Há um problema no Spotify (e outro, mais grave, no Diário da República)

In that summerRoll back to mother
IA/BD

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O problema no Spotify é o seguinte: o Sea and Sky dos The Cult está no Go West (crazy spinning circles) do Rare Cult e o Go West (crazy spinning circles) está no Sea and Sky do single e do Rare Cult. Já agora, o novo álbum dos The Cult (aqui anunciado há poucas semanas e presente na epígrafe) é excelente.

Agora, vamos ao que interessa.

Efectivamente, como é dia útil, há festa. Porquê? Porque há Diário da República.

Exactamente.

Aliás, a formulação “não dispensa o contacto regular do trabalhador com o serviço” está padronizada e encontra-se há muitos anos consagrada em diplomas portugueses.

Encontra-se? Encontrava-se!

Desejo-vos uma óptima semana.

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Royale with cheese

La langue, un français écorché, mêlé de patois, était indissociable des voix puissantes et vigoureuses, des corps serrés dans les blouses et les bleus de travail, des maisons basses avec jardinet, de l’aboiement des chiens l’après midi et du silence qui précède les disputes, de même que les règles de grammaire et le français correct étaient liés aux intonations neutres et aux mains blanches de la maîtresse d’école.
Annie Ernaux (efectivamente)

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Por causa da Mary Royall /rɔɪəl/, lembrei-me do royale /rɔiˈæl/ (with cheese). Trata-se sobretudo de tonicidade, sim, por isso, muito mais do que da velha história da selecção e da *selessão, perdão, da *seleção, lembrei-me da facção e do façam. É exactamente por isto que a linearidade não pode — não deve, OK — servir nem como forma de orientação nem como princípio norteador. Por falar em nortear e orientar (todavia, go west, porque the west is the best), há álbum novo dos The Cult e, na segunda, tereis os GNR de há 30 anos na rtp memória.

No sítio do costume? O costume.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

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O *Eletric e os seis *fatos de ontem no sítio do costume

I hate what computers have come to represent in a certain form of music.
Atticus Ross

In fact, learners may need instruction regarding particular sound sequences in the second language in order to overcome phonological bias that is transferred from their first language.
— Kilpatrick & Pierce (2014)

In fact, the study of electrical contacts has led to important conclusions in the theory of friction.
— Jones (1947)

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Uma das consequências do Acordo Ortográfico de 1990 diz respeito ao impacto negativo na capacidade de falantes/escreventes de português europeu se exprimirem em determinadas línguas estrangeiras, quer oralmente, quer na escrita. Há muitos anos, a propósito do célebre “One Diretion“, receei que em português europeu o Having trouble with my direction /Upside-down, psychotic reaction dos The Cult pudesse ser transcrito como Having trouble with my diretion/Upside-down, psychotic reation. Ora, há dias, descobri que o álbum desta extraordinária canção foi vítima em português do Brasil deste fenómeno nada inesperado. Efectivamente, alguém grafou Eletric (em vez de Electric), o que é perfeitamente compreensível e só surpreenderá quem andar por aí muito distraído.

Os que andam por aí distraídos, dizendo aos quatro ventos que isto está a correr bem, não terão também reparado [Read more…]

John Peel Sessions

Lista actualizada pelo blogue Formally Known As The Bollocks. Ainda falta, por exemplo, a sessão dos SDC, com Fatman, Today, False Faces e All Glory.

A bexiga *iperativa

In particular, in the case of aviation disasters that are caused by linguistic problems, it would be important to distinguish different ways of pronouncing and representing the same numeral: In English there are different ways of saying the numerals of the accident flight USAir 427: either four hundred twenty-seven or four two seven (in the style of a telephone number), where in the latter case, it would be most interesting to determine whether the cipher 4 (phonology /fo/) had the phonetic realisation [fo:], [for], [faʊə], [faʊ’ər], or the like.
Claudia Sassen

nobody, not even the rain, has such small hands.
e. e. cummings

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*Hiperativa? Efectivamente, o ‘m’ de imperativa indica [ĩ] em vez de [i]. De facto, o ‘c’ de hiperactiva indica [a] em vez de [ɐ]. Com efeito, o ‘h’ inicial de hiperactiva é inorgânico. De simplificação em simplificação, obter-se-á *iperativa.

Há poucas semanas, comprei um slide igual a este do Jeff Beck, na Macari’s (que saiu da Denmark Street e foi para a Charing Cross Road, quase em frente à Foyles, que fica ao lado deste templo). Se reparardes bem, entre 1:33 e 1:39, o Jeff Beck pega nesse slide com o mesmo à-vontade com que eu pego nos meus lápis e na minha esferográfica Faber-Castell, ou seja, sem o desleixo de quem aniquila letras com valor grafémico.

Exactamente.

Nótula: Apesar de as minhas canções predilectas do Rui Veloso serem o saiu para a rua e o não me mintas (embora haja aquele desnecessário verso com o Jardel…) e apesar de preferir mil e uma vezes o nova gente ou o made in oporto dos GNR ao porto sentido como hino pop da minha cidade (o Jardel ainda é como o outro, mas para o “lampiões tristes e sós”, francamente, não há pachorra), não podemos nem devemos ignorar a voz das varandas. Viva o Porto! Os meus agradecimentos à Alexandra Martins.

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O IVA da electricidade e o IVA da eletricidade

DOROTHY
Toto, I have a feeling we’re not in Kansas anymore.
The Wizard of Oz

Wovoka had a vision, his words went far and wide.
Death Cult

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A decisão sobre o IVA da electricidade foi um dos grandes temas desta semana. Todavia, a pergunta impõe-se: aquilo que os deputados votaram foi o IVA da electricidade ou o IVA da eletricidade? Sim, porque, não são exactamente a mesma coisa e, se bem vos lembrais, ambas aparecem no Orçamento do Estado para 2020. Tendo em conta alguma tradição (“não responde“, “não responde“, “não responde“), ficaremos provavelmente sem saber se é electicidade ou eletricidade.

© psdesign1 / Fotolia [http://bit.ly/2veNZQq]

No fim de contas, importa é mostrar que os actos são dinâmicos — às vezes, até há música — e dar tempo de antena a despropositadas vaidades. Aquilo que está em causa é vender o produto e a imagem dos autores do produto: a péssima qualidade do produto efectivamente não interessa.

Quanto ao dilema electricidade/eletricidade, convém igualmente recordar que a supressão do cê da sequência -ct- dá azo a erros em línguas estrangeiras (*fator, *diretion, *eletric). Será possível que um falante/escrevente de português europeu venha um dia a escrever

Development of Analyzing System for Power Fator and Harmonic Diretion in Eletric Power Distribution System using FA Computer,

em vez de

Development of Analyzing System for Power Factor and Harmonic Direction in Electric Power Distribution System using FA Computer?

Tendo em conta os “human fator issues“, os “One Diretion” e a “General Eletric“, sim, é possível.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

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Os factos de Câncio e os fatos da CMTV

Avec ses quatre dromadaires
Don Pedro d’Alfaroubeira
Courut le monde et l’admira.
Il fit ce que je voudrais faire
Si j’avais quatre dromadaires.
— Apollinaire, “Le Dromadaire

Sedulo curavi, humanas actiones non ridere, non lugere, neque detestari, sed intelligere.— Espinosa

Woah oh oh oh oh oh oh oh.
Ian Astbury

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Convém sempre lembrar que nem só de fatos se vive no Diário da República:

Seja como for, de fatos efectivamente muito se vive, no Diário da República em particular e na realidade (orto)gráfica portuguesa europeia em geral, desde Janeiro de 2012.

Eis um exemplo, no Diário da República de hoje:

Quanto à realidade (orto)gráfica portuguesa europeia em geral, peguemos na nossa fidelíssima lupa e debrucemo-nos sobre um episódio extremamente interessante. Ao contrário do excelente Público, que traduziuperspectiva‘, para a nossa correcta interpretação da *perspetiva de Daniel Oliveira, a CMTV deturpou factos, indicando fatos,

quando Fernanda Câncio claramente não se refere aos fatos “de roupa” espalhados por Santana Lopes.

Apresentado este meu pequeno relatório, resta-me desejar-vos um óptimo fim-de-semana.

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Pelos animais, ração!

(houve até quem falasse de foguetes, deus nos livre)
Carla Romualdo

Who do you think it’s for? For the animals.
William Henry Duffy & Ian Robert Astbury

LE PROFESSEUR. Vous devenez un véritable animal, Marina.
MARINA. Non : je suis un animal.
— Amélie Nothomb, “Les Combustibles

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Fonte: http://bit.ly/333I4tm, foto de 6/4/2019 (graças à EPHEMERA: http://bit.ly/2oSqVUq)

Efectivamente, o esquecimento do <r> inicial de ‘ração’ é uma das hipóteses mais plausíveis para aquele cartaz. Sim, aquele da direita. Convém recordar o que foi recentemente dito pelo porta-voz do PAN sobre a revisão do Acordo Ortográfico de 1990:

Faz sentido, a ortografia não deve ser legislada por decreto.

Isto é, em última análise e vendo bem as coisas, aquele cartaz não faz sentido.

Por outro lado e por incrível que possa parecer, não se trata apenas nem da tristeza sentida por Cavaco Silva, perante a prestação de anteontem do PSD, nem do impacto dos recentes resultados internacionais do Glorioso no ânimo do presidente do Benfica. A crónica ausência do cê medial, naquelas palavras encontradas no sítio do costume, deixa-me profundamente triste e deverá deixar os respectivos responsáveis tristes e envergonhados.

Continuação de uma óptima semana.

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A efectiva e ineficaz aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 e o direito de contatar

It’s pretty much what I said before.
— Noam Chomsky

With the communicative paradigm, it has been recognised that the goal of getting foreign/second language learners to have perfect pronunciation may be unrealistic and inappropriate (Jenkins, 1998). Instead, it has been suggested that the goal in teaching pronunciation should be “intelligibility” (Kenworthy, 1987) and “communicative efficiency” (Harmer, 1993).
Gölge Seferoğlu

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O Acordo Ortográfico de 1990 é efectivamente (ou seja, de facto) aplicado assim:

Isto é, o Acordo Ortográfico de 1990, de facto (ou seja, efectivamente), não é aplicado — se fosse aplicado, perder-se-ia o brilho desta habitacção:

Quanto ao sítio do costume, continuamos sem novidades:

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

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GIGO e AO90: imagens da rentrée

Some meta-analysts have opted to only include published or so-called high-quality research, citing what is known in the meta-analysis literature as the garbage in, garbage out (GIGO) validity threat (e.g., Truscott, 2007).
Plonsky & Oswald

Let’s put it this way: if successful, a CL approach may serve as a high-speed train to Word City, but its terminus is in a suburb. That’s okay, as long as one realises it’s still a bit of a stroll downtown, where the real action is.
Frank Boers

That’s right! Cristiano Ronaldo. He’s that new kid … uh… from Benfica… (Porto…?)
Ian Astbury

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Ontem, vi um resumo do PSG-Real Madrid e lembrei-me, imagine-se, de uma recente menção ao fato de Zidane, feita pelo jornal A Bola. Efectivamente, no momento em que experimentava sistemas diferentes, Zidane envergava um fato, de acordo com as palavras grafadas nessa ilha ortográfica do Dr. Moreau, nesse maravilhoso espaço de resistência silenciosa cercado por liberdade de expressão:

Aliás, a foto que ilustra o texto mostra Zidane (como Monti, há uns anos) de fato:

Quanto ao sítio do costume…

Ora bem, portanto, vejamos:

Tudo na mesma. OK. Siga.

Nótula: Agradeço a Manuel Monteiro o envio deste engomadíssimo fato de Zidane.

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Reflictamos acerca do fato

Nice chap, buys his round.
Ian Hislop

Never in the field of human conflict was so much owed by so many to so few.
Churchill (apud Boris Johnson)

Furthermore, there is an enormous class hatred: how can this uneducated worker who doesn’t even speak proper Portuguese dare to be sitting in the presidential palace?
Noam Chomsky

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Efectivamente, depois de o livro de Nuno Pacheco ter sido muito bem apresentado, houve uma semana ligeiramente atribulada e o sossego do fim-de-semana.

Chegados a segunda-feira, encontramos isto, no sítio do costume:

Os responsáveis pelo desastre lá vão encolhendo os ombros, assobiando para o ar e, armados em Boris, fazendo de conta que não está a chover.

Apetecia-me escrever umas linhas acerca do verbo reflectir e da nítida função diacrítica do c nas formas arrizotónicas com e: reflecti, reflectia, reflectiam, reflectíamos, reflectias, reflectido, reflectíeis, reflectimos, reflectindo, reflectir, reflectira, reflectirá, reflectiram, reflectíramos, reflectirão, reflectiras, reflectirás, reflectirdes, reflectirei, reflectireis, reflectíreis, reflectirem, reflectiremos, reflectires, reflectiria, reflectiriam, reflectiríamos, reflectirias, reflectiríeis, reflectirmos, reflectis, reflectisse, reflectísseis, reflectissem, reflectíssemos, reflectisses, reflectiste, reflectistes, reflectiu.

Tal função torna-se perceptível, por exemplo, se compararmos com repetir: repeti, repetia, repetiam, repetíamos, repetias, repetido, repetíeis, repetimos, repetindo, repetir, repetira, repetirá, repetiram, repetíramos, repetirão, repetiras, repetirás, repetirdes, repetirei, repetireis, repetíreis, repetirem, repetiremos, repetires, repetiria, repetiriam, repetiríamos, repetirias, repetiríeis, repetirmos, repetis, repetisse, repetísseis, repetissem, repetíssemos, repetisses, repetiste, repetistes, repetiu — e quanto à justificação de -ct- nas formas com i (reflicto, reflictamos, etc.), lembremo-nos da “derivação ou afinidade evidente” e do <x>com valor [ks].

Além dessas apetecidas linhas, também queria propor formalmente uma adenda à lista de Vasco Pulido Valente. Ei-la, informal: agora facto não é igual a fato (de roupa).

Infelizmente, como o “bem-amado kaiser“, ando com pouco tempo: quer para as linhas, quer para a formalização da proposta. Fica para outra altura.

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A Barbara Mandrell e o Acordo Ortográfico de 1990

THE OLD MAN: I am actually married to Barbara Mandrell in my mind. Can you understand that?

EDDIE: Sure.

THE OLD MAN: Good. I’m glad we have an understanding.

— Sam Shepard, “Fool for Love

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Poderíamos reproduzir (ou adaptar) esta conversa entre o Eddie (o Sam Shepard deixou-nos há poucas semanas) e o The Old Man (o Harry Dean Stanton deixou-nos hoje, soube há pouco pelo nosso António Fernando Nabais), com o AO90 a servir de Barbara Mandrell (coitada da Mandrell), da seguinte forma:

A PESSOA QUE ESCREVE NO SEXTA ÀS NOVE DA RTP: Eu escrevo segundo o AO90. Percebe?

UMA PESSOA QUALQUER QUE TENHA LIDO E PERCEBIDO O AO90: Claro!

A PESSOA QUE ESCREVE NO SEXTA ÀS 9 DA RTP: Ainda bem que estamos de acordo.

Para banda sonora, se não houver L’idiot, se não houver City of New Orleans e se não houver os meus dilectos Ao Soldado Desconfiado ou The Phoenix, então pode ser o Comboio  ou então o Noutro Lugar. Não escolham o Depois de ti, mais nada, sff. Obrigado. Adaptações?  Start Me Up é fixe, mas prefiro Love Removal Machine.

Agora, vamos àquilo que interessa:

 

Unidos de fato

Don’t you know the truth is killing you?

William Henry Duffy & Ian Robert Astbury

Shy. The villanie you teach me I will execute, and it shall goe hard but I will better the instruction.

— Shakespeare, “The Merchant of Venice” (Folio 1, 1623)

No one to blame always the same.

Trent Reznor

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Unido de fato?

Com o titular de uma habitação pública já atribuída?

Exactamente: «unido de fato com o titular de uma habitação pública já atribuída».

Efectivamente, andamos nisto há muito tempo. [Read more…]

Extracto → extrato → estrato

um estrato de tomate criado em Portugal
— Expresso (Caderno Economia), 18 de Julho de 2014, p. 14, apud Paulo J. S. Barata, “Um estrato (muito) mal extraído“, Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, 31 de Julho de 2014.

alunos oriundos de diferentes extratos socioeconómicos
— Dire[c]ção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência.”Resultados Escolares por Disciplina, 2.º Ciclo – Ensino Público, Ano le[c]tivo 2014/2015“, apud Expresso8 de Maio de 2017, às 15h07

Talvez devagarinho possas voltar a aprender
Salvador Sobral (interpretação)/Luísa Sobral (autoria)

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Para quem não estiver a par destes temas importantes, um redactor da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência escreveu ‘extratos’ em vez de ‘estratos’ e este descuido foi notícia no Expresso. Como é sabido (embora o Expresso não acrescente a nótula), extratos constitui um duplo erro: além de neste contexto ser mesmo ‘estratos’, a palavra ‘extratos‘ não existe em português europeu. A palavra grafemicamente correcta é extractos.

É curioso que o Expresso dê tanta importância a este assunto. Percebo que um especialista como Helder Guégés o faça. Contudo, para quem, como o Expresso, adopta o AO90 de forma tão descontraída (além deste exemplo, também temos este, aquele ou mesmo aqueloutro) e para quem, como o Expresso, comete exactamente os mesmos erros (ver epígrafe) agora apontados a outrem , este excerto à laia de comentário académico

Entre tantos números, escalas, percentagens, gráficos, etc., incluídos nas 58 páginas do documento, dir-se-ia que os autores do mesmo se deixaram levar pelo lado contabilístico que marca este trabalho,

parece um bocadinho areia atirada para os olhos dos leitores (areia para os olhos, note-se, e não arena para os óculos).

Será curioso verificar se [Read more…]

Diretion? Diretion? Oh dear!

diretion

Leitor atento teve a amabilidade de me enviar esta ligação, com uma reportagem sobre os One Direction, transmitida durante a edição de ontem do Jornal das 8 da TVI — por qualquer motivo que me escapa, a ligação da TVI não funciona por estas bandas.

A base IV do AO90, sem qualquer valor científico – escusado seria acrescentar: sem qualquer ligação à realidade; contudo, por via das dúvidas e por descargo de consciência, acrescente-se e saliente-se: sem qualquer ligação à realidade –, constitui, como se vê, um desnecessário factor de perturbação da consciência ortográfica dos falantes/leitores/escreventes. A supressão, em português europeu, de consoantes com importante valor grafémico fará com que se projecte noutras línguas a arbitrariedade do novo código: contudo, felizmente para elas e seus respectivos falantes, essas línguas não foram sujeitas a reformas ortográficas caóticas, garatujadas em cima do joelho.

Casos como o deste *diretion tenderão a aumentar. Aliás, trata-se de problema já anteriormente mencionado. Esperem para ver. Ou não, não esperem. Se quiserem ver o desastre a instalar-se, basta olharem para o lado, assobiarem para o ar e encolherem os ombros: a ordem é aleatória – para não dizer facultativa –  e até haverá quem olhe para o lado, assobie para o ar e encolha os ombros em simultâneo. Se não quiserem assistir ao caos instalado, têm bom remédio: não fiquem quietos.

Post scriptum: Não conheço – nem tenho, lamento imenso, particular interesse em conhecer – os One Direction. Assim, deixo-vos na companhia de uma das minhas bandas favoritas e de uma canção que corre o risco, se as coisas tomarem o rumo que se prevê, de qualquer publicação portuguesa que adopte o AO90 lhe transformar o Having trouble with my direction /Upside-down, psychotic reaction num ínvio (sim, ínvio) Having trouble with my diretion/Upside-down, psychotic reation: