Perdas em combate. E quem perde é Portugal.

Beatriz Gomes Dias, Isabel Pires, José Gusmão, José Manuel Pureza, Moisés Ferreira, António Filipe, João Oliveira, Heloísa Apolónia, João Ferreira.

Não são os partidos que perdem. É o país. Sobretudo quando os portugueses os substituem por deputados classicistas, racistas, xenófobos e homofóbicos.

Eu já vi este filme e não gostei.

Retrocesso: uma certeza, entre várias certezas

O PS vence por larga margem. A esquerda, no global, também vence, mas a esquerda da esquerda perde de forma retumbante.

BE e CDU terão, agora, de fazer uma reflexão interna. Sabemos que a força da esquerda não se mede por números, como já se viu no passado, mas por propostas; sabemos, no entanto, que terá de ser feita, de forma ponderada, serena e comprometida com o eleitorado, um balanço dos últimos seis anos, nomeadamente da estratégia seguida desde o fim da geringonça em 2019.

O neo-liberalismo cresce a olhos vistos, mostra a perna ao eleitorado, mas este não vê que ele é perneta. Terão agora, pelo menos, dois anos para reflectir se era uma maioria do PS (ou perto disso) que realmente queriam e se o crescimento do neo-liberalismo nas últimas três décadas tem sido benéfico para o país.

Vamos à luta, camaradas. O povo castigou-nos, à boleia da manipulação do PS e da pressão das sondagens, mas continuaremos, sempre, sempre, sempre a lutar por vós. O reforço dos serviços públicos, o aumento dos salários e das pensões, justiça fiscal, criminalização das offshores, e por aí em diante. Não renunciaremos aos nossos mandatos. Viemos à luta, estamos na luta, estaremos na luta.

Avante.

Fotografia: MAYO

Just when I thought I was out…

Apesar da hora, parece ser certo que o PS, mais concretamente António Costa, ganhou as eleições e de modo bem mais expressivo do que os últimos tempos poderiam fazer antever.

Tanto quanto é previsível neste momento, quem votou, prefere que António Costa continue a governar, aumentando o seu apoio ao socialista ao ponto de poder atingir a maioria absoluta.

Nos últimos tempos, não faltou quem achasse que o socialista estaria com vontade de ir à sua vida e passar o testemunho a outro.

Afinal de contas o poder desgasta, os cabelos brancos surgem e envelhecem, e, convenhamos, foram tantos os tiros nos pés, que até parecia que queria perder as eleições.

Eu sou daqueles que desconfiam que António Costa estava farto e queria ir à vida dele.

Poderei estar enganado, é certo, mas desconfio, também, que a esta hora António Costa já deve ter tido um desabafo em família mais ou menos como este:

 

A IA nas projecções

O Luís Paulo Reis, do LIACC (UP) fez uma projecção, usando algumas técnicas de IA.

É ver.

 

Legislativas 2022 – 2

O mesmo passarinho diz-me que as três sondagens à boca das urnas dão a vitória ao PS.

Legislativas 2022 – declaração de interesses

Há quem ache que todos devemos assumir publicamente o nosso sentido de voto. Eu acho uma parvoíce, até porque o voto é secreto e ninguém tem nada a ver com isso. Eu não vou revelar o meu, mas assumo, sem problemas, o que seria uma vitória para mim:

1) Nenhum partido ter maioria absoluta
2) Haver uma maioria de esquerda no Parlamento
3) Extrema-direita ter um resultado muito abaixo do esperado e ficar atrás da IL e CDS

Existe ainda um quarto ponto, que diz respeito ao caso de se verificar uma maioria de direita. A acontecer, celebrarei também uma entendimento que deixe de fora a extrema-direita. Mal por mal, que seja um mal menor.

Quanto ao pódio: quem fica à frente, para mim, é totalmente irrelevante. Não é isso que define o nosso futuro, mas a conjugação de forças no Parlamento e a solução que daí poderá sair. O resto é paleio de saco. Não elegemos, nunca elegemos, primeiros-ministros. Elegemos deputados. E é a Assembleia da República que detém o poder Legislativo. E que aprova, ou não, a constituição de um novo governo. Foi nisto que votamos hoje. E ainda bem, que não há sistema melhor.

Legislativas 2022 resultados – 1

Diz-me um passarinho que o PS ganhou.

O primeiro derrotado destas Legislativas

É o abstencionismo.

“Nós, os super-ricos, devemos pagar mais impostos”

Antonis Schwarz é um dos vários jovens milionários alemães que defendem uma maior tributação dos particularmente ricos.

“Antonis Schwarz: Sim, tanto na Alemanha como internacionalmente, a regra é: quanto maior a riqueza, menos se paga em impostos. Na verdade, deveria ser o contrário: Os ombros mais fortes devem contribuir mais para o bem comum. Porém, de facto, temos baixado sucessivamente os impostos para os super-ricos nos últimos 30 anos. Com a Corona, estamos num ponto em que os cofres do Estado precisam ainda mais de fundos adicionais. É por isso que dizemos: Temos de mudar o nosso sistema fiscal.

tagesschau.de: Quando diz “nós”, não é só você, mas cerca de 50 pessoas ricas que se juntaram na organização “Taxmenow”. Isso significa que existe actualmente muito apoio por parte daqueles que têm relativamente muito dinheiro?

Schwarz: Sim, exactamente. Somos mais de 50 pessoas na iniciativa “Taxmenow”. Beneficiamos muito com o sistema. Somos de opinião que temos de fazer algo e usar a nossa voz em público como pessoas ricas para dizer: As coisas não podem continuar como estão agora. [Read more…]

Ensaio sobre a cegueira

Portugal é um dos países mais desiguais da Europa quer na distribuição do rendimento quer da riqueza. Trabalhadores por conta própria e licenciados são os mais ricos. Especialistas defendem imposto sucessório e valorização dos salários

(…) somos o quinto país mais desigual da União Europeia (…)

Como sair desta espiral? Educação, valorização dos salários e da contratação coletiva, reforço das prestações sociais, mais progressividade fiscal e recuperar o imposto sucessório são caminhos apontados pelos especialistas ouvidos pelo Expresso.”

Como é possível que esta límpida constatação da desmedida desigualdade não abra os olhos a quem vai votar à direita???