Ganância, o motor da inflação

Ficou claro que a expansão do lucro tem desempenhado um papel maior na história da inflação europeia nos últimos seis meses.

A frase é de Paul Donovan, CEO da UBS Global Wealth Management.

E deixa igualmente claro aquilo que já todos sabíamos: o principal motor da inflação é o aumento do lucro de certas empresas, que compensam as suas perdas explorando os consumidores.

Os senhores feudais do BCE, reunidos em retiro numa pequena povoação finlandesa, parecem ter chegado à mesma conclusão. Dizem as más línguas que, entre uma sessão de meditação e o chá das cinco, alguém terá apresentado um PowerPoint que revelava um aumento dos lucros de algumas empresas, de certos sectores, quando o expectável seria uma diminuição. [Read more…]

A representação e a representatividade

Keyla Brasil, artista trans, invadiu o palco de uma peça no Teatro S. Luiz, protestando contra aquilo que denomina de ”transfake” (uma expressão, julgo, importada dos Estados Unidos da América), por um actor, que se identifica com o género masculino, estar a interpretar, na peça, o papel de uma mulher trans.

O argumento das activistas centra-se na questão da representatividade e do “lugar de fala”, exigindo, e bem, que mais artistas trans sejam contratadas para o teatro, artes performativas e para outros trabalhos onde, sabemos, há ainda discriminação e desigualdade no acesso; argumentam, também, e é aqui que a minha discórdia se apresenta, que só actores ou actrizes trans possam representar os papéis ficcionais de personagens trans. Nada mais errado, a meu ver, pois a representação não é um sinónimo de representatividade. Vejamos as definições dos dois conceitos, aplicados à questão em discussão:

1 – Representação: (teatro) “exibição em cena”, “espectáculo teatral”, (cinema, teatro, televisão) “desempenho de actores; interpretação; actuação”;
2 – Representatividade: “qualidade do que é representativo”; Representativo: “que representa”; “que envolve representação”; “constituído por representantes”.

Analisando as duas expressões, podemos concluir que as mesmas se inter-ligam. A representação pode ser representativa de alguma realidade, pode é ser, apenas, representação e, como tal, o teatro reveste-se apenas da premissa da interpretação de textos e personagens, não sendo raras as vezes que uma estória, sendo ficcional, retrata partes da realidade em que nos inserimos. A falta de representatividade no que à presença de pessoas trans na vida social e no mundo laboral, as suas dificuldades no acesso a direitos que são comuns, ou deviam ser, a todos os Seres Humanos, é real e não a podemos escamotear. [Read more…]

Elites e ditadores: as notícias sobre Moscovo também eram exageradas, não eram?

É natural que as elites de uma ditadura não lhe sintam o peso da mão. Nenhum ditador governa sozinho. E isto é evidente em pessoas ou grupos tão distintos como a velha aristocracia que transitou do Estado Novo para a democracia, no branqueamento de Putin por Gerhard Schroder ou na relação de amizade de Dennis Rodman com Kim Jong-un.

Não admira, portanto, que o mesmo aconteça hoje com o Qatar. Seja por parte de emigrantes portugueses com uma posição privilegiada no país, por trabalharem em empresas com peso e importância na economia qatari, muitos dos quais minimizam o que lá se passa por medo de represálias, seja por parte de quem por estes dias viaja para Doha para assistir a uma partida do Mundial.

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Credit Suisse e Deutsche Bank à beira do colapso porque a maralha voltou a viver acima das suas possibilidades

Crescem as suspeitas de que o Credit Suisse e o Deutsche Bank estarão à beira do colapso. E que o eventual colapso, apoiado na queda abrupta do valor das acções (as do Credit Suisse caíram cerca de 75%, desde Fevereiro de 2021) e na subida à pique dos credit default swaps, para valores superiores aos registados durante a crise de 2008, poderá ter consequências mais desastrosas que a queda do Lehman Brothers.

Lembram-se da queda do Lehman Brothers?

Foi aquele banco americano, ícone maior da superioridade do extremo-capitalismo neoliberal, que se desmoronou e levou com ele a economia mundial. Ou, traduzido para conservador-liberal, o Sócrates a governar e o povinho a comer bifes à maluco. A tradução para facho é parecida, basta acrescentar o termo “vergonha” em qualquer ponto da frase.

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André Champalimaud Mello Ventura

Champalimaud e Mello são duas famílias que têm em comum a ligação ao Estado Novo. Receberam de Salazar o favor do tráfico de influências e da corrupção política que não aparecia na estatísticas porque as estatísticas eram aquilo que o regime fascista quisesse.

Não vou maçar-vos com detalhes sobre as ligações e compadrios das duas famílias com a ditadura salazarista ou com o centrão da porta giratória. Existe boa literatura que o fará bem melhor que eu e, querendo, até vos posso sugerir alguma.

Mas vou dizer-vos isto: alguém vai ter que explicar aos chorões do CH, devagarinho e se possível com desenhos, que São Ventura não é anti-sistema, muito menos líder de um partido “contra as elites”. Tal como Salazar nunca o foi. André Ventura e o CH têm entre os principais financiadores vários membros das famílias Champalimaud e Mello, que são tudo menos anti-sistema. São, isso sim, o próprio sistema. São a elite das elites. A elite dos negócios com o Estado em que a elite sai a ganhar e o contribuinte a perder. Basta ver quem anda por aqueles conselhos de administração para perceber isso mesmo. E chegará o dia em que Ventura e seus correligionários lá estarão, juntamente com os utilitários de PS, PSD e CDS. Até porque como agora já sabemos, as famílias Mello e Champalimaud não precisam de continuar a esconder que financiam a extrema-direita que quer brutalizar a democracia, mas que será sempre mansinha e obediente à elite que lhes paga cartazes.

O Capitão e a Rainha

Sabem quantos dias de luto nacional foram decretados quando o capitão Salgueiro Maia faleceu?

Zero.

Zero dias de luto nacional pelo homem que desceu a Rua do Arsenal desarmado e enfrentou os tanques de Junqueira dos Reis.

Assim elogiou Portugal um dos grandes heróis da democracia, o que não surpreende, ou não fosse Cavaco Silva primeiro-ministro, o mesmo que atribuiu pensões vitalícias a ex-PIDEs e a recusou a…. Salgueiro Maia.

Agora, 30 anos depois da morte do último grande herói, assisto, perplexo, ao decretar de 3 dias de luto nacional pela rainha de Inglaterra, sem perceber muito bem porquê. Ou talvez se perceba: o luto nacional, como outras ferramentas protocolares ao serviço de quem governa as várias instituições deste país, não passa de um privilégio que os privilegiados usam para privilegiar as suas castas. Corrijam-me se estiver enganado, mas não me recordo de nenhum serviço prestado por Elizabeth II à REPÚBLICA portuguesa que justifique tal honra.

Vocês recordam?

A verdade, inegável, é que este país deve mais a Salgueiro Maia do que à rainha, ao Cavaco, ao Costa e a toda a casta de privilegiados que se privilegia entre si. Todos juntos não valem uma unha do capitão.

A narina da Sanna

Sanna Marin, primeira-ministra finlandesa, foi “apanhada” a divertir-se e a dançar com as suas amigas, a herege. Tem 36 anos, é uma mulher bonita, várias vezes “apanhada” a divertir-se na noite ou em festivais e, on top of that, chegou ao topo da hierarquia política, num país onde o grau de exigência e monitorização daqueles que exercem cargos públicos por parte da população não é o americano ou o do sul da Europa. E isto, por si só, chega para irritar a velha elite.

A velha elite, sempre moralista, agitou imediatamente o papão das drogas. Lá e cá. Os traficantes de cocaína riram-se e Sanna Marin respondeu com total disponibilidade para realizar um teste de despiste. A velha elite, parada no tempo na década de 60, quer políticos de fachada, cinzentos, sisudos, recatados e do lar. A velha elite que nos trouxe até aqui, reparem. E eu troco toda essa velha elite, balofa, incompetente, podre e a tresandar a corrupção pela narina da Sanna Marin.

Markos Leivikov: o oligarca preferido do jet set português

Já passaram dez anos, desde aquele réveillon em Cascais, marcado pelos diamantes e pela boa disposição. O anfitrião, proprietário do chiquérrimo Farol Design Hotel, era Markos Leivikov (na foto, à esquerda), oligarca russo com ligação directa a Putin e a outros oligarcas da rede de crime organizado dirigida a partir do Kremlin.

Não surpreende, esta proximidade entre Leivikov e o jet set português, também ele repleto de tios e tias, maridos e mulheres dos oligarcas locais, pendurados nos negócios do Estado e nas mais variadas formas de corrupção e tráfico de influências. Fazem parte do mesmo habitat natural. Leivikov, no fundo, é aquele animal selvagem, proveniente de um destino longínquo para dar um toque de exotismo ao zoológico da cleptocracia nacional, e ser admirado pela corte de percevejos eco-chiques da Comporta, agora que os oligarcas angolanos estão em vias de extinção.

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A invasão da Ucrânia e o novo politicamente correcto – O Equilíbrio do Terror #13

Andamos há anos a ouvi-los, aos berros, a anunciar o fim do mundo, porque a maleita do politicamente correcto se abateu sobre nós. Já não se pode gozar com homossexuais, não se pode poluir à vontade, não se pode ser nazi descansado, não se pode ser racista sem aparecer um woke zangado. Uma tragédia de proporções só comparáveis às do Holocausto.

Fora de tangas, é verdade que o policiamento da linguagem, em alguns momentos, tem ido longe de mais. Que a linguagem dita inclusiva, não raras vezes, atropela a integridade da língua portuguesa e a liberdade de expressão, para não falar em episódios absolutamente ridículos como aquele em que os seus proponentes defendem a substituição da palavra “mãe” por pessoa lactante, para não incomodar a ala mais radical da génerosfera.

O politicamente correcto tem sido associado à esquerda, criando, à direita, uma espécie de contra-cultura de inconformados, que não aceitam nenhum dos pressupostos associados ao conceito. No entanto, desde o início desta guerra, emergiu um novo politicamente correcto, com um nível de policiamento da linguagem sem precedentes. Já não se trata de apontar o dedo a quem discrimina ou agride verbalmente. Trata-se de rotular de ditador quem ousa meter o dedo numa ferida, que é real e factual.

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Ignorante, cruel e elitista: eis o negacionismo de Maria Vieira

Na passada semana, no Canadá, as temperaturas atingiram valores próximos dos 50°. Na Columbia Britânica, foram reportadas 500 mortes súbitas, um aumento de cerca de 200% face ao período homólogo. Um incêndio na vila de Lytton, cujas causas estão ainda por apurar, levou à imediata evacuação de todos os suas habitantes e, pura e simplesmente, deixou de existir, devido a uma mistura explosiva de trovoada, ventos fortes e temperaturas elevadíssimas, nunca antes registadas.

A Amazónia, segundo um estudo recentemente mencionado pela revista Visão, já estará a emitir mais gases com efeito de estufa de que a absorver, em larga medida devido a combinação de acelerada desflorestação e expansão da agropecuária e da monocultura da soja. Em Madagáscar, a zona sul do país secou, e a fome instalou-se porque os solos deixaram de ser aráveis. Desesperadas, as populações alimentam-se de gafanhotos e cactos. [Read more…]

Notas sobre as Presidenciais 5: Deixem-se de tretas: os eleitores do Chega não são todos uns coitadinhos revoltados que não sabiam ao que iam

Não engulo a narrativa anti-sistema. Anti-sistema era o Tino de Rans. André Ventura veio do bloco central do sistema, teve um padrinho do sistema, foi recentemente acolhido pelo sistema, nos Açores, esteve ligado ao Correio da Manhã, andou no debate futebolístico, tira selfies com Luís Filipe Vieira, rodeia-se de pessoas com credenciais como ligações ao BES, aos Panama Papers, a contratos milionários com o estado, à evasão fiscal – em tempos uma das especialidades do próprio André Ventura – e a inúmeros outros esquemas, amplamente difundidos pela imprensa nacional, para não falar nos vários membros da elite endinheirada deste país que o apoiam e financiam, e agora é anti-sistema?

Vamos lá ter noção, sim?

Anti-sistema, repito, é o Tino de Rans. O Chega é do sistema, para além de herdeiro do sistema anterior, e tem ligações a todo o tipo de elites, abastadas, excêntricas e nada católicas. A única diferença entre ele e o restante sistema, é que André Ventura cruza constantemente a linha vermelha do racismo, da xenofobia, do fanatismo religioso, do ódio, enfim, uma série delas que já todos sabemos. Mas não é anti-sistema. É apenas a pior face dele. A que oprimiu Portugal durante mais de 40 anos. Aliás, o Chega é tão sistema, que o quartel general de Ventura já tem mais oficiais do CDS do que o Largo do Caldas. Tudo isto é público, tudo isto é apoiado em factos muito concretos, e nem Ventura, nem o Chega tentaram sequer o contraditório. E quem cala consente. [Read more…]

25 razões para não votar André Ventura

Hey, eleitor português revoltado com o estado a que isto chegou, também és daqueles que acha que o Chega é a solução para os nossos problemas? Pois bem, então aqui fica uma lista daquilo que apoias com o teu voto, se o decidires entregar a André Ventura:

  1. Apoias o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde. Está no programa do Chega. Sim, também estás a votar nisso.
  2. Apoias o desmantelamento da Escola Pública, a privatização de escolas e universidades. Está no programa do Chega. Sim, também estás a votar nisso.
  3. Apoias um partido que quer castração química de pedófilos, apesar de ter proposto, no ano passado, a descriminalização de abusos sexuais a crianças entre os 14 e os 18. Os pedófilos podem ficar sem tesão, mas poderão sempre abusar daquela miúda de 15 anos, que parece ter 20, sem que ninguém se possa chatear por isso. Sim, também estás a votar nisso.
  4. Apoias um candidato que vê com bons olhos que se cortem as mãos aos ladrões, o que é óptimo para os apreciadores da Idade Média e dos maravilhosos regimes totalitários do Médio Oriente, aqueles que financiam terroristas com bombas e tal. Sim, também estás a votar nisso.
  5. Apoias um partido onde existe quem defenda remoção compulsiva de ovários para mulheres que decidam abortar, o que também é espectacular, porque o sexo é só para reprodução e há que castigar essas galdérias que decidem abortar. Lembra-te, contudo, que a próxima proposta poderá passar por te arrancar os tomates pelo mesmo motivo. Sim, também estás a votar nisso.
  6. Apoias um candidato financiado por César DePaço, um português que foi acusado de furto qualificado pela justiça portuguesa e fugiu para os EUA até o crime prescrever. Sim, também estás a votar nisso.
  7. Apoias um candidato que quer acabar com quem anda “a mamar”, mas que não tem tomates para abrir o bico sobre as dívidas do seu amigo Luís Filipe Vieira, top 3 dos maiores caloteiros deste país. Sim, também estás a votar nisso.
  8. Apoias um candidato que fala em 20 ou 30 pedidos anuais de asilo de migrantes do norte de África e do Médio Oriente, como se de uma invasão de milhares se tratasse, não porque seja verdade, mas porque precisa de um inimigo comum para mobilizar pelo medo. Se não forem os migrantes são os ciganos, os negros, as feministas, os gays, a esquerda ou a comunicação social. Apoias, no fundo, um candidato que recuperou a velha técnica de dividir para reinar, que, como sabes, funcionou maravilhosamente com Adolf Hitler. Sim, também estás a votar nisso.
  9. Apoias um candidato que quer confinar uma etnia, censurar o Twitter e derrubar a ordem constitucional. Lembra-te que hoje são os ciganos, o Twitter e a Constituição, amanhã és tu, o Facebook e todos os teus direitos fundamentais, que isto tem que ser uns de cada vez. Sim, também estás a votar nisso.
  10. Apoias um candidato que se diz escolhido por Deus. Se és católico, a heresia em si deveria ser suficiente para te afastares deste aldrabão. Se não és, devias fazê-lo por gozar com a tua inteligência. Sim, também estás a votar nisso.
  11. Apoias um candidato que elogia o salazarismo, que recrutou altos quadros do partido em movimentos neo-nazis, e que tem, dentro de portas, condenados por crimes violentos. Se gostas de ditaduras de extrema-direita, estás no bom caminho. Se vais dizer que também não gostas de ditaduras de extrema-esquerda, digo-te o seguinte: eu também não. Mas o teu whataboutism não vai mudar a realidade. Sim, também estás a votar nisso.
  12. Voltando à comunicação social, que foi quem deu palco a André Ventura e lhe permitiu crescer, caso contrário ainda não tinha saído do PSD, importa sublinhar que apoias um candidato cujo director de campanha classificou a imprensa de inimiga do Chega, na mesma noite em que militantes do Chega vandalizaram uma viatura da RTP. Apoias, no fundo, o regresso da censura e o controle da comunicação social pelo regime, não muito diferente daquilo que faz Nicolás Maduro. Sim, também estás a votar nisso.
  13. Apoias um candidato que tentou convencer o país que metade do país trabalha para sustentar a outra metade. E, perdoa-me a franqueza, e a incorrecção política, mas é preciso ser um bocado alheado da realidade para comer um absurdo destes. Sim, também estás a votar nisso.
  14. Apoias um candidato que ajudou milionários a fugir aos impostos, como o antigo patrão de José Sócrates, Lalanda e Castro, que, com o inestimável contributo de André Ventura, escapou ao pagamento de 1 milhão de euros de IVA. Sim, também estás a votar nisso.
  15. Apoias também um candidato que quer que os ricos paguem menos impostos e que os pobres paguem mais. Repito: mais impostos para os mais pobres, menos impostos para os mais ricos. Ou tu achas que a elite que o apoia e financia o faz porque gosta muito dos seus lindos olhos? Sim, também estás a votar nisso.
  16. Apoias um candidato que quer acabar com os sindicatos. Incluindo os afectos às forças de segurança. Se achas que isto não tem importância, perde cinco minutos da tua vida a investigar a luta que os nossos polícias tiveram pela frente para o conseguir. Ou vê o testemunho do PSP reformado que está na origem do Movimento Zero, que se ofereceu para a segurança pessoal de André Ventura, achando que o deputado o defendia, até ler o programa do Chega e descobrir que o objectivo é acabar com o sindicato pelo qual lutou. Sim, também estás a votar nisso.
  17. Ainda sobre a polícia, essa grande bandeira do Chega, importa recordar que apoias o candidato que não só quer acabar com os sindicatos das forças de segurança, como quer privatizar a Saúde e a Educação. Com os salários que recebem, como irão os policias pagar por Saúde ou pela Educação dos seus filhos, mais ainda quando André Ventura quer acabar com a organização sindical que defende os seus direitos? Sim, pessoa que está a pensar votar no Chega: o Ventura está-se a cagar para os polícias, que, para ele, não passam de um meio para atingir um fim. Sim, também estás a votar nisso.
  18. Apoias um candidato que faz do securitarismo uma bandeira, apesar de vivermos num dos paises mais seguros e com taxas de criminalidade violenta mais baixas do mundo. Lamento, uma vez mais, mas é preciso comer muito sono para engolir esta merda sem mastigar. Sim, também estás a votar nisso.
  19. Apoias um candidato que se diz anti-corrupção e anti-sistema, mas que é dos poucos deputados actualmente sob investigação da Polícia Judiciária, pela alegada contratação de um assessor fantasma. Que tem na cúpula do partido malta ligada ao escândalo BES, aos Panama Papers, a contratos milionários com o Estado, por ajuste directo, e aos mais variados esquemas de evasão fiscal. Que faz reuniões exclusivas, nos melhores hotéis do país, com a nata empresarial e financeira que vive às custas dos teus impostos. Anti-sistema é o Tino de Rans. O Ventura é o sistema, versão salazarismo evangélico. Sim, também estás a votar nisso.
  20. Apoias um candidato que passa a vida a falar sobre aqueles que andam a mamar e que tem, nada mais, nada menos que seis assessores. Seis.
  21. Apoias um candidato que, sobre a corrupção, limita o seu discurso a Sócrates e ao PS. Quantas vezes ouviste André Ventura a falar em grandes casos de corrupção, tráfico de influências ou evasão fiscal, como Monte Branco, Operação Tutti Frutti, Panama Papers ou todos os casos que envolvem o Benfica? Pois foi, ouviste zero. Sim, também estás a votar nisso.
  22. Apoias um candidato que, antes de chegar ao Parlamento, fez campanha contra os deputados que não exerciam a função em exclusividade. E que garantiu que abandonaria todas as outras funções no dia que fosse eleito. E que demorou quase dois anos a cumprir, sendo a empresa onde ajudava milionários a fugir aos impostos, com o conhecimento adquirido nos seus anos na Autoridade Tributária, foi a última que abandonou. Haverá algo mais anti-sistema que ajudar milionários a fugir aos impostos através de paraísos fiscais? Sim, também estás a votar nisso.
  23. Apoias um candidato que, no ano passado, quando o Parlamento votou propostas para agravar penas para criminalidade fiscal e financiamento ao terrorismo, se teve que ausentar do Parlamento. Muito conveniente, não achas? Sim, também estás a votar nisso.
  24. Apoias, aliás, um candidato que passa a vida a faltar ao trabalho, para andar na rua a mandar trabalhar os outros. Sim, também estás a votar nisso.
  25. Apoias um candidato que idolatra Bolsonaro e Trump, o autor moral do atentado terrorista contra o Capitólio, e cujos aliados internacionais são Marine Le Pen, do partido que odeia as centenas de milhares de emigrantes portugueses, chegando mesmo a ameaça-los de morte, e Matteo Salvini, conhecido por ser um fanboy facho de Vladimir Putin (tal como Marine) e de Santiago Abascal, o franquista espanhol. Sabem o que têm em comum todas estas pessoas, para além de beijarem o anel ao Putin? Odeiam a democracia e as instituições que fizeram da Europa o espaço mais próspero do planeta. Sim, também estás a votar nisso.

Era isto, cara pessoa que ainda pondera votar André Ventura. E, antes que digas que os outros são iguais, reflecte sobre isto: se são todos iguais, porque é que escolhes aquele com a agenda mais violenta, o que te quer tirar mais direitos e liberdades e o único determinado em reinstalar uma ditadura?

Pensa nisso. E lembra-te que hoje são os ciganos, os gays e as feministas, amanhã podes muito bem ser tu. E não te esqueças da caneta quando fores votar.

Um sapo para o Chega

CH

Eis o sapo que os adeptos do Chega se preparam para engolir, após terem lido a reportagem da Visão e descoberto que o seu herói anti-sistema e anti-elite se reúne com o sistema no nada elitista Hotel Palácio, no Estoril, de onde regressa cheio de dinheiro e apoios de banqueiros e empresários do sistema, alguns deles com passado ligado a instituições tão nobres como o BES.

Chega de quê?

André Ventura ARRASA LIBERDADE DE EXPRESSÃO e PROMETE CENSURA nas redes sociais

AV

Se for eleito, André Ventura promete acabar com a “bandalheira” que é o Twitter. Uma bandalheira onde Ventura chafurda diariamente, como tantos porcos fascistas, e que o deputado de extrema-direita pretende monitorizar a censurar, caso vença as próximas Legislativas. Está ficar crescido, este aspirante a Estaline. Será que já começou a apagar os dissidentes das fotos?

Sem surpresas, André Ventura continua a imitar as piores práticas de Donald Trump, referência máxima dos neofascistas portugueses, a par de Salazar, Bolsonaro e Hitler. Apesar de inexistente no panorama político internacional, Ventura sonha já com o fact checker do Twitter, a sinalizar as fake news que debita diariamente, no processo contínuo de tratar os chegófilos como otários acéfalos, o que, em bom rigor, não anda muito longe da verdade. [Read more…]

Por favor, não matem os velhinhos (a menos que a “economia” exija o seu sacrifício)

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Rodrigo Constantino é um dos opinion makers mais influentes e seguidos do Brasil. Apresenta-se como “Economista, jornalista, liberal com viés conservador contra extremistas de todos os lados“, e é um dos mais fervorosos apoiantes de Jair Bolsonaro nas redes sociais. O debate político no Brasil atingiu um patamar de surrealidade tal, que um tipo que se assume “contra extremistas de todos os lados”, pode apoiar um extremista como Bolsonaro, sem se transformar numa anedota nacional.

Segundo este jornalista, em suma e sem perder muito tempo, os idosos devem estar preparados para se oferecer em sacrifício pela economia, tal como os jovens de 20 anos que vão para a guerra, como se a esses jovens fosse dada a possibilidade de escolher. No fundo, é aquilo que defendem inúmeros políticos conservadores e liberais, no Brasil, nos EUA e noutros pontos do globo, apesar da hipocrisia compulsiva que não lhes permite verbalizar que o modelo de sociedade que realmente defendem é o que melhor serve os interesses da elite económica e financeira, com a qual, regra geral, andam de mão dada. Morra quem tiver que morrer. [Read more…]

Precário para canhão

CH

Dificilmente seria possível encontrar uma imagem que melhor ilustrasse a ignorância que alimenta André Ventura, o Chega e o neofascismo em geral. Um estafeta de uma Uber Eats desta vida, precário e explorado, faz publicidade gratuita a um partido que advoga o aprofundamento da precarização e a desregulamentação do mercado de trabalho, sem falar nas borlas fiscais que defende para milionários. Se não é ignorância, é masoquismo. Ou, como li por aí algures, mais um “cão de guarda” da elite, que ladra para a proteger mas continua a comer restos e a dormir na rua. É triste. E é também por isso que combater a extrema-direita e a sua narrativa, todos os dias, é cada vez mais um imperativo moral.

O povo é quem mais ordena?

Lamento arruinar o clima sempre festivo de mais um 25 de Abril, mas o povo não é – nunca foi – quem mais ordena. A cantiga é bonita e inspiradora, arrepia-me porque me transporta para um importante e decisivo momento que, infelizmente, não vivi, mas não passa de um belo verso de um ainda melhor poema.

Não é minha intenção negar as conquistas de Abril. Elas aconteceram, mudaram este país para melhor, libertaram-nos da opressão de um regime desprezível e temos hoje à nossa disposição um conjunto de escolhas e possibilidades que antes nos estavam vedadas. Vedadas ao povo, claro, que às elites económicas e outros aristocratas que gravitavam em torno do salazarismo nunca nada faltou, os não vivessem eles na exacta mesma promiscuidade público-privada da qual ainda hoje nos queixamos. Poucas coisas são tão portuguesas como o compadrio, a corrupção e o tráfico de influências.

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Vistos Gold: a elite que flutua acima dos comuns mortais que vão presos por roubar mercearias em supermercados

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Fotografia: Mário Cruz/Lusa

Durante as alegações finais do julgamento de António Figueiredo, antigo presidente do Instituto dos Registos e Notariado, preso desde 2014 no âmbito do caso Vistos Gold e acusado dos crimes de corrupção passiva, peculato, branqueamento de capitais e tráfico de influência, o conhecido advogado Rogério Alves, citado pelo jornal Público, alegou que Figueiredo não devia sequer ser condenado por tráfico de influência na medida em que era “incapaz de dizer que não” aos pedidos que recebia, viessem eles de onde viessem. [Read more…]

O saque

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Habitam em Portugal cerca de 10 milhões de portugueses, dos quais perto de 44 mil, 0,44% da população portanto, serão abrangidos pelo perigoso e totalitário imposto da comandante-ministra-das-finanças-sombra-fetiche-da-direita-radical-trotskista-leninista-chavista Mariana Mortágua, que segundo uma série de fanáticos da seita neoliberal, coadjuvados por um pequeno exército de indivíduos que, nas redes sociais, espalha o pânico e a indignação com histórias emocionantes que parecem retiradas da revista Maria, manipulando, sabe-se lá a mando de quem, alguns milhares de portugueses, será o fim do rectângulo à beira-mar plantado. Porquê? Ninguém sabe. Deve ser pelo mesmo motivo que os juros da dívida não parariam de subir, que o desemprego não pararia de aumentar, que a UE aplicaria sanções a Portugal, que o défice haveria de subir para os 6 ou 7% ou que as agências de rating não perdoariam as heresias da Geringonça. Não há seitas sem profecias da desgraça. O suicídio colectivo, já terá data marcada? Já se faz tarde. [Read more…]

Ecos de mudança

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Enquanto a sociedade portuguesa se mantém fiel ao cancioneiro “hooliganista” que educadamente nos relembra a adaptação futebolística desses tão nossos “brandos costumes” – “levais no cu e não dais luta” – em Espanha e na Grécia os movimentos anti-sistémicos avançam e posicionam-se na pole position para as próximas legislativas. Se já não era novidade que o fenómeno Podemos lidera as intenções de voto no país vizinho, na Grécia cozinha-se uma autêntica revolução no sistema político com o Syriza a ombrear com o bloco central grego na disputa das próximas legislativas, antecipadas para 25 de Janeiro.

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2 000 pessoas controlam o país !

O Prof António Hespanha, ontem no Prós e Contras disse alguma coisa que todos vêm mas nem todos têm a coragem de dizer. Há uma elite , no país, que passa do governo para as empresas públicas, destas para as privadas e destas novamente para o governo e do governo para os bancos, num circuíto fechado e de janelas nada transparentes.

Serão duas mil pessoas entre políticos, gestores de empresas, banqueiros, empresários que tudo controlam e tudo decidem sempre tendo como objectivo a manutenção do poder. Entre eles contam-se tambem os comentadores encartados que circulam à vez pelas televisões e pelos jornais e que se encarregam de fazer a agenda pública, encobrindo o que não interessa e destacando o que serve à minoria dominante.

Esta elite coloca nos lugares  essenciais gente da sua confiança que trabalha na sombra fazendo o trabalho “sujo”, sendo pagos milionariamente, como ficou às claras agora com os recentes casos vindos a público, em especial a Face Oculta. Se a coisa corre mal, ninguem conhece ninguem, são amigos mas só se falaram muito raramente e sobre o assunto em questão, nunca. As escutas não são prova, os lugares que ocupam tambem não, os vencimentos milionários ainda menos, as nomeações só por acaso é que recaem nos boys do mesmo partido.

É neste abraço de gibóia em que estamos metidos que aperta cada vez mais, que transformou este país no mais pobre da UE e no mais injusto, e o que é mais irónico é que foi pela mão de um partido que se diz socialista e de outro que se diz social-democrata!