Acordo Ortográfico: a leviandade de José Eduardo Agualusa

Descobri no facebook estas declarações de José Eduardo Agualusa acerca do chamado acordo ortográfico.

O escritor começa por considerar que o acordo “não tem importância nenhuma; é irrelevante”. Por outro lado, declarou que o absurdo estava no facto de “haver duas ortografias.”

Em primeiro lugar, parece-me que a alusão a uma alegada irrelevância do acordo poderia ser motivo suficiente para não criar este ou qualquer outro acordo. É claro que, a ser irrelevante este acordo, também podemos afirmar que é indiferente produzir este ou outro qualquer, uma vez que também pode haver coerência na leviandade.

A conjugação entre as duas afirmações torna a primeira ainda mais estranha, porque, para deixar de haver duas ortografias, um acordo ortográfico passaria a ser relevante.

O facto de Agualusa concluir que a existência de duas ortografias era um absurdo leva-me, antes de mais, a pensar que o ingénuo escritor está convencido de que o chamado acordo ortográfico criou uma única ortografia, asserção que corresponde à banha da cobra vendida pelos acordistas, quando se sabe que isso não é verdade.

José Eduardo Agualusa transforma-se, assim, em mais um estranho exemplo de um homem culto que devia informar-se.

Comments

  1. Maria de Fátima Bizarro says:

    Pois, o irrelevante deve advir do facto de, a partir do acordo, cada um poder escrever como lhe der na real gana e estar sempre tudo certo.

  2. Pedro Pinto says:

    O escritor José Eduardo Agualusa é mais um acordista passivo que acredita acriticamente que o “acordês” vai unificar a grafia do Português.
    Sou levado a deduzir que ainda não leu as bases, a nota explicativa e os protocolos modificativos do AO90.

  3. Pedro Marques says:

    Só quero acrescentar que não são duas ortografias, mas sim 4, a do Português do Brasil, o ao45 que é a que está em vigor, o a90 o pior de todos os acordos, e por fim os que chateados com isto tudo passaram a usar a ortografia antiga sem alterações. Unificou-se alguma coisa? Não! Mas há gente a ganhar com isto, e não devem estar a ganhar pouco!

  4. maria celeste ramos says:

    Pois eu ouvi a entrevista com Água Lusa e fiquei admirada – mas fica assim – e lamento porque ele é uma “voz ouvida” e com responsabilidade intelectual, pelo menos, mesmo sendo moçambicano e tendo liberdade de usar a lingua como queira e que pretende universal e não apenas “local”

  5. ingénuo escritor? ele é um comerciante, sócio de uma editora brasileira, a lingua geral…

  6. Homem culto?!…

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