Qatar, o financiador do Hamas que não aparece nas notícias

Um facto curioso sobre a ampla cobertura de que o Hamas tem sido alvo é a total ausência de referências a um dos seus principais aliados e financiadores: o Qatar.

Somos constantemente recordados das ligações ao Irão e ao Hezbollah, mas, por algum motivo, o Qatar fica sempre fora do radar a comunicação social ocidental.

O próprio líder do Hamas, Ismail Haniyeh, tem residência em Doha, a mais de 2 mil quilómetros de Gaza. Podia viver em Teerão ou Beirute, mas é possível que a presença de Alá se faça sentir com mais intensidade na luxuosa capital do Qatar.

E qual será a razão para a total omissão do papel desta monarquia absoluta na manobra do Hamas?

Não faço ideia. Mas suspeito que será a mesma que garantiu o branqueamento das manchas de sangue do Mundial de 2022.

Elites e ditadores: as notícias sobre Moscovo também eram exageradas, não eram?

É natural que as elites de uma ditadura não lhe sintam o peso da mão. Nenhum ditador governa sozinho. E isto é evidente em pessoas ou grupos tão distintos como a velha aristocracia que transitou do Estado Novo para a democracia, no branqueamento de Putin por Gerhard Schroder ou na relação de amizade de Dennis Rodman com Kim Jong-un.

Não admira, portanto, que o mesmo aconteça hoje com o Qatar. Seja por parte de emigrantes portugueses com uma posição privilegiada no país, por trabalharem em empresas com peso e importância na economia qatari, muitos dos quais minimizam o que lá se passa por medo de represálias, seja por parte de quem por estes dias viaja para Doha para assistir a uma partida do Mundial.

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