haja memória

O melhor dos últimos dias foi esta resposta de Sebastião Bugalho dada na CNN a Pedro Silva Pereira, um clone de Sócrates e actual vice de não sei quê em Bruxelas.

Se é verdade que nesta matéria são poucos os partidos virgens, a verdade é que é bom que nunca se esqueça o que se fez a Moura Guedes, Carlos Enes, Ana Leal e outros que se meteram com o PS…e levaram.
Da tentativa de colocar Rui Pedro Soares a controlar a TVI, de Armando Vara que geria os “investimentos” em publicidade do BCP ou o gabinete de Manuel Pinho a “soprar recomendações” à EDP sobre quais os jornais mais amigos, foram muitas as páginas cobertas de vergonha e silêncio. E impunidade. Dos presidários Vara e Pinho, até aos dias de hoje onde familiares e comparsas do Dr Costa bem posicionados em quase todos os meios (Lusa incluída) e que entre outras coisas travaram – em cima das últimas legislativas – uma reportagem do “Sexta às 9” da também já escorraçada Sandra Felgueiras.
A resposta de Sebastião Bugalho é dura mas em cheio. Uma bujarda tão violenta que até o Zé Albino caiu da cadeira.

Fonte: CNN/ Isabel Santiago

No creo en nazisinhos, pero que los hay, hay!

Não foi para isto que se fez o 25 de Abril

Rui Rio, a genealogia da moral pública

Os PSs a lembrarem-se da sua matriz ideológica?

Foto: PS

Depois de andarem décadas a pontapear os trabalhadores e a promover o capital, estará agora na altura de os sociais-democratas/socialistas se arrependerem dessa traição e se recentrarem no que deveria ser o seu genuíno papel?

“(…) o ex-líder da JS foi buscar um tema contra-intuitivo em Portugal – onde o mais comum é falar-se da necessidade de haver mais meritocracia – para fazer uma crítica do culto da meritocracia. Trata-se de uma nova abordagem política de um filósofo norte-americano da Universidade de Harvard, Michael Sandel, que escreveu o livro “A Tirania do Mérito”. Sandel entende que a meritocracia replica o privilégio das elites e mina a coesão social, criando as bolsas de descontentes que levam à adesão aos populismos (daí Trump ter as classes trabalhadoras ou Le Pen os ex-eleitores comunistas).

Como é filho de um industrial ligado ao calçado, foi buscar o exemplo das gaspeadeiras, as operárias, que cosem os sapatos: “As gaspeadeiras não têm mérito? Os técnicos de manutenção da CP não têm mérito? Só conseguiremos ser um país forte se respeitarmos o que une o povo com dificuldades. O que os une a todos é a cola da nossa comunidade, é o Estado social.”

No seu discurso, Pedro Nuno Santos trocou a meritocracia pelo “respeito” pelas classes trabalhadoras, como fez o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, do SPD (Partido Social Democrata).

Porém, de A. Costa essa recuperação da memória não é mesmo de esperar; continua na linha de Schröder.

„Na “Tirania do Mérito” Sandel entende que a meritocracia replica o privilégio das elites e mina a coesão social“: é incrível como uma banalidade tão simples pode ser tão certeira e boa de ouvir.

Rui Rio, a bazófia e as sondagens que passaram de manipuladas a credíveis

Segundo Rui Rio, António Costa está na iminência de perder as eleições. Estranha afirmação, vinda de alguém que anda há anos a desvalorizar e a gozar com as sondagens, que são, literalmente, o único indicador de que dispõe para chegar a uma conclusão destas. Ou será que, agora que lhe são favoráveis, se tornaram credíveis?

Até há poucos dias, Rio estava a fazer uma campanha inteligente, facilitada pelo clima de guerrilha que se vivia à esquerda e que concentrava em si o grosso dos holofotes, apesar de uma ou outra ambiguidade comprometedora. Entretanto, as tracking polls começaram a encurtar a distância entre PS e PSD, com o PSD a ultrapassar o PS em algumas, e o que fez Rui Rio? Esqueceu-se da estratégia que o levou até ali, encheu-se de bazófia e já se apresenta como vencedor antecipado.

Para quem é tão experiente nestas andanças, o líder do PSD já devia saber que o excesso de confiança para efeitos de show-off tem um enorme potencial para dar asneira. Mas o cheiro a poder enebria, de tal forma que até Luís Montenegro já aparece ao lado de Rio em campanha. Não sei se me precipitei quando apostei, há dias, na vitória do PSD, mas confesso que também não esperava este plot twist de bazófia. A parte boa é que isto se está a tornar mais interessante. Por um lado temos Costa, que redescobriu a importância da negociação e enfiou o sonho da maioria absoluta no sítio de onde nunca devia ter saído, por outro temos Rio, que deixou a humildade em casa e já acha que ganhou as eleições. Quem diria que dois políticos tão rodados poderiam ser tão ingénuos?

Rui Rio nos bastidores – um testemunho

Texto encontrado no mural de Facebook do jornalista Paulo Moura, republicado com autorização do autor.

Foto: Fernando Veludo

 

«Há uns anos, fiz, para o Público, uma grande entrevista a Rui Rio, quando ele era presidente da Câmara do Porto. Correu mal.

Em parte, a culpa foi minha: como, na altura, Rio se recusava a dar entrevistas, alegando que os jornalistas lhe deturpavam as declarações, eu propus mostrar-lhe o texto, antes da publicação, para ele confirmar que não havia declarações deturpadas ou colocadas fora de contexto. [Read more…]