Os PSs a lembrarem-se da sua matriz ideológica?

Foto: PS

Depois de andarem décadas a pontapear os trabalhadores e a promover o capital, estará agora na altura de os sociais-democratas/socialistas se arrependerem dessa traição e se recentrarem no que deveria ser o seu genuíno papel?

“(…) o ex-líder da JS foi buscar um tema contra-intuitivo em Portugal – onde o mais comum é falar-se da necessidade de haver mais meritocracia – para fazer uma crítica do culto da meritocracia. Trata-se de uma nova abordagem política de um filósofo norte-americano da Universidade de Harvard, Michael Sandel, que escreveu o livro “A Tirania do Mérito”. Sandel entende que a meritocracia replica o privilégio das elites e mina a coesão social, criando as bolsas de descontentes que levam à adesão aos populismos (daí Trump ter as classes trabalhadoras ou Le Pen os ex-eleitores comunistas).

Como é filho de um industrial ligado ao calçado, foi buscar o exemplo das gaspeadeiras, as operárias, que cosem os sapatos: “As gaspeadeiras não têm mérito? Os técnicos de manutenção da CP não têm mérito? Só conseguiremos ser um país forte se respeitarmos o que une o povo com dificuldades. O que os une a todos é a cola da nossa comunidade, é o Estado social.”

No seu discurso, Pedro Nuno Santos trocou a meritocracia pelo “respeito” pelas classes trabalhadoras, como fez o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, do SPD (Partido Social Democrata).

Porém, de A. Costa essa recuperação da memória não é mesmo de esperar; continua na linha de Schröder.

„Na “Tirania do Mérito” Sandel entende que a meritocracia replica o privilégio das elites e mina a coesão social“: é incrível como uma banalidade tão simples pode ser tão certeira e boa de ouvir.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Grande texto, Ana.
    Será que custa tanto perceber o óbvio?
    Ou será que a costela brâmane do Sr Costa tem tiques de elitismo?

    • Ana Moreno says:

      Obrigada, Rui. Não creio que tenha a ver com isso, acho que é esta fé desatada no efeito trickle-down e no There is no Alternative, esses mitos convenientes à preservação desta ordem maquavélica, em que quem mais tem, mais direitos e privilégios obtem. O mecanismo ISDS é o expoente mais óbvio dessa submissão dos povos ao grande capital, levados pela batuta dos governos. Como as eleições irão comprovar, são os próprios povos que engolem os mitos acima referidos; para seu próprio mal.

      • Rui Naldinho says:

        Claro. Principalmente os povos dos países mais pequenos, como nós, que, na ânsia de saírem da sua pequenez, aceitam de bom grado que os seus governos façam acordos internacionais desastrosos, os quais na base só lhes trazem problemas.
        Ainda agora se ouviu que a Comissão Europeia vai apresentar uma queixa contra a China, na Organização Mundial de Comércio, por causa da Lituânia estar a ser boicotada nas suas exportações para o país de Xi Jinping.
        Mas alguma vez a China, o maior potentado económico do século XXI está preocupada com essa queixa?
        Claro que chutam para canto.
        Mas alguma vez países como a Alemanha, EUA, Canadá, Rússia, França ou Grã Bretanha, estão refém desses acordos?
        Nem pensar. Na hora da verdade, se os seus interesses forem beliscados, mandam o acordo às malvas. É ver o Boris Johnson a gozar nitidamente com a UE e o acordo assinado por ambos no pós Brexit.
        Já aos restantes países resta-lhes bater a bolinha baixa, não vá algum dos tubarões que citei, sentir-se incomodado.

  2. JgMenos says:

    Onde se pode aprender a ser gaspiadeiro?
    Quantos anos demora o curso’
    É difícil?

    • CHEGA, Menos says:

      E quantos anos demora a tirar um curso de Troll?
      Aqui no Aventar já vais no oitavo ano de escolaridade. E continuas a debitar as mesmas bestialidades do dia em que aqui te matriculaste pela primeira vez.
      Só posso constatar que o teu mérito é baixo.
      Evolui homem!

    • Formação especificamente para gaspeadeira não encontrei, mas também não insisti muito na busca..
      No entanto encontrei formação que talvez possa responder á sua pergunta.
      Alem do mais, o titulo da formação parece adequada ao discurso com que tem abrilhantado esta caixa de comentários.
      https://qualifica.ctcp.pt/formacao/modelacao-de-botas/4011.html.

    • Paulo Marques says:

      Se é tão fácil, porque não se candidata? Era bonito vê-lo a partir a mola.

  3. Joana Quelhas says:

    „Na “Tirania do Mérito” Sandel entende que a meritocracia replica o privilégio das elites e mina a coesão social“:

    “é incrível como uma banalidade tão simples pode ser tão certeira e boa de ouvir.”

    Sim é uma banal e errada afirmação. O que me parece óbvio é falta de entendimento e a inversão de valores que o pós-modernismo nos trouxe.

    O que é que Sandel entende por privilegio das elites ?

    O Sr. Sandel parece aceitar que as elites são aqueles que tem mérito . E até aqui tudo bem.

    Mas por outro lado parece entender que as consequências do mérito afectam a coesão social. Ou seja o Sr. Sandel acredita que a coesão social seria garantida ou promovida se a meritocracia não conduzisse ao aparecimento de elites.

    Para estes intelectuais que fundamentam o seu pensamento na igualdade , a lógica parece ter sido passada para segundo plano. A lógica é afastada para segundo plano por ser uma senhora incomoda, que não pactua com a irrealidade.
    Como já vimos, para o sr.Sandel as elites são aqueles com mérito.

    Mas se continuarmos a análise do pensamento do Sr. Sanders chegamos á palavra – replica .
    Então parece que o Sr. Sandres entende o que são elites mas que essas elites não devem ser replicadas !
    Será que quer dizer que devíamos ter um numero fixo e pré determinado ( pelas elites já agora ? ) de elites ?
    Ou será que as elites não poderiam replicar os seus privilégios ?
    Ou será que as elites deveriam auto regular os seus privilégios ?
    Não sei mas a Aninhas deve saber por esta afirmação do Sr. Sanders é tão óbvia…

    Vamos então fazer um raciocínio puramente académico de como esta complexa situação é óbvia nas cabecinhas das pessoas tipo Aninhas, mas muito resumida que estou com pouco tempo:

    As pessoas tipo Aninhas acham que as referidas elites deviam ser regulados por um governo “justo ” em que a justiça seria definida pelas … elites (Com o Sr. Sandel à cabeça), que não deixasse as elites serem elites e naturalmente se constituísse ele próprio elite ( ou as pessoas que o constituem) .
    Qual a meritocracia desse “governo” ? A posse e monopólio da força bruta para amordaçar a meritocracia que é a causa do surgimento das elites .
    Este tipo de governo “EVIDENTEMENTE” garantiria a coesão social e já estava , prontos….
    O esquema mental pós-modernista é este , criticar para destruir mas sem nenhuma solução.

    Joana Quelhas

    • CHEGA, Menos says:

      La está o JgMenos, travestido de saias. Não te esqueças de te depilar, caso contrário podes ser confundido com um gay peludo.

    • Joana Quelhas says:

      Como constato pelo que vejo aqui, o nível da discussão é tão fraquinho que suspeito que o QI da generalidade dos que aqui comentam deverá andar abaixo do meu .

      Vou então fazer a figura de anti Joana,

      E o q é que a anti-Joana diria:

      Joana espera lá um pouco, não acha que a meritocracia como razão exclusiva de “subir na vida” é demasiado redutora ?
      Não admites que a complexidade da vida , muitas vezes prega até partidas aos melhores e ás vezes os piores são os que sobem na vida ?
      Olha o caso deste Nuno Santos, a único mérito que lhe conheço é que subiu na vida (JS)!
      Eu sei o que vais dizer…
      Usar como argumento de meritocracia a subida na vida como prova de que a meritocracia é aquilo que nos faz subir na vida é uma redundância , não é prova de coisa nenhuma.

      Gostava que respondesses a esta questão , pois penso que é importante reflectir sobre isto…

      Anti-Joana

      • Joana Quelhas says:

        Carissima Anti-Joana,
        Ainda bem que colocas essa questão,
        Olha, eu não acredito na chamada Meritocracia na verdade.
        Por uma razão muito simples . A Meritocracia supõe ou obriga se quiseres que haja uma espécie de critérios unificados e uma autoridade que terá de decidir o mérito de alguém , e isso só funcionaria numa estrutura super hirearquica que conduz inexoravelmente a uma centralização dos poderes . Por isso só possível em regimes centralizados e ditatoriais.
        Ao invés, no capitalismo com a sua multiplicidade de critérios e a existência de uma miríade de opções livres que podem levar ao sucesso conduz curiosamente a uma sociedade mais justa e mais rica onde se obtém maior bem estar possível para o maior numero de pessoas.

        Joana Quelhas

        • Felício Estrupício says:

          Joana Quelhas podes escrever à vontade. Espraia para aí a tua “verborreia”. A gente não te lê. Pelo menos eu.
          Ou melhor, começámos por ler os primeiros dois ou três comentários, na expectativa, e percebemos ao que vinhas.
          Queres mais do mesmo, não é?
          Temos pena, nós não queremos.
          Sê feliz com quem quiseres.
          Adeusinho fofa.

        • POIS! says:

          Pois tá bem!

          E quanto ao QI, parabéns! Vosselência subiu!

          Agora já está dois furos acima de amiba, embora ainda a três abaixo de paramécia.

          Continue a trocar ideias consigo mesma que talvez lá chegue. Daqui a um anito, mais coisa menos coisa.

    • Paulo Marques says:

      Não sei quem é o Sandel, nem o Sanders, mas continuo sem saber o que tem de mérito nascer na família certa. Por muito agradado que fique, não acho justo que eu seja um profissional medíocre e tenha direito a vida muito mais despreocupada do que a mediana só porque os meus pais e avós trabalharam e nunca gastaram, mas pronto, ao menos reconhece a minha superioridade de alguma forma.

  4. JgMenos says:

    A ralezada luta denodadamente pelos seus valores que no essencial se traduzem pelo seguinte princípio:
    «Que ninguém obscureça o meu direito a ser uma besta ignorante e acomodada exibindo talento ou saber, sem primeiro declarar solenemente saber-se meu igual!
    Qualquer outra atitude é uma ameaça à coesão social.»

    • POIS! says:

      Pois temos de reconhecer!

      Que a denodada luta do Menos e seus apaniguados pelos seus valores em breve lhes trará reconhecimento!

      Com a ajuda do Venturoso Quarto Pastorinho, o direito a ser uma besta ignorante e acomodada irá, finalmente, ter consagração constitucional!

      Finalmente desobescurecido e devidamente acomodado, JgMenos já poderá gozar o merecido descanso.

      Desde que veio das áfricas, cruzando o oceano temerosamente numa jangada improvisada a partir de restos de uma cadeira de repouso que deu à costa no Mussulo que não tem sossego.

      Tem levado uma vida horrível!

    • Paulo Marques says:

      Para quem nunca exibiu nem um, nem outro, preferindo inventar realidades que nunca existiram, queixa-se muito de boca cheia.
      Mas não é o mérito dos meus papás que me faz pensar que não é meu igual, apesar de preferir ser assim.

  5. Filipe Bastos says:

    Não acham triste que tenha de ser um(a) troll de direita a discutir ideias em vez das pessoas, da pulhitiquice e do diz-que-disse que aqui se discutem todos os dias? Eu acho.

    Para cúmulo, o troll tem de contra-argumentar sozinho, pois o troco que aqui recebe – salvo uma só resposta do Marques – são insultos pueris. O Felício até lhe explica que não a lê; que só lê aquilo com que concorda. Assim é que é, Felício.

    Não tenho agora tempo para responder; mas no v/ lugar pensaria se é isto que querem: uma echo chamber onde a dissidência, seja mais ou menos séria, é corrida a pedras e indiferença.

    • Paulo Marques says:

      É preciso mesmo argumentar que a meritocracia não existe, e quem chega ao topo não se preocupa com a comida dos outros sem ser obrigado?

  6. Joana Q says:

    Filipe Bastos,
    “Beschissen aber nicht Hoffnungslos” como diria Paul Watzlawick.

    Esta malta não tem culpa.
    Esta rapaziada não faz por mal.
    Eles são assim não dá para mais.
    Eles são o produto de uma ideia. São o produto de uma estratégia. Há que estupidificar para destruir.

    Um dos grandes malefícios da Ditadura , foi “ocultar” aos portugueses o desmoronamento moral (e material também) do Marxismo.
    Um dos resultados nefastas entre muitos outros foi a blindagem informativa do completo desacreditamento do Comunismo nos finais dos anos 50. Por causa da Ditadora essas informações e todo esse ambiente não chegou a Portugal.
    Com uma democracia tardia passamos para um Marxismo Pós-Moderno que se apresentou como uma virgem impoluta que traria todo aquilo que a ditadura nos tinha roubado. Estas pessoas são o produto disso mesmo. Veja a ironia: as elites que surgiram após a revolução produziram este tipo de ambiente cultural. Não é bonito de se ver…

    Também acrescento pelos comentários que aqui faz ,tem a capacidade de pensar pela sua cabeça e por isso corre “grande perigo”. Dois tipos de “perigos” dizendo melhor:
    1-Quando/se sair da cartilha será “Cancelado”. E quando/se isso acontecer , será com toda a violência. A esquerda não perdoa dissidências ( A História está aí para o provar). Assim, sem ir agora á net para refrescar a memória, veja casos como Edmundo Pedro , e mais modernamente David Rubin, e o próprio Joe Rogen. Figuras que eram de esquerda mas reunindo simultaneamente inteligência com pensamento livre , mudaram de lado. Isto já para não falar de Camille Paglia.

    Mas vale a pena. Eu própria, nos meus verdes anos acreditava no progressismo.
    Quem não acredita nos que dizem que descobriram a solução para o fim da miséria.
    Quem não acredita nos que querem fazer o paraíso na terra ?
    Só pode ser uma pessoa muito má.
    Só que a história é outra, e a História esta aí para o provar.
    Eu tive a disposição mental e a sorte de uma pessoa muito querida me aconselhar um livro. Um pequeno livro. A sensação que tive ao penetrar naquele mundo foi de deslumbramento. Como é que haviam pessoas tão inteligentes ? Como podia ser que ninguém falasse em pessoas geniais como aquela ? Mas como digo abriram-se de par em par uma porta que dava acesso á a outra dimensão da inteligência da analise critica e do respeito por tudo o que a humanidade tinha já alcanço e demostrava o desdém que com que alguns tratavam tudo e todos na assunção de que todo sabiam e sabiam que lá à frente , no futuro esta o dito paraíso. Curiosamente o autor desse livro é o autor da frase ” eu sou eu e minha circunstância ” que se colocada na terceira pessoa do plural tão bem se aplica ao que aqui estamos a falar.

    Joana Quelhas
    P.S. Tentei publicar este comentário la atrás , o sistema não permitia !

    • POIS! says:

      Pois é!

      Ai o amor! Tão comovente!

      Já se ouve ao longe uma maviosa melodia…

      “Cartas d’amooor,
      Quem as não teeem…
      Um qualquer estupooor
      Ou’ma filha da mãeeee.

      Cartas d’amooor,
      “Meu bem amadooo.
      Vem p’ró meu peitooo
      Ou serás “canceladooo”.

    • Paulo Marques says:

      Há muito mau pensamento de esquerda, como é evidente; só assim se podia achar que Rogen, por exemplo, tinha profundidade nalguma coisa.
      Mas que tem de argumentos ideológicos a apresentar a contrapor? O cancelamento de pessoas que continuam a lucrar muito a dizer coisas, que o rendimento no mercado é puramente meritocrático (excepto quando não é, culpa de um qualquer “socialismo” que é o estado fazer coisas) e genialidades do género, tudo bem regado a insultos em prosa cara a parecer que diz algo.
      Não, responder seriamente a isso não vale muito a pena.

  7. Joana Quelhas says:

    A Anita é o máximo. Ela quer que o Estado seja capaz de impedir que os cidadãos de um pais (por exemplo Portugal) sejam impedidos de adquirir algum bem a ouro cidadão por exemplo de Espanha.
    E porquê ?
    Bem, porque o referido bem é: “colocar aqui aquilo o motivo da proibição ( não se acanhem na imaginação)”.

    Posto isto ela defende um Estado forte que seja tão forte que possa conseguir impedir que duas entidades livres e conscientes façam uma troca voluntária.

    Os comentários de pessoas que estão de acordo com a Anita ainda são “mais máximo”.
    Senão vejamos :

    Pelos vistos a China bla bla … impede as exportações da Litania bla bla…. Neste caso o todo poderoso estado Chinês parece ser o mau da fita.

    Estas duas almas não percebem que o que estão a condenar no caso da China é exactamente o que defendem . Que o Estado deve ser todo poderoso que não cede a interesses comerciais neste caso da Lituânia ?

    A única coisa defensável é o livre comercio , eu gostava que me deixassem livremente fazer trocas comerciais quem muito bem me apetece-se sem as Anitas ao meu lado a dificultarem o processo em nome de “Mais uma vez colocar aqui a utopia preferida”.

    Joana Quelhas

    • Paulo Marques says:

      Não há nada de livre no comércio que tem de ser segundo as regras, tribunais, e força de quem todas estas privilegiam. Que, claro, as violam quando convém e impõem as suas restrições nada ideológicas.

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