Resistir à vacina

Sou uma das pessoas mais importantes do mundo. Pode haver algumas mais importantes, dentro da minha família. Tenho amigos, todos eles importantes, mas nenhum é tão importante como eu. Tenho amigos maravilhosos, mas sou muito mais importante do que qualquer um deles, mesmo aqueles que são os melhores amigos. As dores que sinto, quando, por exemplo, bato com um cotovelo numa esquina são infinitamente maiores do que as de uma fractura exposta de qualquer outra pessoa. Há pessoas que se magoam a menos de um metro de mim, sem que eu sinta a mais pequena dor. Peço desculpa, mas é assim mesmo.

Isto quer dizer que também eu quereria ser vacinado antes da larga maioria da população, incluindo uma enorme quantidade de velhos, de enfermeiros, de médicos, de bombeiros, de gente que, em geral, estará mais exposta do que eu ao vírus. E por que razão quereria eu ser vacinado antes de toda essa gente? Porque sou uma das pessoas mais importantes do mundo, como é evidente.

Não tenho conhecidos em lugares suficientemente importantes para conseguir ser vacinado antes dos milhões de pessoas muito menos importantes do que eu, porque como eu não há ninguém.

Se tivesse essa possibilidade, mesmo sabendo que ninguém iria saber, aceitaria ser vacinado? Se um amigo chegasse a minha casa com a vacina na mão, seria eu capaz de resistir a essa oferta? Não sei, gosto de acreditar que sim, mas gostaria de deixar claro que se eu, devido a algum privilégio ou outra circunstância favorável, fosse vacinado antes da minha vez, passaria a fazer parte da nojenta e viscosa categoria dos filhos da puta, tal como foram magistralmente definidos por Alberto Pimenta.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Muito boa esta análise. Subscrevo na íntegra.
    Eu só acrescentaria algo.
    É nestas alturas que percepcionamos a quantidade de filhos da puta, sejam eles ou elas, os quais acima de nós, na hierarquia de responsabilidades públicas, nos lixam todos os dias, apesar daquele blá blá blá, politicamente correto, de que usam e abusam. Pensam que somos otários.
    Se por causa da “puta duma vacina” são capazes de ultrapassar as mais elementares regras da decência, o que não serão capazes de fazer, por exemplo, quando lhes soa o vil metal, ou uma portinhola giratória com um fim glorioso, numa daquelas empresas privadas que se batem todos os anos com negócios chorudos com o Orçamento de Estado ou os fundos provenientes dos Quadros Comunitários de Apoio.
    A corrupção começa sempre assim. Como uma boa dose de chico espertismo.

  2. Tal & Qual says:

    É nestas alturas que percepcionamos a quantidade de filhos da puta, sejam eles ou elas, os quais acima de nós, na hierarquia

    Ora aí está ! Nem é preciso dizer mais nada.

  3. Dr. Contraditório says:

    Ou seja, a Ana Gomes é, neste contexto, uma grande… amiga da sua amiga?

  4. Filipe Bastos says:

    Ora assim é que se fala, Naldinho. Finalmente 100% de acordo.

    No outro dia o Paulo Marques dizia algo como isto: as pessoas não querem ir para a política para não ter de aturar os Filipes, isto é, os mauzões dos críticos. Coitadinhos dos políticos.

    É precisamente o oposto; é o mundo ao contrário. Se há coisa que não falta, nunca faltou, é canalha pulhítica.

    Quem não quer poleiro e mama garantida, sem qualquer exigência ou escrutínio, só tendo de sair no fim do tacho, geralmente para tacho melhor? Até lá vão enchendo a famelga, os compinchas e os mamões que depois lhes darão teta privada.

    É preciso vigiar esta canalha. Cada reunião, cada viagem, cada email ou telefonema deve ser registado e examinado.

    É preciso controlar esta canalha. Cada decisão, adjudicação ou nomeação deve ser passada a pente fino.

    É preciso malhar nesta canalha. Malhar, malhar, malhar.

    Não gostam? Simples: larguem a pulhítica. Vão trabalhar.

    • POIS! says:

      Alors, trés bien, trés bien!

      Comme dirait le grand philosophe Philippe Bastes “la politique, c’est dommage, n’est plus que pain, pain, fromage, fromage”.

    • POIS! says:

      Pois tá bem!

      Então malhe! Mas depressa!

      E se começasse por denunciar às autoridades judiciais o homicídio com dolo eventual de que acusou o Primeiro-ministro, certamente produto da atenta vigilância de V. Exa e de que, certamente, tem amplas provas?

      O povo português ficaria eternamente agradecido. Afinal o que é uma vacina a mais ou a menos ao pé de um quase genocídio? Peanuts, Sr. Bastos.

    • Paulo Marques says:

      Até tenho direito a ser chamado pelos dois nomes, sinto-me importante!
      Não sei, o Filipe já concorreu? O Nabais, o Naldinho, o Paulo Marques? E nunca houve ninguém decente, tipo um gajo que chegou a líder das Nações Unidas? Ou, vá, um gajo que tenha criado o SNS? Ou quem tentou fazer a reforma agrária?

      • Paulo Marques says:

        E criticar não é dizer mal, é outra coisa com base em alternativas possíveis no momento com os constrangimentos institucionais; e estas não são dizer “o que os peritos disserem”, temos muitos peritos económicos na UE e não adianta de muito, mesmo quando o resto do mundo muda. Também houve muitos peritos a desenhar o seu sistema anti-fogos favorito, e deu no que deu. Ou os ilustres autores do desacordo ortográfico. Ou os senhores doutores excelentíssimos que acham bem que haja violência doméstica quando o jantar queima. Ou a destruição criativa do perito Crato. Ou as reformas de flexibilidade laboral que iam aumentar ordenados.
        Especialistas há muitos.

    • Filipe Bastos says:

      “E nunca houve ninguém decente, tipo um gajo que chegou a líder das Nações Unidas?”

      Há esta velha fantasia entre os fãs do ‘socialismo democrático’, i.e. xuxalismo, que o Guterres é decente e que foi um bom PM.

      Lembro-me de como chegou ao poleiro: foi ele a trazer em força o marketing (no caso, brasuca) à pulhítica tuga, mais a música do Vangelis. ‘Razão e Coração’, não era?

      Foi também ele quem mais esmolas recebeu e estourou da UE; e quem mais privatizou. Eis o seu caro socialista. Nem o regabofe cavacal bate o pântano de Guterres; e como cereja na poia soltou sobre o país a máfia do 44, Vara, Costa e afins.

      Líder da UN? Sim, pela mesma razão que levou o Burroso a presidente da CE e o Centeno do Eurogrupo, o Vitinho Mamão a vice-presidente do BCE, ou o Sampaio a “Alto Representante” para uma treta qualquer: volta e meia estas entidades precisam de figuras anódinas para ocupar os tachos.

      Portugal é uma fonte ideal: pequenino, pacato, submisso, pobre e corrupto, mas faz parte da UE, da NATO, da OCDE, etc. Pertence aos clubes certos. E o Guterres até passa por decente… a quem não lhe conheça as companhias. E a obra.

      • POIS! says:

        Pois é!

        Desde que acabou a “ditadura light” que isto tem sido fantasias atrás de fantasias. Quem conheceu o Sócrates ainda de cueiros deveria ter adivinhado o que iria acontecer. Agora é demasiado tarde: foi companhia de um corrupto. Está proscrito para todo o sempre. Tal como o Venturoso Enviado, as penas cominadas pelo Sr. Bastos são todas perpétuas.

        O passo seguinte será o de cortar as mãos aos programadores informáticos que utilizem aplicações elaboradas por chulecos e que subrepticiamente fiquem com os dados dos utilizadores. Se, mesmo assim persistirem em programar por voz, deve-se-lhes cimentar a garganta. Se isso não chegar resta a “guilhotina light”.

        Espero bem que V. Exa. não saia de casa e não contacte absolutamente com ninguém. Veja lá se não é apanhado ao pé de algum chuleco. Cliente, patrão, fornecedor, cônjuge tudo conta!

      • Paulo Marques says:

        Quando muito pode dizer que era incompetente a controlar o partido, o que é verdade, mas o desconforto e o coração sempre foram públicos.
        Mas comparar a sua actuação na UN com a de Barroso na UE não lembra a ninguém. Ou sequer o cargo em si, onde poderia também dizer que é fácil porque não tem grande poder real.

      • Filipe Bastos says:

        Quem conheceu o Sócrates ainda de cueiros…

        Vá lá, POIS, nem v. deve acreditar nisso.

        O Trafulha toda a vida foi trafulha, não apenas após chegar ao poleiro. Todos o sabiam. E continuou a trafulhar no partido, no paralamento, no governo, em todo o lado.

        Duvido que Guterres tenha molhado a sopa, não parece o tipo, mas não só sabia como se tornaram compinchas. Em 2015 até deu os parabéns ao 44 pelo tacho – palavra dele – na Octapharma onde fingia trabalhar.

        E do Vara, também não sabia? Do Coelhone? Do Anão Sinistro Vitorino? Do Ferro, do Paulo Peidoso? O Guterres deve ser como a Múmia Cavaca… sempre o último saber.

        • POIS! says:

          Pois lá está!

          V. Exa. todo este tempo com provas de trafulhice, ou pior, e nada fez para denunciar! Esperou pelos jornais, para não causar um trauma ao país.

          A que é que se refere em relação ao “Ferro” e ao “Paulo Peidoso”? Conhece alguma trafulhice? Diga lá!

          Sr. Bastos: entre V. Exa. e o Venturoso Enviado não há diferença nenhuma. Isso da tal democracia direta “semirepresentativa, implantada comandada por um Bastos á frente de um exército de “bastinhos” (a que V. Exa. chamou de “peritos”), pois o povo “não estaria preparado” é só para disfarçar.

          Por muito que lhe custe, o paleio de Hitler contra os “chulecos” no início da sua brilhante carreira política era parecido. E também prometia respeitar a vontade do povo alemão (fez até vários plebiscitos), desde que fosse a sua.

          É igualzinho a V. Exa: no seu gambozino semidireto e semirepresentativo, o povo também pode decidir, desde que esteja “preparado” e desde que a decisão seja aquela que V. Exa. defende.

          Estou à espera que aja em relação áquilo de que acusou o Dr. Costa: homicídio qualificado com dolo eventual. De que tem, certamente, bastas provas. Vá lá, não obrigue a chamar-lhe o que todos estão a pensar que, realmente,é.

          E já agora: V. Exa, de início, estava cheio de certezas sobre o tal gambozino semidireto semirepresentativo. Depois tem vindo a “suavizar” o discurso á medida que lhe apontam as contradições. Não venha cá com o paleio das “desonestidades intelectuais”.

          • iceberg da Islandia says:

            POIS

            “Sr. Bastos: entre V. Exa. e o Venturoso Enviado não há diferença nenhuma”

            Esse esterco nem merece esta resposta

        • Filipe Bastos says:

          Por muito que lhe custe, o paleio de Hitler contra os “chulecos” no início da sua brilhante carreira política era parecido.

          Pois por muito que lhe custe, até Hitler podia ter razão.

          Havia de facto chulões e chulecos a chular a sociedade, a democracia alemã era uma bandalheira, o país estava de rastos e o mundo caminhava – como se viu – para o domínio absoluto da Banca e outros mamões.

          Nisso ele tinha razão; mas só trouxe uma ditadura. O que proponho é o exacto oposto – uma democracia.

          Creio que interpreta mal as minhas intenções, como é habitual na malta com que falo disto: não quero ter um cargo especial, ou cargo algum, ou impor a minha vontade, ou ter tudo à minha maneira.

          Pelo contrário, dou de barato que discordarei de muitas decisões. Às vezes não tenho razão; noutras até a tenho. Não sou carneiro; a maioria das pessoas é. Por muito que me repugnem as suas decisões, estão no seu direito. Tenho de aceitar. É isso democracia.

          A única contradição que vejo, POIS, é a sua obstinação num regime cada vez mais podre, injusto e desigual.

          • POIS! says:

            Pois lá está!

            Já me carimbou de obstinado “pelo regime atual”.

            Vivaaa! Ganhei mais um carimbo BASTOS.

            Não se esqueça de me dizer o que tenho de escrever para que V. Exa. me conceda mais um carimbo. Sempre é mais fácil do que tentar adivinhar.

      • iceberg da Islandia says:

        Bastos

        “Nem o regabofe cavacal bate o pântano de Guterres”

        Com que então Cavaquista ?

        Vale tudo grande oportunista e vígaro !

        • Filipe Bastos says:

          Falo no ‘regabofe cavacal’ e v. acha que sou cavaquista?

          @POIS: está a ver a inteligência da carneirada? Mas é assim a democracia. Até o iceberg da Islandia vota.

          • iceberg da Islandia says:

            Bem disfarças, mas não enganas, fachistoide.
            Os culpados são quem te leva a sério

          • POIS! says:

            Pois não!

            Ainda não cheguei ao ponto de atestar a inteligência ou a desinteligência alheia. Não tenho os divinos dotes de V. Exa.

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