A fotografia e os interesses de negócio de António Costa

Para sair bem na fotografia, António Costa diz assim:

Claro que a prioridade climática só interessa na medida em que não colida com o negócio, sendo metida na gaveta quando se trata de empurrar a todo o vapor e contra amplos protestos da sociedade civil um acordo de comércio livre (UE-Mercosul) que promove a desflorestação na Floresta Amazónica e no Cerrado, a expansão das monoculturas e pecuária intensiva à custa da destruição de ecossistemas naturais, a utilização maciça de pesticidas e a perda da biodiversidade, para além de pactuar com um presidente negacionista das alterações climáticas e sem escrúpulos em expropriar e violar os direitos dos povos indígenas.

Não saberá António Costa que, nos dois anos como presidente, Bolsonaro já vendeu 20.000 km2 de floresta tropical às companhias petrolíferas e de gás e que em 2020 a área desflorestada aumentou 10%, para mais de 11 mil quilómetros quadrados, ou seja, cerca de um nono da área de Portugal perdida em apenas um ano? Não saberá António Costa que o acordo vai agravar as alterações climáticas e perpetuar um modelo insustentável de negócio?

E tudo isto para trazer carne, soja e etanol para a Europa e vender carros e químicos aos 4 países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai)??? Ou talvez azeite?

Sr. Primeiro Ministro, basta de hipocrisia, dê ouvidos aos portugueses: segundo resultados de um recente inquérito em 12 países europeus, 85% dos portugueses concordam que o processo de ratificação deve cessar enquanto não parar a desflorestação da Amazónia.

E não nos queira deitar areia para os olhos com um anexo interpretativo, como aconteceu no caso do acordo EU-Canadá (CETA), que não vale o papel em que foi escrito, pois nada nele é vinculativo, “com dentes”, à altura do próprio acordo.

Ser campeão do Clima tem consequências e não são só as boas oportunidades de negócio das renováveis…

https://vimeo.com/454069419

P.S.- Petição Pública contra o acordo UE-Mercosul

Este país não é para resilientes

Transição energética, digitalização e obras públicas. É sobretudo destas três áreas que temos ouvido falar, quando o tema é o Plano de Recuperação e Resiliência. E poucas coisas nos dizem tanto sobre o país em que vivemos, sobre a União que integramos, como este conjunto de prioridades, que, não sendo negligenciável, em particular naquilo que diz respeito ao combate contra as alterações climáticas, parece ignorar uma parte do país real. A parte que foi silenciosamente empurrada para a pobreza, pela pandemia e pela ausência de uma estratégia que a contemple, que quer trabalhar e não pode, sem que nenhuma solução alternativa lhe seja apresentada. Os segregados deste admirável mundo novo.

E não, isto não se resume apenas à crise que se abateu sobre a restauração, sobre a cultura, sobre turismo, ou sobre o tecido produtivo, feito de micro, pequenas e médias empresas. Estão todos em muito maus lençóis, no doubt about that. Mas não são invisíveis, ou sequer ignorados, como outros que, não dispondo de tempo de antena, organização de classe ou de figuras mediáticas que os representem, com amigos influentes no Twitter e no Instagram, acabam esquecidos, nesta guerra pelos recursos europeus, ou pelas migalhas que sobrarão do banquete que se antevê.

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Estreia a Aventar

[Renato Teixeira]

Em tempos, quando saí do 5Dias, cheguei a conspirar com o João José Cardoso para rumar ao Aventar. Hoje já não temos entre nós o saudoso JJC mas essa conspiração ganhou forma pelo convite do Fernando Moreira de Sá. A blogosfera mudou muito nos últimos anos e eu não serei excepção a esse fenómeno. Dos acesos debates sobre este mundo e o outro, onde o tempo era mais importante que a gramática, agora o que se mantém vivo parece ser à conta mais da análise do que pelo relato do quotidiano. Mais pela investigação e denúncia, do que pelo pulsar de estados de alma. Não sei, agora que dou início a esta participação, o que mais me motivará, cá estaremos, eu e vocês, para o descobrir. Para quem nunca se tenha cruzado comigo cabe-me fazer a devida apresentação e declaração de interesses. Sou jornalista de formação e trabalho como consultor de comunicação, actualmente ao serviço do Sindicato dos Estivadores. Como jornalista trabalhei sobretudo temas relacionados com a política nacional e internacional e como consultor de comunicação passei de forma fugaz pela NextPower, do universo da LPM, e de forma mais prolongada pela CV&A. Politicamente comecei o meu envolvimento no movimento estudantil e no movimento antiglobalização e estive nos primeiros anos do Bloco de Esquerda, projecto que abandonei quando a maioria do partido deixou de colocar o PS no arco da governação para o passar a ter em conta para uma alternativa política. O Zé que fazia falta ao PS na CML, foi mesmo o balão de ensaio da geringonça. Depois de sair do partido dediquei-me sobretudo ao movimento social e sindical, bem como à causa palestiniana. Sou um refugiado de Coimbra em Lisboa, antigo da República Prá-kys-tão, apreciador de futebol e de gastronomia e serei sempre antifascista antes de tudo o resto. Obrigado ao colectivo pela abertura das portas deste espaço, onde espero poder contribuir para a bonita história de longevidade e diversidade que o Aventar representa.

Não podia dar inicio à minha participação no Aventar sem a devida homenagem a João José Cardoso, com quem partilhei a experiência militante, o amor pela escrita e a paixão pela Briosa.

Alfredo Quintana (1988-2011)

Em memória do menino de Havana que veio para Portugal cumprir o desiderato de ser o melhor do mundo, e que nosso país, pátria que já era a sua de coração, se tornou grande e nos tornou grandes. Um gigante do desporto português. Uma força viva da natureza, com uma capacidade de trabalho, com uma entrega e com uma paixão abismal pela sua profissão. O nosso desporto ficou mais pobre. Adeus Alfredo. Obrigado por tudo!

Como era óbvio!

O Ministério da Saúde decidiu usar SMS para convocar pessoas com mais de 80 anos e pessoas com 50 a 79 anos que sofrem de comorbilidades (doença coronária, insuficiência cardíaca ou renal ou doença pulmonar obstrutiva crónica.

Conforme foi anunciado em início de Fevereiro, o SMS “vai ser a modalidade preferencial de convocatória das pessoas destes grupos, sempre que haja informação no sistema que permita esse contacto”, explicou o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Luís Goes Pinheiro

Como é fácil de constatar, nesta faixa etária há enormes dificuldades no uso da tecnologia, pelo que se poderia prever este desfecho: “Apenas 55% dos convocados responderam ao SMS para serem vacinados contra a covid-19“. [Read more…]