Vão cair que nem patinhos, vai uma aposta?

Mr. Peabody and His Wayback Machine

Há dez anos começava o programa Contraditório, da Antena 1, durante o efémero governo de Santana Lopes. Na passada sexta-feira, fez-se neste programa uma retrospectiva e, veja-se só, estamos em 2014 a viver 2004.

Uma repetição que nos atingiu passado uma década foi o caos no início do ano lectivo. Mas, tal como não há mal que não piore, desta vez o experimentalismo, expressão do ministro, foi a prometida implosão, não do ministério, mas da estabilidade. Passado mais de um mês e ainda há alunos sem aulas.

Outra repetição foi, neste fim-de-semana, Passos Coelho ter vindo mandar umas bocas ao jornalismo e secção anexa, os comentadores. Dirão que foi mais uma saída do tonto primeiro-ministro, que consegue dizer uma coisa e o seu oposto num mesmo discurso. É nesta parte que vale a pena recordar o caso de há 10 anos, quando o ministro da presidência de então, Rui Gomes da Silva, criticou a acção de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, dizendo que este estava sozinho no comentário político, “caso único na Europa”, disse ele, veja-se lá o escândalo, onde um “actor político, disfarçado de comentador político, actue daquela forma”e “durante 40 minutos”. Seria curioso ouvir o que Gomes da Silva teria hoje a dizer do actual panorama, com o caso único do porta-voz governamental oficioso Marques Mendes mas, adiante, não é este o ponto.Interessante é notar que, há 10 anos, estas declarações eclipsaram a discussão à volta do orçamento de estado, transferindo-a para uma polémica artificial. Tal como agora poderia acontecer com o caso de Passos Coelho a chamar patéticos e preguiçosos aos jornalistas e comentadores políticos, apesar de, por uma vez, até ter razão perante a correia de transmissão político-jornalística.

Vamos ver até que ponto a comunicação social fará o jeito ao governo, desviando os holofotes para o fait-divers. Aliviará a pressão sobre este orçamento esconso? Falar-se-á menos do CITIUS e da interminável colocação dos professores? Baixará a pressão sobre os casos BES e PT, negócios que, ainda há dez anos, eram apontados como exemplares? É bem possível que não. Há dez anos ainda não tínhamos batido no fundo e não era hábito mentir-se tão descaradamente.

Comments

  1. ou não fossem a maior parte dos comentadores militantes dos partidos da maioria. é mandar fogo de artifício para o ar que a malta entretêm-se 🙂

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