Sim, é mesmo verdade: 25% dos portugueses estão em risco de pobreza ou exclusão social

Depois de um glorioso fim-de-semana de Fado, Fátima e Futebol, eis-nos de regresso ao mundo real. E no mundo real, nesta bela pátria à beira-mar plantada, solarenga e forrada a turistas estrangeiros a passear nos tradicionalíssimos tuk-tuks, existem 2,6 milhões de portugueses em risco de pobreza ou exclusão social. Um número que não pode ser ignorado e que põe a nu, de forma inequívoca, o fosso profundo que divide a sociedade portuguesa.

É certo que a percentagem de portugueses nesta situação aflitiva diminuiu, algo particularmente estranho nestes tempos em que o totalitarismo soviético é a lei, mas uma mísera redução de 1,5% não merece grandes foguetes. Quanto muito serve para provar às baratas tontas que até nisto a Geringonça faz melhor figura. O que de resto nem sequer é muito difícil. Mas devia obrigar-nos a reflectir sobre este país desigual. Sobre este Estado falido que despeja milhões em sucessivos resgates bancários de instituições que, depois de décadas a alimentar negociatas, enriquecimento trapaceiro e campanhas eleitorais, nos entregam bancos atolados em dívidas, relativamente às quais nunca ninguém é responsável ou, se é, não tem bens em sua posse. Estão sempre na posse de uma tia qualquer, ocupada a brincar aos pobrezinhos na Comporta.

Se excluirmos o grande alargamento de 2004, ano em que torramos milhões de euros com estádios e futebóis, e apesar dos 18 anos de avanço que levamos sobre os estados-membros de leste, o que ainda assim não nos impede de ter já sido ultrapassados por alguns deles, a pobreza e a exclusão social são apenas mais duas das caudas europeias onde continuamos permanentemente instalados. Só porque somos pobres e o destino é cruel? Não. Porque, no essencial, temos sido governados por incompetentes e criminosos. Porque quase todas as nossas obras derrapam, quase todas as nossas autarquias alimentam clientelas e quase todas as grandes empresas, outrora do Estado, foram vendidas por tuta e meia, para fazer fretes ou pagar favores. Porque perdoamos impostos a quem não precisa, fazemos obras das quais ninguém precisa e pagamos as dívidas que não são nossas porque quem as devia pagar aparentemente não precisa. Porque pode. Porque, chegados a um determinado estrato da população portuguesa, a lei deixa de vigorar. O estrato onde políticos e elite financeira fazem a dança das cadeiras com o dinheiro dos nossos impostos. Tudo junto, é muito dinheiro. Quantos deixariam de estar em risco de pobreza ou exclusão social se a corrupção e o tráfico de influências fossem erradicados? Será que algum dia nos veremos livres da escumalha que garante a manutenção deste ciclo vicioso?

Foto: Paulo Pimenta/Público

 

Comments

  1. ganda nóia says:

    apesar de tudo, neste ano de governo um pouco mais à esquerda esse numero baixou de 26,6 para 25,1.

  2. JgMenos says:

    É a economia, estúpidos.
    Utiliza o que lhe faz falta e rejeita os excedentes.
    Vai daí:
    Tem a economia que crescer o bastante para ter que recorrer aos coitadinhos pouco ou nada qualificados.
    Há que diminuir os coitadinhos pouco ou nada qualificados, e isso requer atacar o culto dos ‘coitadinhos’ porque dinheiro não tem faltado.

    Mas ás almas piedosas só lhes ocorre estuporar a economia com impostos para manter os coitadinhos, mas com mais dinheiro no bolso.

    • Ricardo Almeida says:

      “É a economia, estúpidos” já dizia Cavaco enquanto vendia as suas últimas acções do BPN ou quando assinou mais 20 PPP desnecessárias e estúpidas.
      O mesmo disse Portas enquanto assinava dois contratos de aquisição de submarinos em 4a mão.
      A Marilu também dizia qualquer coisa parecida que lhe perguntavam sobre os swaps.
      O problema é mesmo os “coitadinhos”, esses preguiçosos e inúteis, alguns deles que até são arquitectos, enfermeiros e professores.
      O problema de Portugal é mesmo o excesso de “coitadinhos”. Décadas de má gestão, corrupção e descontrolo no sistema bancário e uma direita imbecil com apenas uma estratégia para todos os males: vender o mais rápido possível. É tudo irrelevante e inconsequencial. O problema é mesmo os “coitadinhos” que temos de suportar.
      Se não gosta de ser tratado como um idiota implicitamente, sugiro que começe a pensar antes de escrever.

      • JgMenos says:

        Se soubesse dizer algo mais que não o chorrilho de espantalhos que uma esquerda idiota agita a cada sobressalto da sua indigência crónica, talvez esta conversa pudesse prosseguir.
        Bem sei que o PS é agora esquerda e que nos anos largos de governação foi direita, que isto de direita e esquerda é o que mais assista à cretinice do politicamente correcto de esquerda do momento.

        • joão lopes says:

          diz ao nuno melo,que os coitadinhos dos caçadores mataram mais um lince iberico,esta noite em Mertola,e o lado “positivo” é que isso dá muito “boa” fama aos coitadinhos dos caçadores(para alem da “boa” fama dos tauromaquicos do cds)

        • José Peralta says:

          Ó “menos” ! “É a economia, estúpidos” ?

          Não, não é ! É a “tua economia “, estúpido ! É a “economia” do aldrabão-mór coelho, da mentira loura albuquerque, do fugitivo vítor gaspar, o tal que “estuporou a tua economia”, com um brutal aumento de impostos, e de toda a corja que te inclui !

          Da sangria da emigração de profissionais qualificados que seriam úteis ao País que os muniu de cursos superiores, e que agora pagam os impostos nos países de acolhimento !

          São esses os “coitadinhos excedentes” que no teu dizer alarve, a “tua economia” deixou de “utilizar porque não lhe fez falta”…

          Foi a “tua economia” que “produziu” exponencialmente milionários, mas em “compensação”, destruiu a classe média, quantas vezes envergonhada, muita da qual, ainda hoje enche as filas das “cantinas sociais”, a nova “sopa dos pobres”, que é a prova do “êxito da tua economia” e o confessado orgulho desse pafioso abjecto e “ministro”… mota soares.

          Foi o “sucesso da tua economia” que, com o desemprego exponencial, pôs milhares de cidadãos no limite da pobreza, desestruturou famílias e trouxe de novo a fome a crianças e idosos desprotegidos, infamemente roubados nas reformas de uma vida de trabalho, muitos dos quais, tiveram que acolher os filhos e netos desalojados das suas casas.

          Foi este o cortejo de horrores que a “tua economia”…produziu, e do qual, tens todos os motivos para, como demonstras com o teu vomitório, te sentires “orgulhoso”…

          “Se não gosta de ser tratado como um idiota, implicitamente sugiro que começe a pensar antes de escrever”. (Ricardo Almeida dixit…e eu subscrevo !)

          Que parte ou o todo desta frase, a tua estupidez não te deixa perceber, ó idiota ?

          • JgMenos says:

            O aumento de impostos foi tão brutal e desnecessário que logo a geringonça o diminuiu de um cagagésimo percentual.
            Tira as palas e talvez consigas ver.

        • Ricardo Almeida says:

          Camarada (LOL),
          Para cada intervenção do FMI, há um Cavaco. Para cada Venezuela, Cuba ou Coreia do Norte há um Paulo Portas. A Maria de Lurdes Rodrigues é facilmente eclipsada pelo Nuno Crato and so on até ao infinito. E além disto tudo ainda temos o CDS, esse partido que não é mais que caixa de pedras ao serviço do povo (sim, todos os portugueses e não só os de “esquerda”) para atirar aos frágeis telhados de vidro da direita.
          Se o jogo é atirar escrementos por de trás de um muro, então meu amigo, escolheu um lado muito mau para se posicionar.
          Não sei em que planeta vivem os direitolas pois é quase indecente a facilidade com que são desacreditados e humilhados, usado sempre o mesmo nível de argumentos.
          Até lhe digo mais, por mim metade do PS devia estar atrás da grades, a partilhar a mesma cela que 90% do PSD e 98% do CDS, se possível, e a Maria de Lurdes era daquelas que devia ficar por lá mais tempo. Mas esta guerrinha ideológica bacoca é a única linguagem que os trolls políticos conhecem e eu não tenho problemas em usá-la.
          Não é de bom tom criticar a roupa de alguém quando se está completamente nu 🙂

        • José Peralta says:

          Ó “menos” !

          Tiveste durante quatro anos e meio um elefante na sala e não o viste ! E eu, agora, é que tiro as palas ?

          Ah, percebo ! Agora, quando não tens argumentos…contas anedotas !

    • Ernesto says:
    • Ernesto says:

      Pega para roeres depois desse:

      http://www.jornaldenegocios.pt/economia/impostos/detalhe/carga-fiscal-cai-duas-decimas-em-2016-para-344-do-pib

      Este vai com odor a testículos, uma vez que vais lá pelo cheiro a bolas, que tanto gostas de lamber!

  3. Uma triste e negra realidade. Portugal foi vítima dos energúmenos a quem entregámos de mão-beijada o país nos últimos 40 anos. O futuro das próximas gerações está altamente comprometido. Corremos o risco de Portugal se transformar a longo prazo numa espécie de Albânia de triste memória os parcos descontos dos miseráveis salários hoje pagos irão rebentar com a Segurança Social a curto prazo e não haverá pensões de reforma dignas desse nome para uma nova classe filha desta infame democracia ou seja a classe dos trabalhadores pobres que não pára de crescer. Eles não recebem o suficiente para terem uma vida digna. Os responsáveis têm nome e rosto o “CES” chantageia o governo a UGT trava e divide o mundo sindical. O governo anterior, destruiu o modelo social e rebentou com a classe média e expulsou do país a geração melhor preparada de sempre que foi transmitir os seus saberes a custo zero para os outros países que os receberam de braços abertos.

    • JgMenos says:

      Um vomitório de lugares-comuns do politicamente correcto de esquerda.
      Que imbecilidadae!

      • Nascimento says:

        Quanto a vómito estamos de acordo.Só filhos da p. como tu facilitam o acto….direitolas merdoso.

  4. Não vema calhar esta retórica perto das eleições de Outubro; ainda vai excomungado.

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