via Expresso
Um estudo que envolveu cerca de 4600 jovens revela que mais de metade dos inquiridos já foi alvo de comportamentos violentos no namoro e que dois terços vêem esses comportamentos como normais numa relação. A idade média dos participantes neste estudo foi de 15 anos. Isso, Idade Média.
O Expresso divulgou alguns números deste estudo, que se agravaram, ainda que ligeiramente, face ao mesmo estudo do ano passado. Algo parece estar a falhar na educação dos jovens portugueses, para que tantos adolescentes de 15 anos encarem a violência no relacionamento com tamanha normalidade.
Os últimos dias foram dias férteis para o comércio. Ontem, a floristas venderam ao nível do Dia de Todos os Santos, as estradas engarrafaram-se ainda mais do que o costume e muitos restaurantes, bares e cinemas registaram uma das melhores afluências do ano. Porém, por trás do filtro do Instagram e dos brandos costumes, que apenas servem como desculpa esfarrapada para justificar uma atitude generalizada de conformismo e apatia perante a corrupção política e a pirataria económica, a violência doméstica continua a ser uma realidade alarmante em Portugal, não raras vezes silenciosa, escondida por trás do medo ou refém de uma vida de terror.
O problema, porém, parece longe de controlado. Num país onde ainda se educa a soco e a pontapé, onde ainda há quem ache que bater de cinto é uma boa forma de disciplina e onde a mãe ainda é vista por muitos, incluindo muitas mães, como subalterna do pai, os resultados do estudo promovido pela União de Mulheres Alternativa e Resposta não surpreendem. É preciso reflectir e perceber o que leva os nossos jovens a aceitar como normais estes comportamentos e encontrar soluções para que a mudança de mentalidades aconteça. Já é tempo de nos libertarmos da herança putrefacta que o salazarismo deixou para trás.
Nada é estranho neste estudo, incluindo os números, a não ser o facto de ele ser patrocinado por uma organização de defesa dos direitos das mulheres, a UMAR, com características especificas, podiam ser as crianças, os idosos, ou uma qualquer classe profissional mais sujeita à violência, como são os profissionais de call center, que devem ouvir tudo e mais alguma coisa dos seus interlocutores.
Parece que as mulheres querem uma revolução nos costumes, e bem.
Se isto é assim hoje, imagino no tempo em que as aldeias estavam povoadas de gente a trabalhar na agricultura, sujeita ás arbitrariedades da doutrina do SR. Cura e ás agruras do Sr. Álcool da taberna do Ti Manel.
O único elo sentimental que perdura hoje em grande parte dos nosso jovens, não é a namorada ou namorado. É o telemóvel, cuja violência sobre ele, torna tudo para eles muito mais difícil. Até pela forma como estão viciados naquilo.
Como sói dizer-se, violência induz à violência; precisamente, porque provoca habituação à mesma, por parte de quem a sofre e de quem a exerce. Contudo, quando os contactos são esporádicos – como aqueles casos de conflito de fronteiras quase eternos, mas sem grandes consequências – as situações vão-se tolerando e o conflito, apesar de latente, não é completamente declarado – como é o caso das duas Coreias e, também, no campo das relações – não só dos namorados.
Não é por acaso que pessoas que se vão suportando – normalmente familiares, mas também os namorados – quando vivendo juntos, o conflito, já latente, é mesmo declarado: zangas e violência entre familiares que se viram forçado, por certas circunstâncias, a ter de viver juntos; e, violência doméstica e divórcios entre os casados.
Alguém diga a essa gente:
Se o conflito de fronteira, de namorados/
Por mais que se tente, não é possível resolver/
Melhor será arame farpado ou muro construir/
E, que cada qual fique protegido, no seu lado.