atenção à susceptibilidade dos espectadores. E dos telespectadores.

Ou há ortografia

ou comem todos.

No sítio do costume, ’tá tudo bem:

Efectivamente, tudo bem. Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

Quem quiser que acredite

Lamento, mas não compro a narrativa sobre a demissão de Paulo Dentinho. Nem por sombras. Já há muito que me surpreendia a tolerância que parecia haver, por parte do director de informação, à vertiginosa descida da RTP no que respeita a uma equidade mínima na informação, no modo como ia fenecendo o sentido ético e deontológico que ainda por lá restava. E falo de surpresa porque, apesar de tudo, não considero Dentinho dos piores, longe disso.

Situações que vão ocorrendo, tratadas de modo inqualificável pela estação – as eleições brasileiras, por exemplo – , provavelmente terão levado ao limite o sentido de decência que resta a Paulo Dentinho. As pressões devem ser tremendas e a malta do Observador vai afiando o dente, já que não lhe chega o Dentinho. As explicações públicas tresandam a arranjo patrocinado pela entidade patronal. Quem quiser que acredite.

Run, Cavaco, Run

A atrapalhada fuga de Cavaco Silva, poucos minutos após a chegada do presidente Marcelo à inauguração do novo campus da Universidade Nova, foi uma das cenas mais hilariantes a que assisti na vida. Cavaco, em passo acelerado, como se um jovem de 20 e poucos anos se tratasse, a escapulir-se esfarrapadamente do evento, não fosse Marcelo descer ao seu nível, é um momento de televisão para recordar. [Read more…]

Os agentes da ortografia

Quis pedir ajuda, mas a língua estava morta.
Mesa & Rui Reininho

Si cada español hablara de lo que sabe y solo de lo que sabe, se haría un gran silencio nacional que podríamos aprovechar para estudiar.
— Manuel Azaña (apud Felipe González)

Wenn der Mann auf dem Bett liegt und dieses ins Zittern gebracht ist, wird die Egge auf den Körper gesenkt. Sie stellt sich von selbst so ein, daß sie nur knapp mit den Spitzen den Körper berührt; ist diese Einstellung vollzogen, strafft sich sofort dieses Stahlseil zu einer Stange. Und nun beginnt das Spiel.
Franz Kafka, (ARD, adapt. 00:26:51)

***

Há erros ortográficos que nos dão indicações importantes sobre aspectos fonéticos e fonológicos. Um *’fato’ em vez de ‘facto’ ou um *’contato’ em vez de ‘contacto’, por exemplo, dão-nos interessantes pistas sobre as quais nos podemos debruçar hipoteticamente logo no segundo ponto deste decálogo. De igual modo, é sabido (por exemplo, por Cook) que um falante de uma língua estrangeira, através de certas características ortográficas presentes em textos escritos nessa língua — e não só com dados denunciados pela pronunciação —, pode desvendar particularidades do sistema fonológico da língua materna e não só do sistema de escrita em que o falante, leitor e escrevente aprendeu a ler e a escrever.

Também é sabido há muito (por exemplo, por Maria Helena Mira Mateus) que um <s> em vez de <ç> (como a *’insersão’ em vez de ‘inserção’ dos autores da Nota Explicativa do Acordo Ortográfico de 1990) demonstra a falta de adequação do “critério fonético (ou da pronúncia)”, pois “a ortografia portuguesa é fonológica e etimológica e não fonética”. Sabe-se agora também que <ç> em vez de <s> (como um *’dorço’ em vez de ‘dorso’) leva a polícia brasileira a ter dúvidas sobre a autenticidade de documentos.

Adiante.

No sítio do costume, tudo como dantes.

Através da RTP, percebe-se, [Read more…]

A pós-verdade e o admirável mundo fake

Serviço público de elevada qualidade. O meu sentido agradecimento às pessoas que fizeram este documentário, que merece ser aplaudido e divulgado. A RTP devia ser isto mais vezes.

Corrupção activa, corrupção ativa e corrupção passiva

Das Zusammenpacken und Beladen des Rads am nächsten Morgen ist längst zur Routine geworden.

— Dirk Rohrbach

Avant, pour les mâles, dehors, le travail à la main faisait la règle générale : pelle, pioche, fourche, hache, pic ou rivelaine, faux. Pendant la guerre, ils obtinrent des cartes d’alimentation au titre de travailleurs de force. Pas de mécaniques pour lever les charges, aucun moteur pour soulager la peine, tout au biceps, le dos courbé.

Michel Serres

Là, tout n’est qu’ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.

Baudelaire

***

É um dos preços da passividade: assim se escreve, actual e activamente, em português europeu.

Efectivamente, também temos a prática habitual do sítio do costume quer no Jornal de Notícias,

quer no Expresso,

quer, como se espera, no sítio do costume.

Por sinal, esta imagem provém de um acordo que substitui outro, publicado no sítio do costume, em Novembro de 2014.

Descubramos as diferenças [Read more…]

Ilusionismo ortográfico

Efectivamente.

Autoridade Nacional de Protecção Civil 5-1 Rádio Televisão Portuguesa

Efectivamente, da selecção

Exactamente, RTP. Da selecção.

Como sabemos, ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.

E o Acordo Ortográfico (de 1990, no caso em apreço) serve para quê?

Serve para inglês ver.

Efectivamente. Viva a selecção.

***

Convento, Tomar mais cuidado com as Fogueiras da Inquisição

Depois da tempestade mediática a propósito de incomensuráveis e gravíssimos danos provocados no Convento de Cristo, em Tomar, pela equipa do filme “O Homem Que Matou Dom Quixote”, tempestade criada, como é habitual, pela apresentação unilateral daquela versão dos factos que mais interessa ao “clickbait” e à inflamação das audiências – e sem prejuízo do resultado do inquérito que será sempre necessário aguardar para formar uma opinião mais consistente sobre o assunto – entendi, porque prezo o contraditório e torço o nariz quando esse princípio não é devidamente respeitado por quem o deve respeitar (os jornalistas, óbvio), republicar o seguinte esclarecimento da produtora UKBAR, responsável pelas condições de rodagem do filme parcialmente rodado no Convento de Cristo:

[Ukbar Filmes]

“Em virtude das alegadas informações que têm sido veiculadas nos últimos dias relativas a “destruição” no Convento de Cristo em Tomar durante a rodagem do filme “O Homem Que Matou Dom Quixote” do realizador Terry Gilliam, cabe à UKBAR, produtora portuguesa do filme, assumir as suas responsabilidades e esclarecer o seguinte:

Verificaram-se, de facto, alguns danos, que foram devidamente contabilizados, pela equipa de peritagem associada ao Convento, que tão bem conhece o espaço e fez a sua avaliação antes e depois da rodagem. Para que conste, esses danos saldaram-se em seis (convencionais e de fabrico recente) telhas partidas e quatro fragmentos pétreos de dimensões reduzidas e variáveis, de aproximadamente 8 centímetros, no máximo. Importa também esclarecer que, segundo o perito independente, nenhum destes danos foi causado por algum tipo de uso indevido ou excessivo, mas poderia ter ser provocado por qualquer visitante. Em referência às tarefas de recuperação, irão ser aplicadas as mesmas técnicas que se aplicam habitualmente para este tipo de construção e que o Convento utiliza ano após ano para tratar a deterioração habitual do mesmo. Os danos a reparar estão contabilizados num orçamento total de 2.900€.

No que toca ao corte de árvores, ele ocorreu durante a limpeza no final da rodagem, tendo os serviços do Convento de Tomar justificado a decisão com o facto de não se tratarem de espécimes autóctones (e que foram plantados há alguns anos para a rodagem de outro filme), que deveriam ser substituídos.

No que à utilização do fogo dizia respeito, ele não pôs de forma nenhuma, em momento algum, a integridade do edifício, nem dos presentes na rodagem, em causa. Sob a supervisão do Comandante do Corpo dos Bombeiros Municipais de Tomar e de elementos da Proteção Civil, os bombeiros foram convocados, fizeram-se presentes e estavam alerta para qualquer eventualidade. Mas a sua intervenção não foi necessária, uma vez que tudo se processou dentro da normalidade e com o profissionalismo que a situação exigia.

Desde o primeiro momento, tivemos consciência da responsabilidade de estar a utilizar um espaço histórico, que para além de Monumento Nacional é Património Mundial, e nunca nos passaria pela cabeça desvirtuar. Alertámos todos os participantes na rodagem para esse facto de forma a que se movimentassem com delicadeza e respeito. Foram cumpridas todas as condições estipuladas nos termos do aluguer do espaço. Houve sempre acompanhamento técnico por parte dos profissionais do Convento, tanto nos períodos diurnos como noturnos; e foi também nossa preocupação que o seu normal funcionamento fosse afetado o mínimo possível. Não deveriam, portanto, a mesquinhez e as pequenas invejas ser suficientes para criar fantasmas que atentem contra o potencial que nosso cinema tem.

Este filme trouxe a Portugal um capital genuíno e criou trabalho para técnicos, atores e empresas portuguesas. Veio demonstrar também que Portugal tem talento e capacidade para estar a par de países com mais avultados recursos económicos. Quando o filme estiver concluído, teremos um grande orgulho em mostrar ao mundo inteiro um edifício com a riqueza cultural milenar do Convento de Tomar, que será projetado em ecrãs à escala planetária. E contribuirá, esperamos, para incrementar o interesse em Portugal, trazer mais turistas ao país e chamar a atenção para o cinema – e a cultura – que aqui se produz.
Para mais informações ou esclarecimentos, contactar, por favor:

press@ukbarfilmes.com

http://www.ukbarfilmes.com/

 

 

 

A actualização da foto (alternativa) de capa de Carlos Abreu Amorim

Um destes dias, um leitor alertou-me para uma actualização facebookiana peculiar. O deputado Carlos Abreu Amorim tinha uma nova foto de capa mas a dita não era propriamente nova. Ou tampouco uma foto. Era um print screen de uma peça da RTP sobre a emigração pós-troika, de Outubro de 2012, e o jovem na imagem, escolhido pelo social-democrata para forrar o topo do seu perfil no Facebook, tinha acabado de escrever uma carta ao então presidente Cavaco Silva. Uma carta onde afirmava sentir-se expulso do país. Um país governando por Pedro Passos Coelho, que Abreu Amorim apoiou incondicionalmente.  [Read more…]

O défice, os parasitas e a propaganda

No final da passada semana, quase à mesma hora, Público e RTP trouxeram Conselho de Finanças Públicas à baila. No primeiro, ao bom velho estilo marxista que por lá impera, destacava-se a possibilidade, aventada por Teodora Cardoso, sobre os perigos de um défice acima dos 3%. Na estação pública, naturalmente controlada pela Geringonça, é referido um relatório do CFP, que aponta para um défice de 1,7% em 2017, caso o sistema bancário não entre novamente em colapso. 

Três dados a reter: 1) apesar de Teodora Cardoso, o CFP parece ter deixado de contribuir para o peditório do Diabo, 2) o problema continua a ser o mesmo – os bancos, os seus parasitas e as suas vidas acima das suas possibilidades, que continuam a pôr o país em xeque – e 3) o Público do senhor Dinis não se limita a purgar a sua redacção de perigosos esquerdalhos, tendo já adoptado o idioma oficial da propaganda de direita.

A insustentável leveza da generalização xenófoba

paulo-dentinhoPedro Pereira Neto


Paulo Dentinho
, na sua qualidade de director-logo-especialista-em-tudo, em directo a generalizar a partir de pessoas que vão a mesquitas para pessoas que são terroristas, falando de “esta gente”. Nada de novo.
Talvez na sua qualidade de português-logo-católico-logo-equivalente-ao-terrorista-cristão-anders-breivik, devesse ter algum cuidado com a ligeireza da generalização xenofobico-doce que aplica a outrém.
Nem vou comentar esta prática de consanguinidade profissional de fazer-se convidar para o noticiário do próprio canal: prefiro deter-me na constatação de que estamos tão bem servidos de pirómanos nas ruas como nas redacções.

Talvez por isso seja tão mais fácil noticiar Wilders em vez de Klaver. Talvez também não seja apenas nas forças de segurança que o pensamento exclusivista tem ganho terreno.