Em espanhol, são ‘vacunajetas’

Efectivamente. E em português?

[imagem via iStock]

Recessão democrática

No take introdutório do GPS emitido na passada semana na RTP3, Fareed Zakaria apresentou a sua visão sobre aquela que deve ser a prioridade das prioridades da Administração Biden: conter a pandemia. Conter a pandemia, salvar pessoas, vacinar mais e mais rápido, recuperar a economia e mostrar ao mundo que os EUA podem liderar no combate à pandemia e à crise económica, e voltar a ocupar a posição de farol das democracias liberais, reconstruindo alianças estilhaçadas por quatro anos de governação destrutiva, recuperando a credibilidade perdida, redefinindo prioridades diplomáticas, estratégicas e geopolíticas, reafirmando o papel dos EUA no mundo e recolocando o país no centro da política internacional. Uma missão quase-impossível, pelo menos no curto prazo, depois dos estragos causados pelo furacão Trump.

No mesmo programa, David Miliband usou um termo que ouvi pela primeira vez, “democratic recession”, associado não só à governação Trump, mas a toda a onda de populismo oportunista, mais ou menos autoritária, sempre grosseira e arrogante, ideologicamente vazia, no sentido filosófico da palavra, e cuja artilharia pesada consiste na divisão, exacerbada pela construção artificial de um (ou mais) inimigo comum, pela transformação de minorias em bodes expiatórios, para efeitos de distracção, e numa profunda instrumentalização do medo, de feridas mal saradas, do ressentimento e do ódio, como catalisador da violência miliciana.

[Read more…]

A importância da democracia

Antes de ser liberal, eu sou democrata. É a democracia que me permite defender as ideias em que acredito e debater contra aqueles com os quais não concordo. É a democracia que permite que possamos tirar do lugar aqueles que não gostamos e colocar lá aqueles que gostamos, de uma forma pacífica e saudável. Qualquer democrata tem o dever de lutar pelo direito à palavra dos seus adversários políticos. Qualquer ideia, até a mais reprovável, deve ser combatida pelo debate. Mesmo assim, não devemos dar a mão ou tentar convergências com aqueles que não respeitam a democracia e não sabem estar neste modelo que é o melhor encontrado na História. No século XXI, não podemos contemplar ideias que inferiorizem pessoas pelo que elas são. Não podemos contemplar ideias que se baseiam em ódios e ressentimentos. E não podemos ceder a argumentos como “e a liberdade de expressão?”. Mas ‘tão sofridos? ‘Tão sofridos na sua liberdade de expressão? Ninguém está sem liberdade de expressão e ainda bem. Os antidemocratas devem ter voz para sabermos onde eles andam. Prefiro um elefante grande do que uma vespa pequenina.

 

Quando me perguntam como imagino a nossa assembleia, estou longe de defender uma assembleia totalmente liberal. A democracia não ganharia com isso. Não seria um serviço útil na representação do cidadão. Mesmo concordando totalmente com a eutanásia, é bom termos conservadores a trazer o valor da vida para a discussão. É importante termos esquerdistas que nos colocam a questionar sobre problemas sociais como o racismo e o machismo de forma constante e até irritante, mesmo que não concordemos. Não devemos ter medo de falar de qualquer assunto que suscite problemas na sociedade. E não devemos deixar que assuntos sensíveis sejam monopolizados por antidemocratas.

 

Por alguns pontos que aqui referi, dizem que os liberais são de direita economicamente e de esquerda socialmente. Não podia estar em maior desacordo. Os liberais são liberais, ponto. Ser de esquerda socialmente exigiria que os liberais fossem coletivistas, mas isso não acontece. Defender a liberdade do indivíduo, independentemente da sua orientação sexual, da sua etnia, da sua nacionalidade, não é ser de esquerda, é ser decente. Decência essa que a direita põe de lado demasiadas vezes e descredibiliza o espaço não-socialista. Chegou a altura da direita agir por ideias próprias apenas e não por reflexo contra a esquerda que está num ótimo caminho para fazer de Portugal o país mais pobre da Europa.

A direita açoriana e a normalização de Carlos César


Tanta merda para acabar com o nepotismo e o controle absoluto do PS sobre as estruturas da administração pública nos Açores, e, em apenas três meses, o novo regime PSD/CDS/PPM, com acordos parlamentares firmados com a IL e o CH, têm mais nomeados que o anterior regime socialista, que fizeram a factura para manter toda aquela gente subir dois milhões de euros. E muitos familiares à mistura, provando que o efeito Carlos César é transversal aos caciques do PSD, do CDS e do PPM, que é pequeno mas tem os mesmos vícios dos grandes. Perante este agravamento da tacharia e do nepotismo no arquipélago, é de esperar que IL e CH rompam imediatamente com o acordo firmado com a nova maioria, que a IL encha as rotundas dos Açores com outdoors #comPrimos e que o CH faça o mesmo, denunciando esta vergonha, com as suas artimanhas populistas. E muitos parabéns à direita dos puros e castos que combatem o socialismo, por nos mostrarem que conseguem ser iguais ou piores que os seus antecessores. Depois de normalizarem a extrema-direita, conseguem agora o feito inédito de normalizar o Carlos César. Parabéns!