
Imagem retirada de Rádio Renascença.
Nos últimos dias, muito se especulou acerca da origem e das motivações dos gandulos que agrediram um cidadão imigrante em Olhão.
Lia ontem no jornal Público que, supostamente, estes faziam parte de uma classe sócio-económica mais baixa, viviam num bairro ”problemático” (adjectivação bacoca e discriminatória), não estudavam nem trabalhavam. Ora, tendo os jovens idades compreendidas entre os 16 e os 19 anos, achei muito estranho que, pelo menos, não estudassem, uma vez que até aos 18 anos está em vigor a escolaridade obrigatória (12° ano). Se, como dizia o Público, “não estudam”, então saber-se-ia se a CPCJ e outros acompanhavam, ou não, os jovens e respectivas famílias (mas a notícia era omissa em relação a isso).
Hoje, no Expresso, ficamos a saber que estes jovens não são de nenhum bairro social “problemático”, mas sim “jovens bem enquadrados socialmente”. Trocado por miúdos (no pun intended), são jovens que não passam dificuldades sócio-económicas de sobremaneira. Apenas um desses jovens faz parte do tal bairro mencionado na notícia do Público de ontem.
Diz a PSP que acredita que a motivação dos jovens criminosos é apenas o roubo e que os ataques a imigrantes, por parte do grupo, são meramente feitos por estes (os imigrantes) serem “alvos fáceis”, afastando a hipótese de xenofobia. Vamos lá ver uma coisa: a PSP não tem formação sobre o que são as várias formas de discriminação? É que, segundo entendo, atacar um imigrante (ou vários) por estes, no entender de quem ataca, serem “alvos fáceis” e, assim, perpetrar o roubo, parece-me uma atitude xenófoba, pois pressupõe a “fraqueza” do cidadão ou o deslocamento da pessoa face à sua terra natal, para que o ataque seja efectuado. Ou seja, se o alvo são imigrantes, seja por que motivo for, mas exclusivamente imigrantes, como é que está “excluída” a hipótese de xenofobia? Mais: se os jovens são pessoas “bem enquadradas socialmente”, como é que a única motivação pode ser, simplesmente, o roubo de imigrantes com recurso à violência?
Em Portugal, sabemos, faz-se de tudo para que crimes de ódio não sejam tratados como crimes de ódio. E, depois, acontece-nos ter um deputado da extrema-direita, já condenado por crimes de ódio, a processar uma outra deputada da esquerda por esta ter afirmado que a extrema-direita comete crimes de ódio… vá-se lá perceber.
É o país (e a polícia) que temos.
É xenofobia um agressor assumir que um imigrante é um alvo (mais) fácil?
Tal como se assume que a mulher é um alvo mais fácil de um assalto com recurso a violência do que um homem. Ou que um velho é um alvo mais fácil que um jovem, ou que um franzino é mais fácil que um físico atlético. Pode nem sempre ser a realidade (ainda há uns tempos uma senhora no Brasil ia ser assaltada, por “azar” era lutadora de MMA e aviou o agressor), mas são suposições a maior parte das vezes concretizáveis.
Muitas vezes estas pessoas não falam sequer a língua, não sabem a quem recorrer, não têm laços familiares ou de amizade no país.
Não é à toa que os turistas são alvos preferenciais em relação aos “nativos”, não será por xenofobia.
Parece-me haver uma enorme diferença entre “os turistas” endinheirados e imigrantes que “não falam a língua” mas trabalham cá.
A quantidade de dinheiro no bolso. Talvez. Também há muito turista “pé descalço”.
Mas a realidade é que um estrangeiro é, pelas razões supracitadas, supostamente, um alvo mais fácil que um local. Seja para violência gratuita, seja para roubos.
Se a razão dos ataques é esta ou outra desconheço, não sei do caso em concreto ou das motivações (é tudo adivinhação, podem ser racistas ou apenas sociopatas), sei que “jovens bem enquadrados socialmente” não serão.
Este comentário de elementar bom-senso não tem quaisquer hipóteses face à demagogia, conveniente a todos, de dizer que este cidadão foi assaltado e agredido por ser imigrante, e não por estar à noite sozinho na rua e por os agressores presumirem que teria, com ele, dinheiro vivo e um telemóvel e não iria fazer queixa à polícia. O autor deste post esteve à espera de saber o IRS e o grau de melanina dos pais destes miúdos (ou as pessoas com 16 e 17 anos só são “crianças” quando são do sexo feminino e saem de casa para ir viver em caso de um homem?) para saber se isto foi ou não um “crime de ódio”, os Marcelos e afins seguem o vento dos media, e até a extrema-direita aproveitou o caso para dizer “estão a ver as consequências da imigração sem limites”. Um putedo isto tudo, como dizia o camarada Espartáco!
um cidadão imigrante
É um imigrante, mas não é um cidadão. A palavra “cidadão” é reservada para os portugueses. “Cidadão” pressupõe sê-lo de um país.
Eu sempre suspeitei que isto fosse obra de jovens de famílias “bem”. É evidente. Eles filmam a agressão porque sabem que têm as costas quentes. Toda a gente em Olhão parece saber destes casos, que têm acontecido repetidamente, mas a polícia não faz nada – o que quer dizer que a polícia não quer fazer nada, porque tem medo. E se a polícia tem medo, só pode ser ou porque os criminosos são ciganos ou, muito mais provavelmente, porque os criminosos são pessoas socialmente bem conectadas.
Recorrdemo-nos do tempo em que no Chiado, em Lisboa, aparecam uns jovens nos passeios acompanhados de conjuntos grandes de cães, que assustavam os transeuntes. A polícia não fazia nada contra esses jovens, porque sabia que eles eram filhos de boas famílias. Em Olhão está-se a passar o mesmo. A polícia sabe dos casos, a polícia sabe quem são alguns dos perpetradores, mas precisamente por saber quem eles são, prefere não fazer nada.
” A polícia sabe dos casos, a polícia sabe quem são alguns dos perpetradores, mas precisamente por saber quem eles são, prefere não fazer nada.”
O mais provavel é querem continuar a jogar as cartas sem serem interrompidos
Pode dar-se também o caso de os criminosos neste caso serem da juventude do partido Chega. Mais uma vez, nesse caso, a polícia não quererá fazer nada contra eles, porque entenderá que eles até estão a fazer um trabalho útil, ao procurarem limpar Olhão de pessoas indesejadas. A polícia, como se sabe, tem boas relações com esse partido.
Um “cidadão” também é um “habitante da cidade”.
Era em resposta ao seu primeiro comentário.
Com este segundo, concordo.
Ah, bom. Faltavam as famílias de bem da bófia.
Se fossem do ‘bairro ”problemático” (adjectivação bacoca e discriminatória)’ não seria xenofobia, eram ladrões (coitadinhos, vítimas de condições sociais difíceis e injustas).
Mas sendo “jovens bem enquadrados socialmente” a xenofobia estará seguramente presente e, bem investigadas as coisas, provavelmente são apoiantes do Chega…
Não precisas de te mostrar tão ofendido, meu pequerrucho.
O que é o Chega, velho nazi
Cumprimentos
Tuga
Ainda não se culpa por associação, senão os fasços nem ao 25 de Novembro chegavam.