“Que mal fiz eu a Deus!?”, é frase que se ouve muito por estes dias.
Tendo algo do mecanismo projectivo que nos ensina Freud, é uma frase que dá jeito a quem não percebe o que lhe está a acontecer ou, verdadeiramente, não está disponível ou não tem coragem de assumir a sua própria falta e, já que acusar Deus de frente o pode levar às profundas do inferno, aceita, difusamente, que alguma coisa terá feito para merecer castigo. Isso dispensa-o, entre outras coisas, de fazer alguma coisa de concreto em relação ao que lhe acontece e enfrentar verdadeiros responsáveis, perdidos no nevoeiro do seu receio.
Os nossos irmãos brasileiros têm expressões bem mais divertidas, em que, dizendo, no fundo o mesmo, são muito mais afirmativas e explícitas em relação à possível ofensa feita à divindade, merecedora de dura retribuição por parte do altíssimo. O tempo e o espaço desaparecem nestas imprecações. Assim, exclamam: “Eu joguei pedra na cruz!”. Concretizada a natureza da ofensa, está justificada a punição que a vida impõe. Permitam-me pois que, na senda dos desabafos brasucas, ao assistir aos acontecimentos políticos dos últimos dias, eu grite: “Eu lavei cueca na manjedoura”!!
Granda porco !! Que a justa ira liberal se abata sobre ti.
Gostei do texto, muito preenchido de metáforas.
Sem dúvida, aprecio as expressões dos nossos irmãos brasilerios sobre circunstâncias idênticas.
Contudo, como não tenho medo do inferno de DEUs, mas do inferno dos homens e, no caso, sempre prefiro:
“…que mal fiz eu a deus para merecer isto?!…”
Confesso que, às vezes, sabe bem melhor dar uma de Calimero e dizer apenas: “It’s an injustice, it is!” 🙂