Então os médicos sabem mais do que eu sobre medicina só porque estudaram?

Personagem Charlie, da série It’s Always Sunny in Philadelphia Foto: FX Networks/20th Television

em princípio sim. Esta frase, dita num vídeo nas redes sociais por um ex-concorrente desses programas de entretenimento absurdo que continuam a nascer como cogumelos nos canais de televisão, ficou-me no ouvido, desde há vários meses. Fez-me reflectir sobre uma certa intolerância que tenho à estupidez, ajudando-me a fortalecer essa opinião e percebendo bem o seu alcance.

Ser intolerante à estupidez faz parecer que temos um conjunto de preconceitos sobre as pessoas que poderão não ter tido as mesmas oportunidades de se educarem ou que poderão ter sérias dificuldades de aprendizagem. Não é por aí que quero ir, pois sou sensível a essas questões e acho que elas têm de ser resolvidas em sede própria (assunto para outro texto).

[Read more…]

Empreendedor-político e marketing fofinho

O Passos Coelho está a debater com o António Costa porquê? Gravatinha laranja e postura moderada para captar eleitorado ao PSD…

Chamem-lhe burro, chamem.

Natal Ortodoxo

No ano passado tive a honra de me estrear no Aventar com um post sobre o Natal Ortodoxo na Sérvia. 
Hoje, dia de consoada ortodoxa e novamente a partir de Belgrado, deixo-vos um pequeno vídeo protagonizado por uma banda de “Trubaci”, um dos ex-libris culturais da Sérvia. Os fãs de Emir Kusturica já estarão familiarizados com o estilo.
Quem não conhece – e gosta deste estilo anárquico, barulhento e sempre alegre – tem mais uma razão para visitar este país.

O PCP tem razão

O PCP tem razão: o modelo de debates é discriminatório e beneficia PS e PSD, cujos líderes são apresentados como candidatos a primeiro-ministro (algo que, formalmente, nem sequer existe), quando, na verdade, são candidatos a deputados, que é precisamente isso que está em jogo em eleições Legislativas. Primeiro-ministro será aquele que a correlação de forças na Assembleia da República conseguir aprovar. Ninguém vota para primeiro-ministro porque não se elegem primeiros-ministros. Acresce a isto que todos os debates de PS e PSD passam nas generalistas. Todos. Aliás, não há um único debate nas generalistas que não inclua PS ou PSD.

Este modelo de debates peca ainda por outra razão: com a curta duração de 25 minutos (suspeito que o debate entre Costa e Rio será mais longo, o que só virá aprofundar ainda mais a discriminação), é impossível aprofundar uma ideia. Se o debate incluir André Ventura, a perda de tempo é total, na medida em que o candidato da extrema-direita subverte e destrói o debate, por vezes com a conivência do moderador de serviço. Com isto contrasta o tempo dedicado pelos mesmos canais à opinião dos comentadores de serviço. Nada contra que o façam, mas custa-me a perceber como é que um debate é feito a correr, sem tempo para explanar ideias, para depois ficarmos uma hora a ouvir as opiniões dos comentadores sobre o debate.

Não faria mais sentido termos debates mais longos, eventualmente cortando algum do tempo de antena dos comentadores?

Faria, mas o dinheiro que paga a indústria do manufacturing consent não cresce nas árvores.

Rui Rio prestou um péssimo serviço ao regime democrático português

Rui Rio prestou um péssimo serviço ao regime democrático português, ao não ter tido a vontade, a coragem e a determinação de se demarcar categoricamente de André Ventura e do discurso desonesto, manipulador e de ódio da extrema-direita. Para quem tanto gosta de aludir à Alemanha, e elogiar o seu sistema político, Rio deveria estar mais atento ao exemplo de Angela Merkel, que sempre defendeu o cordão sanitário em torno da AfD, mesmo quando isso significou entregar o poder ao Die Linke, o homólogo alemão do BE, na Turíngia.

Rio falhou quando se enterrou em ambiguidades para se esquivar a dizer aos portugueses se conta ou não com a extrema-direita, deixando a porta aberta a entendimentos. Falhou ao ser incapaz de enumerar as características extremistas do Chega, que são inúmeras e evidentes, situação que vem reforçar a ideia de que a porta está e estará aberta a entendimentos. Falhou quando se deixou enredar na teia de Ventura, permitindo-lhe marcar o passo do debate, fazendo o seu jogo e respondendo às suas perguntas. Falhou quando gastou tempo precioso, que nestes debates é escasso, para responder a vacuidades como a questão da prisão perpétua. Quem não consegue debater com Ventura sem ser capturado por ele não tem condições para liderar o país. Vice-primeiro-ministro de António Costa é o máximo que poderá aspirar. E mesmo assim…

Rui Tavares ARRASA André Ventura

que tareão! Juro que vi um dente saltar da boca do candidato da extrema-direita.

Crónicas do Rochedo 47: Era uma vez um CDS…

…..de quem a clique não gosta nadinha.

O Francisco Rodrigues dos Santos não agrada às comentadeiras de direita e centro direita em Portugal. Aliás, nunca foi o “Francisco”, foi sempre “o Chicão” e isso diz bem do desgosto das viúvas e viúvos do portismo (internamente) e do respeitinho pela “voz do dono” (externamente). Para piorar, afastou tudo quanto era herdeiro do portismo da direcção e das listas do CDS. É pecado mortal e está a pagar bem pago na forma como é destratado semanalmente.

Com o à vontade de quem não o conhece de lado nenhum e nem tão pouco votará nas próximas legislativas, não consigo perceber esta sanha contra o actual líder do CDS. Sobretudo porque não vejo discutir as ideias mas sim a pessoa. Maior espanto quando esses ataques, pessoais, invariavelmente são acompanhados por pequenos elogios ao seu principal opositor interno, o eurodeputado Nuno Melo. Será que desconhecem, politicamente, este? Será que nunca repararam que entregar o CDS a Melo é colocar o partido à direita do Chega? Quem os ouvia no passado e os ouve hoje fica espantado. Enfim.

O problema é que o CDS, desde o célebre congresso de Braga (1998), foi tomado por um grupo que passou, rapidamente, de facção a poder e de minoritário a maioritário liderado por Paulo Portas. Ao longo dos anos, essa liderança foi alimentando as diferentes cliques. Ora, depois de um susto quando Ribeiro e Castro, surpreendentemente, ganhou o congresso (coisa que o portismo se encarregou de assegurar que fosse sol de pouca dura) o CDS continuou como um partido unipessoal onde Paulo Portas punha e dispunha livremente. Até que o criador concluiu que a criatura já não servia os seus interesses e partiu para parte incerta ou, dito de outra forma, transformou-se em “consultor” e foi ganhar dinheiro a sério. Os seus apaniguados foram ficando com os despojos e de derrota em derrota perderam o partido para a actual liderança. Na primeira vitória de Francisco Rodrigues dos Santos a coisa passou incólume, minimamente, pois estavam os desamparados do portismo convencidos que seria uma segunda edição do fenómeno Ribeiro e Castro. Não foi. Azar. Lá se foram os lugares, lá se foi o palco. Só que isto é gente que não sabe estar e toca a infernizar a vida do novo líder. O que vão conseguir? Em princípio uma mão cheia de nada. O CDS vai passar um mau bocado, provavelmente terá um mau resultado e se a coisa descambar em desastre conseguiram cumprir o desejo do criador, do chefe: “sem mim, a desgraça”. É pena.

[Read more…]