Ensino Privado: E novidades?….

Nos últimos dias a publicação de um suposto “ranking” das escolas deu, como sempre, que falar. Nestas alturas e perante este tipo de rankings estilo “produto do ano” ou “escolha do consumidor” ou “Best European destination” lembro-me sempre da notícia do Jornal de Notícias sobre os resultados nas universidades dos estudantes oriundos do ensino privado.

O estudo em causa, que comparou os resultados de 1700 alunos que frequentaram a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) entre 2007 e 2014, foi realizado por uma investigadora do CINTESIS. Não sei se existem estudos mais recentes. Tenho dúvidas que os resultados fossem muito diferentes.

E andamos nós a gastar milhões de euros com estes tipos

Escolas privadas continuam a inflacionar notas no secundário” [Expresso]

Ensino privado na liderança absoluta do ranking das notas aldrabadas

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Surgiu uma interessante notícia no Público, sobre o estado da Educação em Portugal. Não, não é da autoria de Clara Viana. Deus a livre de tal heresia! Onde é que já se viu denunciar que dois terços das escolas que mais inflacionam as notas pertencem ao ensino privado, quando ensino privado representa apenas 17% do universo escolar nacional? E andamos nós a enfiar dezenas de milhões de euros nestas instituições, que lucram outros tantos milhões e ainda manipulam resultados. Não admira que te queiram fazer a folha, Tiago.

Imagem via Uma Página Numa Rede Social

“Escolas públicas preparam melhor os alunos para terem sucesso no superior”

escolas privadas e publicas - preparacao dos alunos

Olha a excelência dos rankings. Nada de surpreendente para quem alguma vez tenha estudado. Uma coisa é marrar para o exame, e ter boa nota, outra é aprender. É um estudo de 2013, mas muito oportuno agora que tanto se fala na suposta excelência do ensino privado.

Universidade do Porto analisou os resultados de 2226 alunos que concluíram pelo menos 75% das cadeiras ao fim de três anos e concluiu que os provenientes das privadas têm piores resultados (…)

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A grande mentira amarela

TContas

Numa jogada que tem tanto de absurda como de pouco surpreendente, parte significativa da imprensa nacional tentou transformar um embuste em facto, subalternizando o parecer da PGR que legitima a posição assumida pelo ministério da Educação sobre a polémica dos contractos de associação. Desmontado o embuste, alguma imprensa lá acabou por emendar a mão. Estranhamente, e a julgar por aquilo que foi sendo difundido pelos canais de comunicação dos autoproclamados defensores da escola, nem uma palavra dos indignados sobre o assunto. Importa reforçar que o Tribunal de Contas não deu razão nenhuma às reivindicações do lobby do ensino privado. Nenhuma, zero. Foi tão somente uma manipulação fraquinha que só veio descredibilizar a actuação de quem dirige este movimento. E ficava-lhes bem assumir que tudo não passou de uma grande mentira amarela.

Montagem via Os Truques da Imprensa Portuguesa

Directores de escolas de Coimbra em defesa da Escola Pública

Isto é muito simples: os defensores de privilégios à custa de dinheiros públicos estão necessariamente contra a escola pública e a favor do incumprimento da Lei. A hipocrisia grassa.

Ontem, graças a uma iniciativa da FENPROF, houve uma conferência de imprensa em Coimbra, com a participação, entre outros, de três directores de escolas públicas, homens conhecedores do terreno, que explicam tudo de modo claro e sucinto, desmontando, inclusivamente, a alegada superioridade do ensino privado.

No primeiro vídeo, ouvem-se as palavras do meu amigo Augusto Nogueira, Director da Escola Secundária D. Dinis; depois, Paulo Costa, Director do Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel; finalmente, o Manuel Rocha, Director do Conservatório de Música de Coimbra.

Isto é muito simples: basta ouvir quem sabe. Os vídeos estão a seguir ao corte. [Read more…]

Passos Coelho e a subsídio-dependência

TC

Subsídios para as clientelas, sempre!

Fotomontagem: Luís Vargas@Uma Página Numa Rede Social

Os contratos de associação em 3 minutos

Esta não é uma discussão ideológica. É uma discussão de boa gestão e políticas públicas. Não há qualquer racionalidade em pagar duas vezes pelo mesmo serviço.

A explicação simples e objectiva do Ricardo Paes Mamede.

via Geringonça

Liberalismo subsídio-dependente

Privado

Num blogue onde estou rodeado de especialistas no assunto como o Ricardo Santos Pinto, o António Fernando Nabais, o João Paulo ou o J. Norberto Pires, pouco haverá a acrescentar sobre os problemas que o sector enfrenta nestes dias de tensão entre esquerda e direita, público e privado. Prefiro ler o que estes experientes professores têm para partilhar.

Contudo, há uma parte neste conflito que nada tem que ver com Educação. Um conflito ideológico. De um lado a esquerda, que defende a escola pública e a diminuição de apoios a instituições privadas de ensino, do outro a direita, que podendo privatizaria tudo, da pré-primária às universidades públicas, e que defende o financiamento – aumentou-o enquanto governou – de escolas privadas. [Read more…]

“Eu é que escolho”. E quem é que paga?

No princípio do verão de 1987, o meu pai chegou a casa com uma indicação de agenda, para uma tarde na Associação da Moita do Boi. Constava que deixaria de haver transporte para a escola da Guia,  transformada em C+S depois do 25 de Abril, antigo externato privado. Além disso, estava a nascer no Louriçal “um colégio novo” – que oferecia transporte, claro – e um dos sócios dispusera-se a explicar, detalhadamente, a cada família, o projecto no seu todo. Lá fomos. Nunca me esquecerei da imagem de António Calvete, à época rapaz de sub-30, camisa e calça de ganga, sapatilhas, óculos redondos e olhar certeiro. Estava sentado sozinho, numa mesa ao cimo daquele salão de baile. Falava pausadamente, discurso estudado e fluente, abusava da bengala de linguagem “no fundo”, e no fundo eu sabia que de pouco adiantava dizer ao meu pai que não queria estudar no Louriçal, que ninguém queria passar os dias na vila, que vivia há anos na sombra do foral manuelino e do convento, mais o mercado ao domingo. Estava escrito nas estrelas, e lá fui, meses depois, para o primeiro 9º ano da vida do Instituto D. João V: 300 pessoas ao todo, entre alunos, funcionários e professores. 50 professores. A nata da nata que havia em Pombal e Figueira da Foz.
Naqueles primeiros tempos da escola fomos todos muito felizes. [Read more…]

A desigualdade na educação vista por um leigo

Fosso Escola

Há uns meses, o DN dava conta de um estudo de Richard V. Reeves e Isabel V. Sawhill apresentado na Conferência Anual do Federal Bank of Boston que revelava uma conclusão que, apesar de versar sobre os EUA, se aplica que nem uma luva no nosso país. O estudo refere que o mérito escolar dos alunos mais pobres nem sempre é reconhecido na mesma medida que o dos alunos ricos, o que faz aumentar ainda mais o abandono escolar nas classes mais desfavorecidas. Por oposição a este cenário, o aluno rico, ainda que medíocre, tem mais facilidade de encontrar emprego, principalmente em sociedades clientelistas como a nossa, a que se juntam outras vantagens, todas elas decorrentes da disponibilidade financeira da família: melhores condições de estudo, possibilidade de fazer Erasmus ou acesso a actividades de valorização curricular fora do estabelecimento escolar, só para citar algumas. Nas palavras da jornalista Joana Capucho, “Mesmo que os jovens pobres façam tudo certo, não vão safar-se tão bem como os ricos que fazem tudo errado.“. [Read more…]

Danos e dolo

Santana Castilho *

Parafraseando José Saramago, há uma regra fundamental que é, simplesmente, não calar. Não calar!

O despacho nº 7031 – A/2015 introduz o ensino de mandarim em algumas escolas secundárias públicas no próximo ano-lectivo. Os professores serão chineses e as despesas correm por conta da República Popular da China, mediante um protocolo com o Instituto Confúcio. Este instituto tem por objectivo imediato a promoção da língua e da cultura chinesas. Mas outros vêm a seguir, ou mesmo antes, pese embora tratar-se de matérias a que Confúcio era avesso. Com efeito, logo que a iniciativa foi conhecida, chegaram notícias de experiências idênticas de países ocidentais, que cancelaram acordos similares por ameaça à liberdade académica (vigilância indesejável de estudantes e actos de censura). Dito nada pelo Ministério da Educação sobre este começo menos auspicioso, sobram perguntas, a saber: que diz o ministro à suspeita transnacional (França, Suécia, EUA e Canadá, entre outros) quanto à utilização do Instituto Confúcio como instrumento de promoção da ideologia do governo chinês? Poderemos aceitar que uma disciplina curricular do sistema de ensino nacional seja leccionada por professores estrangeiros, escolhidos pelo governo da China, pagos pelo governo da China e com programas elaborados por uma instituição que obedece ao governo da China? Conhecida que é a complexidade extrema da aprendizagem do mandarim, particularmente no que à escrita respeita, fará sentido iniciá-la… no 11º ano? Terá a iniciativa relevância que a justifique? Pensará o grande timoneiro Nuno Crato substituir o Inglês (cujos exames acabou de entregar a outra instituição estrangeira) pelo mandarim, como língua de negócios? Ou tão-só se apresta, pragmaticamente, a facilitar a vida aos futuros donos disto tudo, numa visão futurista antecipada pela genialidade de Paulo Futre?
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Notas inflacionadas

nas classificações internas do secundário? claro que há, no privado.

Maria de Lurdes Rodrigues, a privatizadora

maria lurdes rodrigues pena suspensa

O programa político da traficante de influências Maria de Lurdes Rodrigues era claro: privatizar a escola pública. Há quem, sobretudo à esquerda, não veja isso apesar da sua mais profunda reforma, a da gestão das escolas,  e  de ter aumentado a privatização concreta através do tráfico de contratos de associação, para onde o Ministério Público deveria olhar com atenção. A prova dos nove chegou agora:

Quando se institui como critérios de base para recrutar a nota de curso e tempo de carreira, isto é o grau zero da inteligência no recrutamento.

disse a condenada a pena suspensa. Ora o que faltou para essa mesma privatização, mas grandes passos anda a ser dados, é precisamente a célebre “liberdade de contratação das escolas”.

Isto é muito simples: a nota de curso e o tempo de carreira são os únicos dados objectivos que permitem ordenar professores. E o estado não é o colégio onde se escolhem os da mesma religião, os amigos dos amigos, nalguns casos que os vi os do mesmo cartão partidário. Acabar com esta seriação é o sonho de quem quer abrir as escolas ao negócio, à cunha, ao compadrio e nepotismo. [Read more…]

Boa malha

o essencial do grande lobby friedmaniano a favor do cheque para escolher a escola da sua fé e credo é absolutamente contra o apoio do tipo cheque alimentar para os mais desfavorecidos da sociedade, porque diz que eles assim se habituam e ficam uns parasitas sociais.

Paulo Guinote

A fraude do ensino privado

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Qualquer professor com colégios por perto o sabe, os pais também, a compra de médias mais alta é um objectivo declarado de muitos. Eis que agora nos chega a demonstração matemática: as notas no ensino privado são inflacionadas, favorecendo os seus alunos no acesso ao superior e não só.

Esta vigarice, a que se acrescenta a realização das provas de exame nos colégios contrariando a tradição do ensino em Portugal e o bom senso, é conhecida, aceite, sacudida, suportada por todos nós.

Se do lado de quem pratica a desonestidade não espanta, seja a de quem compra porque instiga os seus a que passem por cima dos outros, fruto de um individualismo exacerbado e  imoral, seja de quem o proporciona, porque o seu objectivo é apenas o lucro e o ranking, já o silêncio do estado e sucessivos governos diz tudo sobre onde chegámos, neste caso a bem pior que há 40 anos.

Ligações Perigosas na Escola Pública

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Como convencer famílias carenciadas a assinarem contratos de fidelização de 36 meses?
O “esquema” é simples:
– com a conivência de alguns Directores de Escolas Públicas, as famílias dos alunos começam por ser contactadas telefonicamente;
– “doutoras” extremamente simpáticas convidam as famílias a comparecerem na escola, durante o fim de semana e no horário mais conveniente;
– com tamanha disponibilidade e simpatia, debaixo do tecto da Escola Pública, ninguém duvida da idoneidade das empresas envolvidas e muito menos dos objectivos que se propõem atingir;
– com a promessa de soluções milagrosas para o insucesso escolar dos seus filhos e de os preparar convenientemente para o “importantíssimo” Exame de Inglês do Cambridge, utilizando técnicas de marketing irresistíveis, os pais quase assinam de cruz um contrato de fidelização de 36 meses com pagamentos por débito directo!
Sim, leu bem, 36 (trinta e seis) meses!!! [Read more…]

Quanto custa acabar com o livre-arbítrio

crato ladrão

É barato, para garantir uma nação de gente sem voz.
Evidentemente que os professores e funcionários do privado não poderão dizer mal de quem lhes enche (pouco) os bolsos, nem que seja a prestações e contra emissão de recibos verdes. «Pelo menos trabalham, nem todos se podem gabar do mesmo».
Já nem falo daqueles cujos bolsos e cujas panças se avolumam cada vez mais.
Falta colocar as fotos de ppc e de acs nas paredes das salas de aulas dos colégios…
Adeus, Pátria e Família.

Violência no Colégio

Foi mais ou menos isto que aconteceu, há meia dúzia de anos, no Colégio Paulo VI em Gondomar. Um aluno do 1.º ciclo destruiu uma sala de aula durante um ataque de fúria, provocado por um distúrbio do foro psicológico.
Acto contínuo, o aluno foi convidado a deixar o colégio. O Encarregado de Educação ainda argumentou com os problemas emocionais do seu educando, a professora saiu em sua defesa, mas a decisão estava tomada. A mãe teve de encontrar à pressa uma escola pública que o acolhesse. O aluno foi diagnosticado e rapidamente enquadrado no Ensino Especial. Apesar de continuar a ter Necessidades Educativas Individuais, é hoje um menino que adquiriu uma grande capacidade de auto-controle.
Esta história nunca poderia ocorrer no sentido inverso. Ou seja, um aluno do 1.º Ciclo nunca poderia ser expulso da sua escola e, ao mesmo tempo, ser acolhido de braços abertos por um colégio privado.
Porque a Escola Pública é democrática, universal, inclusiva. O ensino privado não.

Coimbra, património criminal da impunidade

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Em 24 horas duas reportagens televisivas atiraram à nossa cara como em Coimbra se lecciona uma aula de criminalidade impune, consciente desleixo de quem a podia punir, pura corrupção. A despeito de as ovelhas e carneiros que somos não terem cara, mas mero embora ternurento focinho.  [Read more…]

O ensino privado em Portugal, uma gordura do estado

Em Janeiro de 2011 publiquei aqui este mapa. A amarelo as escolas públicas de Coimbra, a verde as privadas, sustentadas pelo estado. Agora, finalmente, uma reportagem televisiva, na TVI mostra o escândalo. Pelo meio tanta mentira sobre a necessidade de os contratos de associação servirem para substituir o estado onde este não chegava.

Ironicamente no mesmo dia em que foi publicado um novo estatuto do ensino particular, legalizando o que foi um roubo ilegal durante décadas.  A Parceria Público Privada da educação não passa de mais do mesmo: empresários, e uma igreja, tudo encostado ao estado.

Veja a reportagem de Ana Leal: [Read more…]

A verdade inconveniente do ensino privado

Hoje, reportagem no Jornal das 8 da TVI.

A arte da mentira em João Almeida

Houve Prós e Contras, coisa rara, pela segunda semana consecutiva. Os cortes orçamentais no estado discutidos por quem é pró e por quem é contra.

João Almeida e Ricardo Arroja levaram uma monumental coça, como se pode perceber pelos blogues do costume (queixando-se da irmã do secretário de estado dos supositórios, senhora que tantas vezes promoveu programas onde só a direita debate).

É natural: a “argumentação” resume-se ao clássico não há alternativas, vivemos acima das nossas possibilidades desde o 25 de Abril (dantes é que era bom); a k7 ideológica do costume em forma de ladainha quando encontra pela frente quem a desmascara acaba mal. E depois mente-se.

João Almeida à falta de melhor, dedicou-se às lendas e narrativas:

Tirar às viúvas para dar aos privados

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Quando se ultrapassa a meta da mais elementar decência, ou seja quando,  por exemplo, se assaltam as pensões de sobrevivência, é natural que os defensores do governo venha o último argumento: acabava-se com a RTP e já não havia necessidade de roubar quem mais precisa.  Eu compreendo a obsessão com a RTP, televisão fora do controle directo de um capitalista é sempre um perigo para a propaganda do regime (eles dizem que vivemos num regime socialista, mas não vou agora discutir o consumo de drogas pesadas).

Assim como assim, e se falamos de 200 milhões de euros, podiam ter-se lembrado dos contratos de associação com colégios privados, que nos custam essa quantia anual. Também podíamos ir à saúde, e fazer umas continhas sobre o que nos custam as PPP no ramo, já para não falar dos subsídios à medicina privada, tipo ADSE, ou indo mesmo mais longe os que se sustentam em seguros de saúde porque o estado não cumpre o seu dever.

Desse a RTP lucro a um qualquer grupo GPS e deixavam-na na paz do senhor. Ámen.

Privatizem também a nuvem que passa

Santana Castilho*

O ano lectivo que agora se inicia está marcado, pobremente marcado: pelo afastamento da profissão de muitos e dedicados professores; pela redução, a régua e esquadro, sem critério, de funcionários indispensáveis; pela amputação autocrática da oferta educativa das escolas públicas, para benefício das privadas; pela generalização do chamado ensino vocacional, sem que se conheça qualquer avaliação da anterior experiência limitada a 13 escolas e agora estendida a 300, via verde de facilitismo (pode-se concluir o 3º ciclo num ano ou dois, em lugar dos três habituais) e modo expedito de limpar o sistema de repetentes problemáticos; pela imposição arbitrária de decisões conjunturais de quem não conhece a vida das escolas, de que as metas curriculares, a eliminação de disciplinas, o brutal aumento do número de alunos por turma e as alterações de programas são exemplos; pelo medo do poder sem controlo, que apaga ao dobrar de qualquer esquina contratos de décadas e compromissos de sempre; pela selva que tomou conta da convivência entre docentes; pelo utilitarismo e imediatismo que afastou a modelação do carácter e a formação cívica dos alunos; pela paranóia de tudo medir, registar e reportar, para cima, para baixo, para o lado, uma e outra vez, e cujo destino é o lixo, onde termina toda a burocracia sem sentido; pelo retrocesso inimaginável, a que só falta a recuperação do estrado e do crucifixo.

Providencialmente no tempo (imediatamente antes de se concretizar mais um despedimento colectivo de professores, que marca o ano lectivo) vieram a público dados estatísticos oficiais. Primeiro disseram-nos que em 2011/2012 tivemos nos ensinos básico e secundário menos 13.000 alunos que no ano anterior. Depois, projectando o futuro, prepararam-nos para perdermos 40.000 até 2017. Providencialmente, no momento, omitiram que, de Janeiro de 2011 a Junho deste ano, desapareceram 47.000 horários docentes. Políticos sérios não insinuam que esta redução de docentes se deve à quebra da natalidade. Trapaceiros, sim. [Read more…]

Herói dos negócios

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Privada

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Mais despesa pública

Governo paga renda a colégios privados. “Liberais” apoiam.  O costume.

Ensino e genuflexão do estado

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Grupo GPS à parte, a ideia em cheque é esta: as escolas católicas seleccionarão os meninos e meninas bem comportados que frequentarão as suas catequeses. Quem paga? nós. Legitimidade? nenhuma. Estado laico? fica para os meninos e meninas mal comportados que ainda não foram despejados no esgoto, perdão, no ensino vocacional.

Mais cara, de pior qualidade, sustentado por todos nós,  pretende-se engordar esta gordura do estado. Numa altura em que nas pensões o governo separa a autoridade judicial e armada dos cortes, faltava a prendinha à igreja.

Deus, Pátria, e uma família governamental de netos de putas com mães em igual meretrício. É o que temos.

Vítor Cunha não foi à escola

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Começou com uns gráficos, aldrabados até dizer chega (esquecer o secundário para comparar número de docentes com número de alunos não é de cábula, é de asnídeo).

Seguiram-se quatro perguntas, em que a factual tinha resposta e as ideológicas são de anedotário.

Continuando, em dia de greve de professores falou do que não sabe, e levou uma ensaboadela óbvia.

Como não chegasse, entrou agora no território do delírio: compara o sector da distribuição alimentar, que é privado, com a rede de ensino, que é pública, misturando RSI e educação com a maior das naturalidades.

Tudo isto para defender o cheque-ensino, esse santo milagreiro que faria brotar colégios eficientes como outonais cogumelos numa húmida floresta, enquanto as escolas existentes seriam convertidas, imagino, em supermercados. O esforço para defender o capitalismo à portuguesa, sempre a viver das rendas do estado, merece mais e melhor que ser assistido por um manifesto caso de insucesso escolar.