O *Eletric e os seis *fatos de ontem no sítio do costume

I hate what computers have come to represent in a certain form of music.
Atticus Ross

In fact, learners may need instruction regarding particular sound sequences in the second language in order to overcome phonological bias that is transferred from their first language.
— Kilpatrick & Pierce (2014)

In fact, the study of electrical contacts has led to important conclusions in the theory of friction.
— Jones (1947)

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Uma das consequências do Acordo Ortográfico de 1990 diz respeito ao impacto negativo na capacidade de falantes/escreventes de português europeu se exprimirem em determinadas línguas estrangeiras, quer oralmente, quer na escrita. Há muitos anos, a propósito do célebre “One Diretion“, receei que em português europeu o Having trouble with my direction /Upside-down, psychotic reaction dos The Cult pudesse ser transcrito como Having trouble with my diretion/Upside-down, psychotic reation. Ora, há dias, descobri que o álbum desta extraordinária canção foi vítima em português do Brasil deste fenómeno nada inesperado. Efectivamente, alguém grafou Eletric (em vez de Electric), o que é perfeitamente compreensível e só surpreenderá quem andar por aí muito distraído.

Os que andam por aí distraídos, dizendo aos quatro ventos que isto está a correr bem, não terão também reparado nos seis fatos de ontem no Diário da República.

Eu reparei. E também reparei neste contato.

Continuação de uma óptima semana.

Nótula: Os meus agradecimentos a Denys Ferrari, pela belíssima foto do vinil do Electric.

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Comments

  1. Professor B says:

    Arrefecimento nocturno leva a necessitar de mais fatos.

  2. Luís Lavoura says:

    Que argumento tão estúpido. Quer dizer, nós deveríamos escrever letras que na pronúncia portuguesa não existem, somente porque palavras similares noutras línguas (no inglês, claro, esse modelo inexecedível de língua perfeita) têm pronúncia diferente!
    O autor deste post faria bem em ter umas liçõezinhas de italiano, ou de alemão, para aprender que há línguas de países civilizados nas quais de facto se escreve o que se pronuncia.

    • Pimba! says:

      Por acaso em italiano eles dobraram as consoantes “falantes” quando acabaram com as consoantes “mudas”, precisamente para näo perder a qualidade de acentuaçäo da vogal seguinte que as “mudas” tinham.

      Entretanto, na Tuga… primeiro acabam com os Z qua acentuavam a vogal anterior, e espetaram acentos (ao contrário do resto do mundo, que até os tenta eliminar- ver o grego);
      depois acabam com as consoantes mudas, mudando não só a raíz etimológica (vede os “espetadores” que passaram também a ver TV, em vez de apenas espetar), mas também a leitura, que só funcionam em Cascais.

      O autor deste post faria bem em ter umas liçõezinhas de… sei lá, História, gramática, …

      • POIS! says:

        Pois foi!

        Dobraram as consoantes mas já se arrependeram. São inúmeros os falanctes de italiano que ficaram com a língua enctalada no meio de duas consoantes.

        Soube do caso de um que estava a dizer “cunnilingus” e ficou enctalado entre os dois “n”.

        O fato é que teve de interromper o ato e foi chacto.

    • António Fernando Nabais says:

      Que comentário tão estúpido! Acertou ao lado do texto. E querer ensinar línguas ou linguística ao Francisco Miguel Valada é de rir. Informe-se e poder aprender.

      • Luís Lavoura says:

        Se o Francisco Miguel Valada sabe línguas, então deve saber que em italiano a palavra homem se escreve “uomo” e a palavra hora se escreve “ora”. É por causa disso que os infelizes italianos, quando aprendem línguas estrangeiras, têm imensa dificuldade em escrever um “h” no início de certas palavras. De onde, pelo argumento inteligente e sapiente de Francisco Miguel Valada, dever-se-ia rapidamente modificar a ortografia do italiano, para que os italianos passassem a estar familiarizados com a colocação de letras que não se lêem em algumas palavras, para que dessa forma pudessem sem excessiva dificuldade aprender a ortografia de línguas estrangeiras.
        O Francisco Miguel Valada saberá também que em castelhano o nome Frederico se escreve “Federico”, o que muito dificulta aos falantes dessa língua a aprendizagem da ortografia desse nome em línguas estrangeiras, por exemplo em português. Seria altamente conveniente que em castelhano se passasse a escrever “Frederico”, mesmo que não se lesse o “r” a seguir ao “F”, somente para que os falantes de castelhano pudessem mais facilmente aprender a ortografia do nome noutras línguas.

        • Professor B says:

          Os castelhanos também escrevem “hierro”. Pronunciam esse “h”?
          Argumento fraquinho…

    • Paulo Marques says:

      Ainda bem que o desacordo ortográfico nem faz uma, nem faz outra.