Rui Rio, a bazófia e as sondagens que passaram de manipuladas a credíveis

Segundo Rui Rio, António Costa está na iminência de perder as eleições. Estranha afirmação, vinda de alguém que anda há anos a desvalorizar e a gozar com as sondagens, que são, literalmente, o único indicador de que dispõe para chegar a uma conclusão destas. Ou será que, agora que lhe são favoráveis, se tornaram credíveis?

Até há poucos dias, Rio estava a fazer uma campanha inteligente, facilitada pelo clima de guerrilha que se vivia à esquerda e que concentrava em si o grosso dos holofotes, apesar de uma ou outra ambiguidade comprometedora. Entretanto, as tracking polls começaram a encurtar a distância entre PS e PSD, com o PSD a ultrapassar o PS em algumas, e o que fez Rui Rio? Esqueceu-se da estratégia que o levou até ali, encheu-se de bazófia e já se apresenta como vencedor antecipado.

Para quem é tão experiente nestas andanças, o líder do PSD já devia saber que o excesso de confiança para efeitos de show-off tem um enorme potencial para dar asneira. Mas o cheiro a poder enebria, de tal forma que até Luís Montenegro já aparece ao lado de Rio em campanha. Não sei se me precipitei quando apostei, há dias, na vitória do PSD, mas confesso que também não esperava este plot twist de bazófia. A parte boa é que isto se está a tornar mais interessante. Por um lado temos Costa, que redescobriu a importância da negociação e enfiou o sonho da maioria absoluta no sítio de onde nunca devia ter saído, por outro temos Rio, que deixou a humildade em casa e já acha que ganhou as eleições. Quem diria que dois políticos tão rodados poderiam ser tão ingénuos?

Comments


  1. Claro que não existe aqui ingenuidade coisíssima nenhuma. O que há é o mais rasteiro oportunismo político de ambos os candidatos. Nisso e noutras coisas eles se igualam completamente. Escolher entre a peste e a cólera não é uma escolha, é uma desgraça. Nesse peditório, o pessoal já deu….

  2. Filipe Bastos says:

    Há muito que defendo que sondagens pré-eleitorais deviam ser proibidas. No melhor dos casos são inúteis; no pior são nocivas.

    Ao influenciar a carneirada, afectam os resultados e subvertem a democracia – se cá houvesse democracia. Tornam a eleição numa espécie de jogo da sueca merdoso, com carneiros a adivinhar e a fazer contas sobre os votos dos outros.

    As sondagens só são boas para duas classes: a dos pulhíticos e a dos comentadeiros, a quem dão assunto interminável. Só isso era motivo suficiente para proibi-las.

    É assim a partidocracia. Decide tudo sozinha; nada pergunta aos cidadãos que pagam as decisões. Mas pergunta-lhes a quem vão dar tacho. É tudo que interessa.

    • José Peralta says:

      Sr. comentadeiro Filipe Bastos (afinal, também o é !)

      Ainda não percebeu que vivemos numa DEMOCRACIA, no que ela tem de bom e de mau ?

      E ainda não percebeu que a “partidocracia” é realmente uma condição “sine qua non” para que exista DEMOCRACIA, também no que ela tem de bom e de mau…

      E não decide tudo sózinha ! Tem regularmente eleições LIVRES, para que os cidadãos manifestem a sua vontade, ou fiquem na cama e se abstenham…

      Quanto à “carneirada”, eu vivo muito melhor NESTA , ao contrário do que vivi na que PARECE SER SUA carneirada de partido único, onde DECIDIAM TUDO SÓZINHOS, e onde também havia eleições, e depois… “ganhavam”, sempre !

      • estevesayres says:

        Vivemos numa democracia burguesa, isso sim…

      • esteves, ayres says:

        Alguém acredita, que vivemos numa democracia, quando muitos de nós, somos excluídos por termos convicções marxistas…

        • Paulo Marques says:

          Se a pessoas preferem a burguesia, continuam a ser estas que escolhem. Não faltam correntes marxistas que se adaptem à realidade invés de almejarem por algo que nem se sabe como será no dia a dia.

  3. JgMenos says:

    O Rio terá votos bastantes para desatar o saco de gatos do PS?
    Será que a cambada progresso/idotó/corretês se vai agitar muito?
    Só por esse filme as eleições valem o incómodo!

  4. Paulo Marques says:

    Quase que gostava de ver a cara de muita gente se Rio ganhasse e esquartejasse o país agrandando ao enorme bando de abutres que o rodeiam de um momento para o outro, à espera da sua porta giratória. O problema é que continuava a ter que viver cá, e a sentir o efeito permanente na vida das pessoas.
    Mas as sondagens, se é para serem com 174 amigos, e para fazerem estudos de licenciatura parecerem científicos, é melhor não ligar muito. Muito menos quando mudam completamente ao dia, porque o rigor não traz lucro.