Tristes políticos

Passos Coelho disse que “estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida (…)”.

Ferreira Fernandes, jornalista do DN, escreveu ontem sobre as tristes declarações do PM partindo do «estigma»: “Do que menos precisamos é de um primeiro-ministro armado em psicólogo. Queremos um que trate das coisas. Podia começar por isto: arranjar quem lhe corrija os discursos”.

Por seu turno, no mesmo dia e no mesmo diário, Paulo Baldaia (TSF) preferiu ter como ponto de partida a ideia «mudar de vida». Perguntou “com honestidade”: “alguém pode considerar que o primeiro-ministro estava a defender que não é mau estar no desemprego?

Sobre o mesmo assunto, sabemos que as opiniões divergem.

Portugal tem, neste momento, uma taxa de desemprego de 15,5%. Estas declarações não caiem nada bem. «Mas estão descontextualizadas», pode dizer-se.

Mas o que ouvimos, na maior parte das vezes, são pedaços de discursos muito bem selecionados pelos jornalistas com um objectivo: despoletar reações imediatas.

Esta história faz lembrar as declarações também muito tristes do nosso PR que confessou, coitado, que não tinha dinheiro para as suas despesas… Houve até uma petição a correr para que o mesmo se demitisse.

Efetivamente, os nossos políticos têm cometido inúmeras «gafes», num descuido tremendo relativamente às consequências e efeitos das suas palavras.

E não, eles não precisam que os seus discursos sejam corrigidos.

Já nem no «politicamente correto» eles são competentes. 

Os portugueses têm que saber e ter ainda pachorra para ler nas entrelinhas dos discursos políticos, desculpar os dias «não» de suas excelências, ser compreensíveis, perceber que eles agem e falam sempre de «boa fé» e subentender o que não disseram mas queriam dizer.

Mais vale estarem calados, em vez de se armarem em psicólogos sem curso.

Uma mãozinha à frente da boca não era má ideia…

Comments

  1. maria celeste ramos says:

    Depois de Cavaco Silva como primeiro ministro na dácada de 80 que foi o princípio do FIM não há como rer esperança em que há um melhor – como Passos Coelho – que decreta mesmo o fim – e não se pode despedir ?? – mas que fatalidade – ai ai ai

  2. MAGRIÇO says:

    Certa vez, numa visita a uma imensa fazenda no Nordeste Brasileiro, alguém do grupo, entusiasmado com as potencialidades da flora local, perguntou ao cicerone – o dono da fazenda – se não havia nada que evitasse o excesso de peso e ficámos todos suspensos quando o ouvimos dizer que sim, para logo acrescentar: “manter a boca fechada”. Eis uma receita que devia ser seguida por alguns políticos menos inspirados da nossa praça.

  3. Maria de Fátima Bizarro says:

    Parafraseando um anúncio antigo: “Mas que raio de políticos nós havíamos de arranjar!”

  4. Konigvs says:

    Eu acho que os aspirantes a políticos deviam fazer uns cursos, ou uma daquelas experiências da vida, uma experiência em ser um homem do povo por uns meses.
    O Cavaco, naquela que considero uma das suas maiores gafes, olha para um queijo e diz para o homem que lhe mostrava a fábrica “este é grande, deve ter quê? dois quilos?” ao que o homem meio indignado responde “ooonze quilos”!!
    Como é que é possível ter-se um presidente que não sabe mais ou menos quanto pesa um saco de arroz ou um saco de batatas? Bem sei que o homem disse certa vez que os Lusíadas tinham quatro cantos, mas essa até lhe desculpo, a maioria dos portugueses também não sabe, mas devia saber coisas básicas, com as quais nós homens e mulheres comuns somos obrigados a saber para viver.
    Os futuros governantes deviam fazer um exame de admissão e só se passassem com mais de 80% poderiam governar!! Uma coisa deste género:

    – Quanto custa 1L de leite?
    – Quanto custa uma senha de autocarro?
    – Quanto custa um saco de fraldas?
    – Refira pelo menos três marcas do grupo INDITEX.
    – Fazer Porto/Lisboa/Porto num carro que consuma 5L/100Km, quanto se gasta em combustível + portagens?
    – Quais as estradas nacionais alternativas às ex-SCUT A28, A29, A25?.
    -Numa urgência dum hospital público qual é a prioridade de um doente com uma pulseira amarela?
    -Qual a velocidade média da internet na ilha do Corvo?

    Depois outro exercício que qualquer aspirante a político deveria ser obrigado o a fazer era viver durante meio ano só com 485€ + sub. de alimentação/mês e governar-se exclusivamente com esse dinheiro. Como é que alguém pode governar se não sabe o que é estar no lugar de milhões de pessoas que vivem com reais dificuldades?
    Também acho que os governantes deveriam estar à experiência, como se faz agora nos contratos de trabalho. Findo esse prazo as pessoas se as pessoas não gostassem mandavam-no embora e vinha um estagiário fazer o trabalho enquanto não fosse eleito outro para o lugar!!

  5. Jorge Anyous says:

    A fazer fé nas sondagens do CM nós merecemos o PM que temos.
    Com a percentagem de desempregados que existem num país decente ao fim do dia estava a dar explicações ao Presidente da Republica.Mas é o que se vê.

  6. MAGRIÇO says:

    Caro Konigvs, acho que está a ser um pouco condescendente com Cavaco Silva: é certo que a maioria dos portugueses não sabe quantos cantos tem os Lusíadas, mas a maioria dos portugueses não são professores universitários e muito menos presidentes da república. Apoio incondicionalmente o seu projecto de reciclagem para políticos. 🙂

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