Umas das coisas mais prodigiosas da sub-democracia portuguesa é a flexibilidade funcional dos seus actores políticos: depois de exercerem funções ministeriais ou de deputação, funções aliás guardadas caninamente como se fossem absolutos e propriedade privada [no caso de ASS, são o supremo altar a si mesmo] dão em comentadores nas TV. Que cansaço! Uma pouca vergonha.
Isenção? Zero. Distanciamento crítico? Nulo. Que é que se pode esperar de novo, autónomo, pessoal, de cromos sistémicos, repetidos, melífluos, como ASS ou a matrafona Câncio vagamente jornalista?! E depois há isto: são sempre os mesmos. Sempre. Sobretudo socialistas; os socialistas abancaram-se nos media para evacuar inanidades, encher de verbo e pastéis-pentelho todos os interstícios de antena, mal refeitos da grande festa rapace. Uma pouca vergonha.
Ver Vieira da Silva em grandes perorações morais de dedo indicador, no Parlamento, revolve as tripas, tal como saber que há um ASS na TVI24, por exemplo a ‘analisar’ o Affaire Relvas, esse nó górdio de aselhice na legislatura em decurso. ASS e Câncio, com as suas cábulas manhosas, são faces de uma mesma moeda jurássica: extintos, corridos, e ainda estrebucham qualquer coisa repleta de mofo para dizer e que de todo não vale a pena ouvir. Uma pouca vergonha!
São exigências do mercado. Há mercado, as TVs fornecem o produto. O povo gosta de ouvir os seus líderes e intelectuais para encontrarem a salvadora ideia: quem sabe se ela não está na boca de Paulo Rangel? Marques Mendes? o pantólogo Marcelo?…
E se fossem só estes 2 …!!!
Eles são os Duques, os Cantigas, os Bentos, os Macedos, os Feios, os Mendes, os Félix, os Rebelos, os Rangéis, os Barretos, os Sobrinhos, os Júdices, os Dâmasos, os Baldais, os Espírito Santos, e mais os Cantigas e os Duques, os Cravinhos, os ASS, os Zorrinhos, e mais os Macedos e os Duques e os Cantigas e os Esteves e os Silvas e os Berardos e as Câncios e as Mónicas e, ai, os Medina e os Carreira e as Cunhas e Sás e os Sarmentos e os Duques e os Cantigas e os Medinas e as Judites…..
Para descongestionar, lá aparecem os Fazendas.
Finito.
O Octávio Teixeira, Agostinho Lopes, Carlos Carvalhas, António Filipe, Honório Novo e tantos outros não aparecem.
Lamento, porque gosto de os ouvir.
#3
Brilhante, Dora. Nem mais. Também gosto de os ouvir.
As TV detestam a diversidade e adoram a colonização mental dos mesmos.
Augusto Santos Silva!
Lembro-me quando era ministro da Educação.
Numa mesa redonda sobre violência e indisciplina na escola, depois de vários intervenientes se referirem ao bullying e a todas as formas de violências físicas e psicológicas no espaço escolar, o ministro afirma:
– O que me preocupa mais como ME é a destruição de material escolar – portas, mesas, cadeiras….
Desde aí, fiquei sem paciência para ASS. E o futuro veio a confirmar esta primeira impressão.