Os rankings e o colaboracionismo dos professores

Copio do facebook do José Gabriel, com uma vénia demorada, um excerto que corresponde àquilo que penso sobre a publicação dos rankings, ou melhor, sobre o modo como os rankings são interpretados: «Esta fraude estatística, destinada, inicialmente, a acalmar os ardores hormonais das direcções do Público – e, como é costume, a sangrar o erário público a favor das empresas privadas -, transformou-se numa anedota de efeitos nefastos e pasto fácil de comentários analfabetos.»

Não me espanta, portanto, que os ignorantes atrevidos e mal-intencionados continuem a transformar este rito anual num momento de propagação da ideia de que os rankings são um instrumento de avaliação do trabalho das escolas.

Também já não me espanta, por ser habitual, que, ao fim destes anos todos, directores de escolas e professores se tenham deixado contaminar por esta febre, ao ponto de comemorarem subidas em rankings ou de transformarem descidas em momentos de pura depressão, aceitando méritos ou culpas que não lhes cabem completamente, contribuindo para que a Educação não seja verdadeiramente discutida, aceitando o pensamento simplista de que o sucesso dos alunos depende apenas das escolas ou a ideia de que as escolas devem assumir uma atitude de concorrência empresarial, desvirtuando, afinal, a sua função.

Um dos problemas da Educação – que são muitos – consiste, cada vez mais, no facto de que os professores interiorizam – ou normalizam, como está na moda – os disparates proferidos e impostos por ignorantes e vendedores de banha da cobra com poder político e/ou mediático. Quando, numa área de actividade, os profissionais agem contra a própria área, a esperança é cada vez menor. Hoje, é dia de rankings: não faltarão patetices.

Sobre rankings, apenas o óbvio…

Enquanto cidadão importa-me e muito que Portugal tenha os melhores quadros superiores. Se tiver um problema de saúde espero ser atendido por um profissional médico altamente especializado e qualificado, da mesma forma que confio nas capacidades do engenheiro ou arquitecto que constroem as pontes que cruzamos ou edifícios onde trabalhamos e habitamos. [Read more…]

Leituras em dia de rankings

Em dia de divulgação dos rankings dos exames, aí ficam algumas ligações, sendo de saudar que alguma comunicação social já consegue fazer títulos sem que se caia na asneira de insinuar que os ditos rankings são um instrumento de avaliação do trabalho das escolas ou dos professores. Lede, leitores.

 

Colégios voltam a dominar o ranking dos exames (note-se: “dos exames”)

Os rankings escolares são como as omeletes

O “ranking” das escolas que mede o sucesso dos alunos

Da Causalidade Lógica e Factual

Ministro da Educação diz não ser “adepto” de listas

Há mais vida para lá dos rankings

Os rankings no Aventar

A olhar para os rankings

Sempre que são publicados os rankings, voltam os mesmos erros de análise, o que quer dizer que o sol continuará a ser tapado com uma peneira.

Dos insurgentes e comentadores similares não se pode esperar mais do que um simplismo algo hermético, porque, para gente desta, resolver os problemas de Educação em Portugal resume-se a olhar para quem fica no topo dos rankings.

Os responsáveis pelos colégios, para explicar os bons resultados, portam-se, obviamente, como directores de empresas que têm um produto para vender (e, com isto, não pretendo pôr em causa a qualidade dos profissionais que aí trabalham, incluindo os próprios dirigentes). João Trigo, director do Colégio do Rosário, explica que os bons resultados se devem a “uma aposta na formação global dos alunos”, o que é tão vago que pode ser aplicado a muitas outras escolas cuja colocação no ranking seja inferior. O mesmo director atribui a fama de elitista ao facto de “os pais dos (…) alunos terem de ter dinheiro para pagar as propinas”, necessárias para a sobrevivência da instituição. [Read more…]

Rankings leva-os o vento

Mais uma vez, saudavelmente, foram publicados os chamados rankings das escolas. Dito de um modo simplista, foi publicada uma lista ordenada de acordo com os resultados obtidos nos exames nacionais. Tal publicação pode e deve ser sempre objecto de reflexão. A verdade é que, graças à sociedade da pseudo-informação em que vivemos, não há verdadeiro debate nem reflexão autêntica, há sobretudo tiques e reacções.

Neste texto, o nosso Pedro Correia exprime preocupações legítimas, fazendo o mesmo nas respostas aos comentários. Também legitimamente, na mesma caixa comentários, o João José Cardoso lembra que, muitas vezes, estamos a comparar o incomparável, tendo em conta que nas escolas privadas é possível escolher ou expulsar alunos, não sendo, ainda, possível esquecer que, muitas vezes, entre o público e o privado há uma diferença brutal no que respeita ao estatuto socioeconómico e/ou sociocultural dos alunos, factores que têm uma grande influência no rendimento escolar, graças a pormenores que vão desde a estimulação precoce até à importância concedida à necessidade de aprender. [Read more…]