Educação Especial: 5 760 professores para 78 763 alunos

Nos últimos anos, o governo tem apontado a baixa da natalidade e a diminuição do número de alunos como razões para o despedimento de cerca de 40000 professores nos últimos quatro anos. Mesmo sabendo que as verdadeiras razões são outras, note-se, ainda assim, a contradição: o número de alunos com necessidades educativas especiais aumentou (mais 70% do que em 2011), enquanto o número de professores da área se manteve o mesmo.

Ainda assim, porque há gente para tudo, poder-se-ia pensar que o número de professores seria suficiente para cobrir as necessidades. A reportagem do Jornal de Notícias de ontem, contudo, mostra que há alunos que, graças à falta de recursos humanos, só têm direito a meia hora de apoio por semana, o que pode ter efeitos devastadores e irremediáveis na recuperação/evolução dos alunos em causa. Nada de novo: temos um governo que não cumpre o dever de contribuir para que os cidadãos mais frágeis sejam ajudados, preferindo a lei da selva à mais elementar humanidade.

Vivemos num mundo em que se exibem números. Juntem-se, então, mais alguns e repitam-se outros: em Portugal, no século XXI, em quarenta anos de democracia, há 5760 professores para 78763 alunos com necessidades educativas especiais, o que leva a que alguns destes tenham apenas meia hora de apoio por semana.

Nunca mais acaba o início do ano lectivo

Escolas continuam sem docentes de educação especial mas há 3560 disponíveis

O ministro da Educação-mercadoria

Santana Castilho*

As coreografias políticas de inferior qualidade, geradas pela irresponsabilidade de Gaspar, Portas, Passos e Cavaco, varreram o importante sério em função do urgente falso. O país viveu as últimas semanas à espera da salvação e acabou condenado. Os pequenos delinquentes políticos foram premiados. Tudo voltou ao princípio. Os mesmos de sempre ficaram satisfeitos. Passos Coelho, qual garoto a quem perdoaram a última traquinice, retomou a sua natureza profunda. Foi escasso o tempo necessário para o ouvir recuperar o discurso de ódio à Constituição e aos funcionários públicos. Sem vergonha, resgatou a União Nacional.

Com tal e eloquente fundo, surpreendem os dias de desespero que Nuno Crato vem laboriosamente oferecendo aos professores e à escola pública? Só a quem tem memória curta. E são, infelizmente, muitos. Atropelam-se os exemplos.

1. Repito o que já escrevi: não houve nem há qualquer concurso nacional de professores. Houve, e continua a haver, um enorme logro. [Read more…]

a (des)igualdade da criança

menina pobre, desigual e doente

O estatuto socioeconómico dos pais é determinante do incremento da (des) igualdade fisiológica das crianças denominadas de educação integrada ou especial.

Parece-me evidente que, ao falarmos em criança, estamos a pensar num ser humano novo, rechonchudo, de riso aberto, olhos azuis, cabelo encaracolado, impossível de atingir na sua rápida corrida. Ou, num pequeno que adora esconder-se dos adultos, ouve histórias lidas à noite, sabe contar contos e é espontâneo para colocar os seus braços em redor do nosso pescoço. Ou nessa pequena menina que brinca a ser mãe e canta às suas bonecas, as suas preferidas canções de embalar. O mundo ideal, do tipo Huxley. Mundo ideal que raramente acontece, na vida real. Ou, por outra, verdade que atribuo mas não concerta com o mundo material.

Porque esses olhos azuis podem não ver e perguntar aos seus ascendentes como é que é…tudo. Porque essas orelhas cor-de-rosa, podem não ouvir. Porque essa boca de

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