Dois debates, de escassos 30 minutos.
No primeiro, onde reinou a educação e a cordialidade, Marcelo foi um elegante cavalheiro. Elogiou a adversária, tendo mesmo ido buscar a questão da luta pelo estatuto do cuidador informal – Marcelo, o hábil analista, fez, como se esperava, um bom trabalho de casa – elogiou o Bloco e até pediu ao moderador para deixar Marisa Matias concluir, quando Carlos Daniel queria passar a palavra ao presidente em funções. Gostava, sinceramente, de ver um Marcelo que não fosse a jogo com a eleição ganha. Assim é só chato. E, no meio do aborrecimento, onde ambos estiveram bem, parece-me, Marisa soube mostrar as garras, mas a teia de Marcelo ocupava já todo o estúdio.
No segundo, a antítese. À primeira pergunta, dirigida a João Ferreira por uma moderadora incapaz de segurar um André Ventura full-Trump mode, o líder do Chega demorou poucos segundos para começar a interromper ininterruptamente o adversário, com piadolas, risos histéricos e chavões. A escola CMTV de discussão futebolística hardcore. Foi um debate penoso. Ventura falava na sua vez e na vez de Ferreira, repetia a táctica Venezuela-URSS-Coreia do Norte (alguém o avise do bromance entre o seu ayatollah Trump e o seu amor norte-coreano, Kim) à exaustão, e tanto se esforçou que lá conseguiu, mais para o final, arrastar João Ferreira para o seu território: a lama. E conseguiu o que quis: caos e histeria. E a moderadora terminou o debate como começou: ausente. Um péssimo debate, excelente para perceber o manipulador populista que André Ventura é.
Houve um momento neste segundo debate, contudo, em que a estratégia do caos e da histeria gripou. Quando, depois de muitos “Venezuela”, “Lenine” e “Coreia do Norte”, João Ferreira apanhou André Ventura calado cinco segundos e o confrontou com o elefante na sede do Chega: o facto de ser um partido da elite económica, para a elite económica. Um partido do sistema, portanto. Ventura riu, nervoso, hesitou, e voltou à cassete Venezuela-URSS-Coreia do Norte. E não respondeu. Porque sabe que aí está o facto irrefutável da fraude que é a condição anti-sistema do Chega. Se João Ferreira tivesse sido mais hábil, teria ido mais longe e explorado os “notáveis” do Chega ligados à negócios obscuros e travessuras no bom velho BES. Lutar na lama tem os seus contras.
Espero que os próximos oponentes de Ventura tenham aprendido a lição. Vai ser muito interessante, ver Ventura confrontar Marcelo. E ver Ana Gomes limpar o chão do estúdio com ele.
O início Trump não foi agradável de ver.
Mas chegou onde queria: colar o PCP a João Ferreira e pô-lo a ver por todo o lado a vontade popular traduzida em Estado (menos por cá, presume-se) e nunca denunciando ditaduras comunistas.
Comoveu-me às lágrimas a mensagem dos 178 (s.e.) vitimados do fascismo a quererem pôr em Belém um pitoniso da militarizada Constituição de 1976.
Quanto à outra parelha, acredito que continuarão a comparara as medidas das respectivas sensibilidades sociais, um dia destes em Belém, à hora do chá.
Outra vez a vomitares em assuntos sérios, salazarista repugnante
O Andrézito também ainda não denunciou quem deseja a expatriação dos portugueses, e isso é hoje, não há 100 anos. A menos que queira falar das ditaduras “comunistas” a ultrapassar o capitalismo a 100 à hora em eficiência, também se pode discutir.
Ó “menos”
O que me comoveu, agora, foram as tuas “lágrimas” !
Estou a imaginar.te qual crocodilo, chorando por ir ser transformado num par de sapatos !
E, para tua informação, a Constituição de 1976, já foi revista 7 (sete) vezes, a última das quais em 2006 !
Compreendo o teu desgosto: a palavra socialismo já lá não está…foi pró, digamos, gaveta.
Grande “debate ” entre dois candidatos a fingir que o são. Ri muito.
Gostei. Mostrou o que são estas eleições e mostrou o que é hoje o jornalismo : lixo.
A sério? Mas há alguém no seu perfeito juízo que vá votar nesta eleição? Devia de se declarar recolher obrigatório , não por causa do bicho , mas por questão de decência .
Pois citemos:
“Devia de se declarar recolher obrigatório , não por causa do bicho , mas por questão de decência”.
Certo. De decência linguística, antes do mais.