Falsas equivalências

No seu discurso de ontem, reagindo à barbárie que os apoiantes de Bolsonaro impuseram em Brasília, Lula da Silva chamou à extrema-direita aquilo que ela é: neo-fascistas de trazer por casa. Logo se levantaram, inconformamos, os empedernidos liberais do extremo-centro, dizendo que as declarações do presidente brasileiro polarizam e acicatam a reacção.

Esta posição é, apenas, e na verdade, mais uma das infindáveis tentativas de colar a extrema-direita à esquerda, quando sabem perfeitamente que o que está em causa não é uma questão de extremos, mas sim de fascistas versus democratas. Esta estratégia de fazer equivaler a esquerda, fundamentalmente social-democrata, à extrema-direita racista, xenófoba, homofóbica e corrupta é antiga, foi recauchutada e colhe hoje os seus frutos. Mas não há equivalência possível entre quem defende os pressupostos constitucionais que regem uma democracia e aqueles que, inscientes, a querem destruir, começando por corroê-la a partir de dentro, para depois extravasarem e passarem à violência declarada contra as Instituições democráticas. Em Portugal sucede o mesmo, sobretudo depois da entrada declarada da extrema-direita na Assembleia da República: a tentativa de colar o Chega, representante dessa direita retorcida e podre de bolor, aos partidos representantes da esquerda tradicional, como o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, partidos que, quer se queira quer não, quer se goste ou não, nunca tiveram um projecto político de destruição da ordem constitucional e democrática. A estratégia, diga-se, é igual aqui, no Brasil, na Espanha, na França ou na Itália.

Ao Brasil, aos democratas brasileiros, da direita moderada à esquerda, que não se revêem em tais actos e respeitam a democracia, vai daqui toda a minha solidariedade e a vontade de que esses insurrectos fascistas sejam postos no seu devido lugar: na cadeia.

Viva o Brasil. Vivam os brasileiros.

Fotografia retirada de: Revista Veja

Putinistas há muitos, seus palermas

Apesar de não ser comunista e de não me rever nas tomadas de posição do PCP, não no conteúdo, mas na forma, assumo que vai-me dando um gozo especial ouvir aqueles que nunca perdem a oportunidade para vaticinar a morte do Partido Comunista, um partido “moribundo”, dizem, mas que sempre ocupa o imaginário de vingança PRECquiana de tais neurónios. O imaginário de vingança e os sonhos molhados, acredito, porque isto é gente com patologias.

Digo isto porque não deixa de ser estranho que os que acusam o PCP de “totalitarismo”, sejam os mesmos que agora querem afastar um executivo democraticamente eleito, com base em “alegadamente”s. É Putin na Ucrânia, os EUA em qualquer sul-americanismo que mexa, o PSD em Setúbal, centenas nas redes sociais e dois ou três no Aventar. Tudo ganha ainda mais cinismo quando situações como a de Setúbal aconteceram em Albufeira, Gondomar ou Aveiro, em Câmaras governadas por PS ou PSD, mas aí está, aparentemente, tudo bem. Ou isso, ou os jornalistas ainda não descobriram tal. Confesso que teria a sua piada, e é bem possível que aconteça, que em Setúbal se realizassem eleições para a Câmara Municipal e a CDU ganhasse outra vez. [Read more…]

Vila do Conde – uma estória de prepotência e arrogância; uma NAU encalhada

Bloqueado pela página de candidatura Elisa Ferraz – Nós Avançamos Unidos e, como tal, impedido de fazer comentários na mesma. A razão? Isto:

do Público, aqui, na íntegra

É assim que se governa Vila do Conde: com tiques de estirpes diferentes, salazaristas e socráticos (não o da Filosofia, mas o da filosofia), prepotência, soberba e falta de cultura democrática. Sra. Elisa Ferraz, tomara que os vilacondenses não caiam nas suas artimanhas propagandistas de oferecer cabazes e outros que tais em tempo de campanha eleitoral, e tampouco caiam no erro de aceitarem ser corrompidos pela sua candidatura a troco de 100€.

Sou cidadão de Vila do Conde como todos os outros, mesmo que a minha cor política seja diferente da sua. Bloquear um vilacondense é como dizer “não contas, estás marcado, porque não és dos nossos”. Sabemos que faz isso a bel-prazer: com presidentes da Junta que não são da Nós Avançamos Unidos, com empresários que lhe fazem frente e com munícipes que não gostam de si e da sua forma de governar. [Read more…]