O Crato! Conheci-o, sabes, Horácio? – desculpem, mas não resisti a polir-me neste tom shakespeariano. Era um eloquente comentador naquele programa em que o Crespo e mais três economistas – sim, o Crato é economista, tendo feito uma pós-graduação em matemática; que querem, ninguém é perfeito – botavam sentença uma coisa chamada, se não estou em erro, “plano inclinado”.
E era vê-los, todos lampeiros, discorrendo sobre o facto de, com excepção dos presentes no programa, os portugueses serem todos, em maior ou menor grau, oligofrénicos.
Eles não usavam muito aquilo que se designa por argumentos. A sua retórica era mais próxima do que, na velha terminologia coimbrã, se chama – com vossa licença – caga-tacos. Jogando todos em casa e sem grande risco de contraditório, Crato, Medina e Duque pareciam, aos ingénuos, saber do que falavam e havia até quem pensasse que tais figurões eram pessoas sérias. Agora que vemos Crato com a responsabilidade do Ministério da Educação e (os deuses nos valham!) da Ciência, não no cargo – ao seu alcance, penso – de porteiro, mas no cargo de ministro, espantamo-nos com o seu desempenho no Parlamento. Perdido no labirinto da sua própria incompetência. Intelectualmente trôpego, pouco informado, não-sei-se-vá-se- venha, incapaz de defender os pontos de vista que, acreditavam alguns, possuía.
Eis Crato, em quem luz algum talento. Só não conseguimos vislumbrar qual.
O talento do Dr. Crato é uma prenda que o torna, se excluírmos a honestidade e o esforço com que ganham a vida estes últimos prifissionais, “compagnon de route” dos contorcionistas do Circo Chen: o carácter extraordinariamente plástico da sua coluna vertebral.
Errata: “profissionais” e não “prifissionais”.
Haaaaa’ pooooois! O Medina Carreira não e’ serio. E’ um sabichão alcanforado. Ja’ tinha notado isso. Por isso e’ que tudo o que ele tem dito nas TVs, não passa de balões de ar quente.
Para quem é bacalhau basta ou ganha-se ? mais debitando argumentos sólidos.