A IL elegeu oito deputados. Oito pessoas que são, agora, a contra-gosto, funcionários públicos.
É claro que não se chamam “deputados” ou “trabalhadores do Parlamento”, mas sim “colaboradores da democracia”. A bancada da IL terá uma #pub nova todos os debates. Os colaboradores da democracia da bancada da IL usarão todos um chapéu, como daqueles que o José Mota levava às conferências de imprensa em Paços de Ferreira, só que em vez de dizer “Capital do Móvel” dirá “Capitalista Ignóbil”.
A partir de agora, haverá sempre um manager no meio da bancada da IL, que a cada dez minutos vai gritar: “ESTAMOS QUASE, ESTAMOS QUASE A ATINGIR AS VENDAS DO DIA, EQUIPA MAGNÍFICA, VAMOS A UM ÚLTIMO ESFORÇO, VOCÊS SÃO INCANSÁVEIS POR ESTA MARCA. VAMOS, DEZ MINUTOS PARA FECHAR, ESTAMOS POR TUDO: IMPINJAM O SNS AO GRUPO MELLO A PREÇO DE SALDO!”. Tudo isto para manter o mindset na ordem, pois claro.
Uma vez por mês, a IL fará uma promoção especial. Portugal: pague por dois, não leve nenhum. Não acredita? Experimente você mesmo! O liberalismo funciona e, mesmo depois destes trinta anos de liberalização económica que nos trouxe ao lodo, continua a fazer falta a Portugal!
No fim, vão montar um Sunset Liberal (que, para quem não sabe, é um pôr-do-sol em forma de dólar) no rooftop (que, para quem não sabe, é um telhado em chique) da empresa Parlamento. As pulseiras de 2€ dão direito a meia cerveja; pulseiras de 5€, dois copos de água, e as pulseiras de 10€ dão acesso à zona VIP do rooftop: um meet and greet com o CEO liberal, que será aquele que for líder parlamentar dos colaboradores da democracia. Haverá também jogo de setas, mas real: podes escolher o design da seta (que significa o “aspecto do caralho da seta”, em português) e escolher em que deputado queres mirar: Catarina Martins? Jerónimo de Sousa? António Costa? Rui Rio? Mas já sabes: o André Ventura não está no nosso jogo, não lhe poderás acertar com setas (basta fingires que não gostas muito dele, enquanto, por outro lado, seguras uma bandeira que diga ‘Don’t Thread on Me’ e as pessoas percebem de que lado estás, sem stress – que, em língua de pobre, quer dizer “tem calma, caralho!”). Ah… e ‘Don’t Thread on Me’ quer dizer “não me pises”; só ainda não percebi se os liberais vivem como formigas ou se têm os pés muito grandes e estão sempre a ser pisados, mas hei-de descobrir. Podes, ainda, beijar um retrato do querido líder, Jeff Bezos, mas fica ao teu critério, porque tens toda a liberdade para escolher se queres beijar a careca em privado ou em público.
Contacta já o teu RP (que quer dizer “o gajo que vende os bilhetes em troca de uma camisola a dizer ‘imposto é roubo!’”) e liberta Portugal do socialismo inexistente!
A política até teria piada, se não fizesse chorar.
Espero pela proposta de lei para serem renumerados pelo mérito. O pior é que ainda baseavam a coisa no número de soundbytes na comunicação social.
Os idiotas que se dizem socialistas e não põem o Estado a fabricar um prego, não promovem uma cooperativa socialista a fazer merda alguma, ou uma UCP (lembras-te, imbecil, das ‘unidades colectivas de produção’?) a criar carneiros, entretêm-se a mandar bojardas acerca do capitalismo que lhes põe comida na mesa!
E o ar de proclamação de mérito que põem no disparate!
Estão à espera que apareçam outra vez militares a abrir as portas ao saque…
Ó Menos, não sei porque marras tanto. Devias estar feliz: o PS ganhou com maioria, o que te favorece, pois assim podes continuar na boa a votar no CH, que ficou em segundo. De que te queixas, Babe?
.l.
Olha, afinal sabes mais ou menos o que é socialismo, no meio de tanto vociferares contra o que não existe.
Óh Menos!!
Nota-se à légua que estás mais fodido que um comboio de putas.
O meu voto contou e a esquerdalhada da treta fodeu-se.
O comboio de putas vai formar governo.
Isto é que surpreendente! O Menos a admitir que votou PêÉsse. Campeão!
Campeão? Sóóó?
Então o Menos não vai ser ministro?
Não me diga que perdeu o comboio!
Vai ocupar o lugar do Cabrita. É o Menos Leitão.
A IL elegeu oito deputados. Oito pessoas que são, agora, a contra-gosto, funcionários públicos.
Que disparate. A IL nada tem contra os funcionários públicos. Deve haver montes de funcionários públicos que são militantes ou simpatizantes ou votantes da IL. Deve haver montes de médicos e enfermeiros de hospitais públicos, montes de professores primários, liceais ou universitários públicos, e montes de outros funcionários públicos variados que simpatizam com a IL. Alguma vez ouviu o João Maio a IL a dizer mal dos funcionários públicos?
O balio até é boa pessoa. Mas tem muito pouco sentido de humor.
Mais: é crente. Mas quanto a isso… respeito todas as religiões.
Alguma vez ouviu a IL dizer mal dos funcionários públicos?
Só se fosse parva… ou séria: então ia perder tantos botinhos?
A IL tem alergia ao Estado, quer despedir toda a gente menos polícias, tribunais e pouco mais – só o essencial para proteger a propriedade e evitar que os proletários morram pelas ruas – mas jamais o dirá com todas as letras.
Sendo espertos, falam só de coisas bonitas – menos impostos, mais dinheiro para si! mais privados, mais escolha! etc. – sem jamais constatar o que isso implica: menos serviços públicos, mais concentração da riqueza, mais lei da selva.
O único deslize foi aquilo dos empréstimos para estudantes, à moda da canalha americana, mas quando o BE, honra lhe seja, expôs a marosca, meteram logo a viola no saco.
Um bom retrato da IL é este do Daniel Oliveira, também honra lhe seja – pode ser um chuleco, mas não é burro:
https://expresso.pt/opiniao/o-egoismo-como-partido/
O único deslize foi aquilo dos empréstimos para estudantes
Isso foi algo que esteve no programa eleitoral da IL em 2019. Não está no programa eleitoral de 2022.
A IL terá, presumo eu, compreendido que errou, e retirou isso do programa.
Se a IL já compreendeu o seu erro, para que continua a atirar-lho à cara?
“Se a IL já compreendeu o seu erro, para que continua a atirar-lho à cara?”
Errado! A IL só retirou a proposta do programa depois de exposta a chulice no debate com o BE. Aliás, há por aí um vídeo, durante a campanha na rua, do Cotrim a ser questionado por um jovem sobre essa proposta, ao que o CEO responde:
Esclarecido. Um partido de classe. Que o seja, mas haver pobres a votar nisto é estarmos a perder a Luta de Classes (e estamos desde sempre).
Não esteve, mas esteve a ser discutida publicamente, por membros do partido, incluindo a direcção, como uma coisa boa até poucos dias antes. E, no fundo, só não está porque os portugueses não estão preparados, atrasados como são.
As pessoas sem mérito que quer despedir? Nem é privatizar, é despedir.
Não disse nada, claro.
Um texto que tem tanto de cómico como de intelectualmente desonesto. É a prova que o autor não percebe nada do que é liberalismo, que nada tem contra o estado, que se quer forte, impoluto e regulador. Tem, sim, contra o excesso de intervenção do estado.
A arrogância intelectual do autor, extensivo aos seus correligionários, é um dos motivos da perda do seu eleitorado.
Eu de liberalismo, de facto, percebo pouco. Do pouco que me lembro, o verdadeiro era de esquerda e bem representado no século XIX, início do século XX.
De neo-liberalismo já percebo melhor, cresci com ele à minha volta. Desonestidade intelectual é enganar os portugueses com slogans do Twitter e ideias importadas de países que até investem mais… no Estado do que nós.
Liberalismos há muitos; o da IL não é, claramente, o da maioria dos países europeus, é mesmo o do estado fraco e rentista, ou não fossem tantas as louvas a Hayek, incluindo o branqueamento do Chile e o revisionismo nacional.
Pois, o Cotrim anda a dizer que o liberalismo funciona, mas nunca diz para quem é que funciona. Porque será?
O que eu me ri. Com o texto e com os comentários. Grande malha, camarada eheheh