Absolutamente nada me move contra a realização das Jornadas Mundiais da Juventude em Portugal. E digo em Portugal porque o evento pode ser em Lisboa, e de facto é tudo lá, mas boa parte dos concelhos portugueses estiveram a abarrotar de jovens em festa nos últimos dias. O meu, a Trofa, foi um deles. Mas sim, já sabemos que centralismo e tal. Portugal não deixou de ser Portugal por ter cá as JMJ.
Em todo o caso, se é para fazer a festa, sou a favor. E os jovens católicos tem tanto direito de a fazer como os neohipsters do Primavera Sound ou os nómadas digitais da WebSummit.
Chateia-me a parte do investimento público.
Não por existir, mas por ser megalómano e pelas várias camadas de ajustes directos travessos, de São Bento à mais pequena das autarquias. De forma bastante descontrolada e opaca, alertou a Transparência e Integridade, mas que se lixe, porque sempre foi assim e não vai ser agora que vai mudar. Resignemo-nos, como sempre fazemos, que os brandos costumes não se vão perpetuar no tempo sozinhos.
Dizem que o certame traz retorno. E talvez traga. Mas é possível que esse retorno só chegue às mãos de dúzia e meia de suspeitos do costume. A enchente será fora de série, disso não há dúvidas, mas pelos vistos nem a hotelaria de Lisboa está com ocupação máxima. A ver vamos. Fingers crossed.
Mesmo assim, chateia-me também esta irritação desproporcionada com os jovens católicos, que têm andado por aí a fazer a sua festa. Porquê? Fizeram mal a alguém? Andaram a partir tudo em algum lado, tipo putos ingleses em Albufeira? Assaltaram pessoas? Puseram-se ao estouro no meio da rua com outros transeuntes?
Não?
Então deixem-nos celebrar a cena deles em paz e sossego, e se quereis pedir contas a alguém, talvez faça mais sentido pedir aos tipos que adiaram os trabalhos, gastaram mal gasto e usaram o evento para fazer as mesmas maroscas que já fazem durante o resto do ano. Jesus era um tipo fixe, até partiu as bancas aos vendilhões do templo e tudo. E estes miúdos não são responsáveis por escândalos de pedofilia. Já os méritos da má despesa pública, esses, vão todos para a mesma malta que nos deu a Expo98 e o Euro 2004.
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