A demissão da Marta Temido, planeada há meses ou decidida esta semana, mais não é do que o sacrifício de um cordeiro no altar da política, de uma personagem que foi sempre secundária nas decisões estruturais que agora ditam o seu afastamento.
Marta Temido, como qualquer ministra fora do círculo dos pesos pesados do PS, tinha o poder e a capacidade de decisão que António Costa lhe permitiu ter. Independentemente da competência que lhe possamos ou não atribuir, não era Temido quem tinha a última palavra quanto à contratação de mais profissionais de saúde, ao aumento do investimento no sector ou às necessárias reformas para combater a degradação galopante do SNS. Era Costa e, quanto muito, Mário Centeno e Fernando Medina. A própria direcção nacional do PS tinha mais peso nas decisões do que a ministra. E achar que a substituição de Temido por Lacerda Sales, ou por outro qualquer, mudará o que quer que seja nesta equação é pura ingenuidade. Só existe um responsável pelos problemas actuais no SNS. O seu nome é António Costa. O afastamento da ministra não muda rigorosamente nada. Mas satisfaz momentaneamente a ira justificada da turba. Paz à alma do bode expiatório.
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