Entre a direita democrática (pergunto-me, tantas vezes, se isto não será um paradoxo), tem surgido um discurso que pretende reduzir os partidos da esquerda parlamentar a gente tão radical como André Ventura, só que de sinal contrário. Daí a dizer que, no fundo, são todos iguais é um passinho de pardal, misturando tudo numa imensa sopa de radicalismo e de sede ditatorial.
Mesmo antes de André Ventura, já pêéssedês e cêdêésses atiravam umas ideias semelhantes: a a esquerda radical, a esquerda que defende ditaduras, a esquerda que tem a mania da superioridade moral (esta é particularmente divertida, por ser tão infantil).
Nota muito importante a propósito de André Ventura: em menos de um fósforo, saiu do passismo para a extrema-direita lepenesca ou trumpiana. Ou será que não saiu verdadeiramente do passismo, mudando apenas de nome e não propriamente de ideias? O que é certo é que Passos Coelho esteve presente no lançamento da candidatura de Ventura à câmara de Loures.
A esquerda parlamentar não está isenta de erros e de más companhias ou de preferências discutíveis. Efectivamente, um dos pecados do PCP está em não ver ou não querer ver o horror de muitos regimes comunistas, incluindo o da Coreia do Norte.
Dito isto, as propostas de PCP e de Bloco vão, de uma maneira geral, no sentido de defender os mais fracos e os mais desprotegidos, o que inclui críticas ao capitalismo selvagem (há quem diga que é uma redundância) que quer fugir aos impostos, que quer pagar salários baixos, que quer retirar direitos aos trabalhadores, que quer continuar a usufruir de contratos com o Estado, obrigando este a pagar os prejuízos e os riscos.
O Chega vive preocupado com uma subsidiodependência que está por provar e procura que os apoios sociais sejam retirados ou diminuídos, numa perspectiva aparentemente economicista e, portanto, desumana. Contra a corrupção do sistema financeiro, nem uma palavra. Dentro da mesma mistura, surgem laivos de religiosidade hipócrita, aliada a racismo e xenofobia. Na realidade, não é muito diferente de Mota Soares, tão deliciosamente católico, quando afirmava que havia famílias inteiras que chegavam a receber fortunas como 900 € para viver.
Pode-se não se gostar do estilo da esquerda parlamentar, mas é fácil perceber por que razão se repete tanto.
A criação destas falsas equivalências (coisas de Sócrates e de Relvas) tem o objectivo de apoucar ainda mais a esquerda, mas normaliza perigosamente o Chega.
Talvez o verdadeiro objectivo da direita democrática (??) seja, afinal, desviar as atenções de algo muito mais grave: a sua proximidade com o Chega. Fica aqui um conselho à direita: enquanto discordam da esquerda, afastem-se do Chega, porque, qualquer dia, isso sim, ninguém conseguirá distinguir o PSD, o CDS, a IL e o próprio Chega. Caso contrário, estejam preparados para serem cobertos de cebolada e devidamente digeridos, enquanto Ventura arrota, saciado.
São como quem os coloca lá…
Também me irrita o hábito deste regime de chamar radical a tudo que não seja loas ao capitalismo e beija-mão aos ‘mercados’, mas tanto o PCP como o Berloque têm, cada um à sua maneira, laivos radicais. Um deles é chamar extrema-direita ou fascista a tudo e todos que lhes não agradam.
Outro, como diz o autor, é louvar ditaduras. Outro, mais no caso do Berloque, é querer impingir o politicamente correcto pela garganta das pessoas abaixo, seja nas questões de género ou na defesa dos ciganos, cujo comportamento egoísta, parasita e criminoso o Chega se limita a constatar.
No resto +- de acordo, com esta ressalva: a esquerda tem mesmo a mania da superioridade moral; e é mesmo superior. Defende a igualdade e solidariedade; a direita defende que é cada um por si, e que uns poucos devem ter muito mais que os outros.
Isto, para mim, é ser moralmente superior. Daí a exigência ser também maior: alguém de esquerda ser egoísta e ganancioso é censurável; alguém de direita é natural.
Tem duas opções: ou arranja maneira de terem oportunidade de ter um emprego, ou os mete num gulag.
Fala dos ciganos? E se muitos não quiserem ter emprego?
Certamente não se importa que acampem à sua porta?
Eu perguntava-lhe quantos são, mas em Portugal não se pode saber, por isso ficamos cada um na sua. A única coisa que posso argumentar é que, como o resto das etnias, não são homogéneos e merecem a oportunidade de ser “normal”.
https://www.perguntarnaoofende.pt/pno/maria-gil
São muito homogéneos, daí o largo consenso a respeito deles: a maioria não quer trabalhar, não quer contribuir, não quer integrar-se. E estariam no seu direito, se não quisessem da sociedade só o que lhes convém.
Se foi primeiro o ovo ou a galinha, a auto-exclusão deles ou a justa desconfiança que evocam, não sei; certo é que sempre os vi parasitas, agressivos e criminosos em todo o lado. Nunca queira ter uma questão com eles.
De acordo quanto à oportunidade, não podemos é deixar o politicamente correcto cegar-nos à realidade. Muitos casos não têm emenda. São como os Trampistas.
Pois claro!
Não querem integrar-se nesta sociedade de chulecos! Estão no seu direito!
Aliás estão já a fazer filhos a grande velocidade para quando chegar a democracia semidireta. Nessa altura vão fazer render a sua importância e impor a sua vontade.
E os outros? Que vão para a terra deles?
“Efectivamente, um dos pecados do PCP está em não ver ou não querer ver o horror de muitos regimes comunistas, incluindo o da Coreia do Norte”.
O PCP sabe que o Socialismo conduz SEMPRE e INEVITAVELMENTE a ditaduras, por isso não as condena…
Gomes de Laranja