Putinistas há muitos, seus palermas

Apesar de não ser comunista e de não me rever nas tomadas de posição do PCP, não no conteúdo, mas na forma, assumo que vai-me dando um gozo especial ouvir aqueles que nunca perdem a oportunidade para vaticinar a morte do Partido Comunista, um partido “moribundo”, dizem, mas que sempre ocupa o imaginário de vingança PRECquiana de tais neurónios. O imaginário de vingança e os sonhos molhados, acredito, porque isto é gente com patologias.

Digo isto porque não deixa de ser estranho que os que acusam o PCP de “totalitarismo”, sejam os mesmos que agora querem afastar um executivo democraticamente eleito, com base em “alegadamente”s. É Putin na Ucrânia, os EUA em qualquer sul-americanismo que mexa, o PSD em Setúbal, centenas nas redes sociais e dois ou três no Aventar. Tudo ganha ainda mais cinismo quando situações como a de Setúbal aconteceram em Albufeira, Gondomar ou Aveiro, em Câmaras governadas por PS ou PSD, mas aí está, aparentemente, tudo bem. Ou isso, ou os jornalistas ainda não descobriram tal. Confesso que teria a sua piada, e é bem possível que aconteça, que em Setúbal se realizassem eleições para a Câmara Municipal e a CDU ganhasse outra vez. [Read more…]

PSD, PS e CDS na rota da espionagem russa

Depois do escândalo em Setúbal, que ocupou o espaço mediático e os feeds das redes sociais durante todo o dia de ontem, pouco se falou sobre as exactas mesmas suspeitas em torno das autarquias de Albufeira, Aveiro e Gondomar. O facto de serem governadas por PSD, PSD/CDS e PS, respectivamente, não terá sido motivo de interesse, como se verificou no caso de Setúbal. E isto diz-nos muito sobre a agenda que norteia este debate, que parece ter mais a ver com a necessidade de manter o cerco ao PCP do que com o apuramento daquilo que realmente se passou ou com o perigo que tal representa para os refugiados ucranianos. Business as usual.

Depois queixem-se porque a extrema-direita instrumentaliza estas merdas e cresce

Em poucos dias, dois casos chocantes num país que figura entre os mais pacíficos do mundo. O mais grave, porque resultou na morte de um jovem de 23 anos, aconteceu na noite de Sábado para Domingo, no Porto. Um grupo de três delinquentes franceses, um dos quais com residência na cidade, agrediram violentamente a vítima na Rua Passos Manuel, deixaram-na inconsciente na via pública, e o jovem acabou por falecer no hospital. Foram detidos, mas, aparentemente, apenas um ficou em preventiva. Pelo meio, ainda fizeram um vídeo para as redes sociais, gozando com a situação. Menos do que pena máxima para estes três criminosos será um insulto à morte da vítima. E, é meu entendimento, 25 anos de cadeia para um assassino que se vangloria pelo feito peca por escasso. Por mim ficavam lá para sempre, a fazer vídeos com sabonetes.

O segundo caso é um clássico da boa velha violência nocturna. E o vídeo das câmaras de segurança não deixa margem para dúvidas. Mesmo que a vítima do delinquente que fazia segurança na discoteca (ou que, como é afirmado em alguns OCSs, estivesse ali como cliente) o tivesse insultado, o nível de brutalidade daquela agressão, digna de um homem das cavernas de moca na mão, é um claro indicador de que o delinquente não tem condições para trabalhar como segurança ou sequer para viver em comunidade, motivo pelo qual deve ser encarcerado longos. Mas não é só o delinquente que deve ser penalizado. Também a discoteca Club Vida deve sofrer as consequências por permitir um acto daqueles no seu estabelecimento, com parte do staff a assistir às agressões sem mexer uma palha. O regime de impunidade em que operam muitos seguranças de estabelecimentos nocturnos deste país tem que acabar.

Dito isto, é preciso reflectir sobre estes dois casos e sobre o que nos falta para que Portugal seja um país ainda mais seguro, para todos, e não apenas para os residentes das zonas onde habita a alta sociedade. Faltam leis mais duras para crimes violentos (e para outros, mas é de violência que estamos a falar) e falta, sobretudo, mais policiamento nas ruas, mais meios materiais e humanos para as forças de segurança e mais autoridade, para não falar nos salários de merda que os agentes da PSP e da GNR auferem, e que não motivam nem tornam a profissão particularmente atractiva. No concelho da Trofa, com cerca 40 mil habitantes, existe apenas uma esquadra da GNR, bastante degradada e com poucos operacionais mal equipados. E isto é a regra, não a excepção, neste país. Há dias, eram umas cinco da manhã, estava um grupo de imbecis na minha rua, com as portas do carro abertas a bombar uma azeiteirice qualquer para a rua toda ouvir. Liguei para a GNR e pedi que fossem lá mandar os gajos baixar o azeite. Disseram-me que só tinham um carro patrulha que estava do outro lado do concelho, e que teria que esperar. Um concelho, 40 mil habitantes, um carro de patrulha. Depois queixem-se porque que a extrema-direita instrumentaliza estas merdas e cresce.

Delegado comercial

“Quem não tem seguro, aprende em primeiro lugar que é bom reservar sempre um bocadinho para no futuro ter seguro”, disse o novo ministro da administração interna, João Calvão da Silva, a propósito das inundações em Albufeira.

Acontece que as seguradoras não pagam prejuízos com calamidade pública declarada, será que o ministro não o sabe? Relendo as declarações do ministro, percebe-se que na base do que ele afirma está uma convicção ideológica. “As pessoas estão conscientes que há outros mecanismos para além dos auxílios estatais”, disse Calvão da Silva, esquecendo-se de referir as letras miudinhas dos contratos das seguradoras. “Cada um tem um pequeno pé-de-meia. Em vez de o gastar a mais aqui ou além, paga um prémio de seguro.” Para este ministro, os pés-de-meia servem fazer seguros. Deixem-me dizer-vos uma coisa sobre os seguros. São negócios e, como tal, servem para dar lucro. Podem pagar, e pagam, prejuízos pontuais, mas dificilmente têm capacidade para pagar um prejuízo generalizado. Neste sentido, é uma fraude pretender que um seguro poderá resolver situações de catástrofe. Mas foi isso que João Calvão da Silva fez.

Um exemplo prático? Que seguro pagaria isto?

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Albufeira, Agosto 2014

Proibido © Célia Amado