“Estranhíssimo”, disse Cavaco

Cavaco Silva classificou de “estranhíssima” a decisão de substituir Joana Marques Vidal. Já eu classifico de “estranhíssimo” o facto de não haver um único dos seus amigalhaços do BPN atrás das grades, apesar da épica cruzada da PGR cessante. Ele há coisas estranhíssimas, não há?

Mas, uma vez que estamos no campo do “estranhíssimo”, quem se lembra daquela vez em que o candidato Cavaco convidou uns quantos amigos da Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN, para a comissão de honra da sua segunda candidatura à presidência da República? Entre outros “notáveis“, estava lá Fernando Fantasia, o tal da célebre (e estranhíssima) permuta na aldeia do cavaquistão, esse grande amigo de Cavaco Silva que nos deve quase 250 milhões de euros. Por falar em dívidas, alguém me sabe dizer se Cavaco Silva já pagou o que nos deve do IMI que não pagou da sua residência na rua do BPN? É no mínimo estranhíssimo que um político tão experimentado, que ocupou os mais variados cargos, incluindo a pasta das Finanças, não conheça as suas obrigações fiscais. [Read more…]

Da intocável elite caloteira

BPN

Escreve Nicolau Santos, no Expresso Diário de 28 de Dezembro:

Perguntam os meus colegas: «Sabe quem é Emídio Catum? É um desses empresários da construção, que estava na lista de créditos do BES com empresas que entretanto faliram. Curiosamente, Catum estava também na lista dos maiores devedores ao BPN, com empresas de construção e imobiliário que também faliram». E como atuava Catum? «O padrão é o mesmo: empresas pedem crédito, não o pagam, vão à falência, têm administradores judiciais, não pagam nem têm mais ativos para pagar, o prejuízo fica no banco, o banco é intervencionado, o prejuízo passa para o Estado». Simples, não é, caro leitor?

A pergunta que se segue é: e o tal de Catum está preso? Não, claro que não. E assim, de Catum em Catum, ficámos nós que pagamos impostos com uma enorme dívida para pagar que um dia destes vai levar o Governo a aumentar de novo os impostos ou a cortar salários ou a baixar prestações sociais. Mas se fosse só o Catum… Infelizmente, não. Até as empresas de Luís Filipe Vieira deixaram uma dívida de 17 milhões do BPN à Parvalorem, do Estado, e tinham ainda por pagar 600 milhões de crédito do BES. O ex-líder da bancada parlamentar do PSD, Duarte Lima, deixou perdas tanto no Novo Banco como no BPN. Arlindo Carvalho, ex-ministro cavaquista, também está acusado por ilícitos relacionados com crédito concedido pelo BPN para compra de terrenos. E um dos homens fortes do cavaquismo, Dias Loureiro é arguido desde 2009 por compras de empresas em Porto Rico e Marrocos, suspeita de crimes fiscais e burlas. Mas seis anos depois, o Ministério Público ainda não acusou Dias Loureiro, nem o processo foi arquivado.

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