Ligações Perigosas na Escola Pública

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Como convencer famílias carenciadas a assinarem contratos de fidelização de 36 meses?
O “esquema” é simples:
– com a conivência de alguns Directores de Escolas Públicas, as famílias dos alunos começam por ser contactadas telefonicamente;
– “doutoras” extremamente simpáticas convidam as famílias a comparecerem na escola, durante o fim de semana e no horário mais conveniente;
– com tamanha disponibilidade e simpatia, debaixo do tecto da Escola Pública, ninguém duvida da idoneidade das empresas envolvidas e muito menos dos objectivos que se propõem atingir;
– com a promessa de soluções milagrosas para o insucesso escolar dos seus filhos e de os preparar convenientemente para o “importantíssimo” Exame de Inglês do Cambridge, utilizando técnicas de marketing irresistíveis, os pais quase assinam de cruz um contrato de fidelização de 36 meses com pagamentos por débito directo!
Sim, leu bem, 36 (trinta e seis) meses!!!
Durante 3 anos, aos sábados, os alunos irão supostamente aprender a estudar e aprender inglês. Tudo isto nas instalações da Escola Pública que, pelos vistos, ou não tem professores ou são uns incompetentes…
Todavia, levantam-se algumas questões. E se os alunos não gostarem? E se os resultados prometidos não surgirem? E se os pais ficarem desempregados? E se mudarem de escola?
A estas perguntas, uma das empresas responde assim: «No caso de não adaptação, será feita uma reavaliação pela Directora Pedagógica, conjuntamente com outros profissionais certificados com experiência e formação nas áreas de desenvolvimento e problemáticas da infância e adolescência, procurando uma solução mais adequada às reais necessidades do aluno.»  Ou seja, ninguém o mandou “assinar de cruz” sem primeiro saber se os quase 3000 euros  lhe fariam falta no futuro…
Espinho, Vila Nova de Gaia, Penafiel, Covilhã, Porto, Viseu, Lisboa, Vila Franca de Xira, Póvoa de Santa Iria, Almada e Portimão são apenas alguns exemplos de localidades onde a promiscuidade entre escolas públicas e empresas privadas parece ter-se instalado…
O Ministério da Educação e Ciência terá conhecimento disto? Quanto pagam, se é que pagam, as empresas privadas pela utilização dos espaços públicos? O que ganham as Escolas Públicas? Quem paga aos funcionários para manterem as escolas abertas ao fim de semana? E se o serviço for descontinuado, poderão os pais pedir reembolso aos respectivos directores escolares?…
Estas são apenas algumas das questões que, com a Vossa ajuda, eu gostaria de ver respondidas…

Comments

  1. a.a. says:

    é mais uma cratinisse..

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  1. […] texto também já foi divulgado pelo Aventar que também respeitou o anonimato de quem remeteu, que dá aulas numa das escolas […]