Rir com um dos melhores apanhados.
O sangue e a vida: os bons, os maus e os ladrões
Os dadores de sangue são um exemplo luminoso do que é o altruísmo, ou seja, a capacidade dar ou amar se esperar nada em troca. As suas insignificantes retribuições eram pouco mais que simbólicas: um sumo e umas bolachas -quando havia – isenção de taxas moderadoras e uma ou outra vantagem perfeitamente justa em marcações de actos médicos.
Este governo de psicopatas – que, por esse facto, desconhecem o que seja altruísmo ou simples empatia – conseguiu lembrar-se de uma medida de agressão a estas pessoas: obrigou-as (a elas que, por definição são, ainda por cima, geralmente saudáveis) a pagar taxas moderadoras, como se a isenção de que beneficiavam fosse um privilégio. A estupidez patológica da medida é evidente. Os atingidos sentiram-se, natural e justamente, ofendidos, tanto mais que muitos deles tinham já dificuldade, por brutalmente atingidos pela crise, em deslocar-se aos centros de colheita.
Há pouco ouvi, mais uma vez, o alerta dos serviços de saúde sobre a falta de sangue e a situação de emergência que está a ocorrer neste domínio. Porquê?- perguntavam-se. As entidades oficiais têm uma explicação: diminuíram as colheitas. Ou seja, mais uma vez, usa-se a argumentação tautológica como justificação. Que não é melhor que defender que “é assim porque sim”. Os ladrões da nossa vida nem sequer imaginação têm. Só lhes resta a condição de más pessoas.
Tordos
Esta semana aprendi que o Tordo do pimba de esquerda (ou social-cançonetismo, para haver precisão histórica) é pai de outro Tordo, de quem me sobra a recordação de um imenso tédio ao fim de meia-dúzia de páginas na tentativa de entender o mistério de alguns sucessos literários em Portugal; a desgraça numa família nunca vem só. Parece que o pai foi cantar para o Brasil.
Alguma esquerda choninhas lamenta e segue o drama familiar através de epistolas pregadas em jornais. Não li.
Sou da esquerda internacionalista, e nas presentes circunstâncias deixo aqui a minha solidariedade com o heróico povo brasileiro, desde 1974 a sofrer por nós, ao menos o Marcelo Caetano não cantava, estão feitos ao bife.
A confrangedora ingenuidade dos revisionistas
Há na Helena Matos historiadora (tomo aqui a palavra no sentido amplo, de quem investiga mas também daquele que divulga) uma candura e uma habilidade que me encantam. Ouço-a ainda ensonado na Antena 1 nos Sons de Abril, que nas metáforas mais poéticas dos meses tresanda a Sons de Dezembro, e apetece-me voltar para a cama, readormecido nos sonhos de uma realidade imaginada.
Talentosa, não se lhe escuta um erro, antes qual discípula do cientista político Rui Ramos nos enreda com palpitantes omissões, e o que não se conta é como se nunca tivesse acontecido.
Ouça-se a croniqueta de hoje sobre as primeiras mulheres na PSP. Saltita sobre a fonte (onde se disse que algumas tinham o actual ensino secundário brotam miraculosamente licenciadas) e explica tudo nada explicando: “como praticamente não havia desemprego…”
Ah que saudades do Marcelo Caetano e seu presidente de Deus Rodrigues Thomas. Bons tempos, os do anterior milagre económico ainda mais beato que o actual, faltou apenas reforçar que desemprego jovem, desse nem vestígios. A mobilização obrigatória para a guerra, a deserção e o emigrar massivo e maciço (em recorde que pouco falta para alcançarmos) são meros detalhes, uma vaga poeira que não pode estragar o retrato. Estava tudo tão bem como estava e só poderia ter ficado pior, era, não foi?
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Maria e o país das maravilhas: A primeira semana em S. Tomé e Príncipe

Praia de Água Izé – as roupas espalhadas pelo areal são de pessoas que não têm água canalizada em casa
Maria Gomes Moreira*
Todas as pessoas novas que conhecemos, todas as pessoas de Portugal com quem falo, todas perguntam “e então as primeiras impressões de São Tomé”? A primeira memória é quando o avião começa a aterrar, e se começa a ver no meio do mar uma mancha verde. E depois, ao sair do avião, respirar pela primeira vez este ar, pesado, quente e com cheiro a terra molhada. Só o caminho do aeroporto até casa, sempre com o mar ao lado, já vale a pena uma visita a São Tomé.
O dia começou logo com uma ida ao centro da cidade. Se à primeira vista parece que estamos a aterrar em qualquer ilha deserta e paradisíaca, na cidade a agitação é mais que muita. Já não basta todas as motas, todas as bancas a vender comida na rua ou recargas para telemóvel (sim, é mais fácil carregar o telemóvel aqui do que em qualquer sítio em Portugal – em todas as esquinas há uma banquinha onde se pode comprar “saldo”), mas para além disso a presença de um branco não passa indiferente. Todas as pessoas nos chamam, mandam beijinhos, gritam “ééé brancaéé”. [Read more…]
O Amor é Lindo
Em qualquer parte do mundo, em qualquer língua mas sobretudo em português.
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