O *censo, o senso e o sentido: matéria para reflexão (reflictamos)

I asked one of these girls once what she found so attractive about J.D., and she told me it was his terrific sense of humor: something he’d lost track of this particular night.
Sam Shepard, Cruising Paradise

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A minha resposta imediata e sem filtros a esta pergunta

é muito simples: nem uma coisa (senso), nem outra (*censo).

Repito: nem uma coisa (senso), nem outra (*censo).

Procuremos sentido.

Ei-lo: em alemão, em inglês, em espanhol, em italiano, em francês e em grego (ainda) não há dados nem em neerlandês, nem em tétum, nem em chinês.

Houve senso? Há senso? Claro que não houve senso, claro que não há senso.

O multilinguismo (há vida além do inglês, fyi) é maravilhoso, sim, mas também extremamente útil para pôr determinados pontos nos ii.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

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Comments

  1. Paulo Marques says:

    Ao tempo que o senso se instituiu, que está na altura de mudar o dicionário. Não sou de línguas, mas não me parece que nem sequer não faça sentido.
    Esteja à vontade para dizer que sou burro na matéria.

  2. Francisco Miguel Valada says:

    Estamos aqui para reflectir, Paulo. A ausência de ‘senso’ nas entradas em línguas estrangeiras dos dicionários da PE e a pergunta tão assertiva dos serviços do “português correcto” da editora desses dicionários é que me levaram a escrever estas linhas. Quanto ao ‘senso’ instituído, aí é que a porca torce o rabo e o debate começa a ser interessante. Obrigado pelo contributo.

    • Paulo Marques says:

      Quanto aos estrangeirismos por tudo e por nada, temos, de facto a mais. E também sou culpado. “Costumizar” é o meu disparate mais comum.

  3. Elvimonte says:

    Falta de senso e ignorância, muita ignorância. Valha-nos o sentido de humor.

  4. Professor B says:

    Habita aqui algum humorista?
    Isto é que faz parte do censo de humor.

  5. Manuel M. says:

    Excelente e muito útil. Quem preza o português acorda.

  6. Manuel M. says:

    *acorda — leia-se: concorda consigo.

  7. Professor B says:

    Exactamente. Quem preza o português está acordado e não usa a mistela acordesa.

  8. Rui Naldinho says:

    A propósito do fim de semana, este, não o pretérito, leio no Expresso desta sexta-feira um texto cheio de gafes:

    https://expresso.pt/internacional/2021-09-10-Servicos-secretos-da-Australia-ajudaram-a-CIA-no-golpe-de-militar-que-derrubou-o-regime-de-Salvador-Allende-no-Chile-ha-48-anos-088a7bfb

    Onde deveria ser Chilena, escrevem chinesa.
    Onde deveria ser Camberra, nome da capital australiana na forma portuguesa, lê-se “Canberra”, nome da cidade na forma inglesa.
    Já nem acabei de ler a notícia, tanta era a asneira.